Representação em frases

Montes Velhos, excerto 30

LocalidadeMontes Velhos (Aljustrel, Beja)
AssuntoO moinho, a farinha e a panificação
Informante(s) Herodiano Iria

Texto: -


[1]
INF1 Cevada?
[2]
Para efeitos de quê?
[3]
Pão?
[4]
INF1 Para efeitos, cevada branca, também.
[5]
Também.
[6]
Cevada branca, também se fazia pão.
[7]
[vocalização] Fazia
[8]
e hoje não sei
[9]
Ele também deixaram muito, e coiso.
[10]
Mas houve altura até que a gente era obrigados.
[11]
Eu ainda tive uma altura, quando trabalhava nos moinhos e moagens e coisas dessas, era tudo obrigado
[12]
Chamava-se a isso a mistura.
[13]
Tinha que se fazer mistura.
[14]
Era obrigado.
[15]
Em cada cem quilos, tinha que se meter, por exemplo, dez por cento, ou de milho, ou de cevada branca.
[16]
Era obrigado.
[17]
Vocês não são desse tempo.
[18]
Foi numa altura em que houve racionamento.
[19]
Estava tudo racionado,
[20]
vocês devem vocês devem ter ouvido falar nisso.
[21]
INF1 Era tudo racionado.
[22]
Era por meio dum livro.
[23]
Tínhamos Toda a casa tinha um livrinho, e coisa.
[24]
E havia uma casa onde a gente ia dar contas,
[25]
chamava-se a Comissão Reguladora.
[26]
E [vocalização] depois vinha.
[27]
A casa tinha direito por semana a [vocalização] meio quilo de açúcar conforme as pessoas que tinha , [vocalização] a dez quilos de farinha, [vocalização] a meio quilo de massa, [vocalização] a um pacote de arroz. Tinha umas coisas, havia
[28]
INF2 Um pacote, não.
[29]
Nesse tempo nem sequer era paco- pacote.
[30]
INF1 Nesse tempo, não não havia pacote.
[31]
Era duzentas e cinquenta ou meio quilo de arroz.
[32]
INF2 Duzentas e cinquenta.
[33]
INF1 Pois, houve um tempo desses.
[34]
Eu apanhei esse tempo.
[35]
INF2 Era um tempo que se vendia tudo avulso.
[36]
Agora não.
[37]
INF1 Tudo avulso.
[38]
INF1 Ainda apanhei esse tempo, o tempo do racionamento.
[39]
INF2 Hoje é tudo empacotado
[40]
e é tudo pacotes é de quilo.
[41]
INF1 Era tudo racionado, tudo, tudo, tudo, tudo.
[42]
Pois.

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