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Ribeira Seca, excerto 14

LocationRibeira Seca (Calheta, Angra do Heroísmo)
SubjectNão aplicável
Informant(s) Idalinda
SurveyALEPG
Survey year1995
Interviewer(s)Gabriela Vitorino João Saramago
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMélanie Pereira
LemmatizationDiana Reis

Text: -


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[1]
Mataram-no.
[2]
INF Nem sequer foi
[3]
Não Não foi morte natural,
[4]
mataram-no.
[5]
Apareceu morto.
[6]
INF Não se sabe.
[7]
Ainda andaram para saber quem é que tinha sido e quem não,
[8]
mas não
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Era um desgraçado, coitado!
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Não tinha ninguém.
[11]
INF Era.
[12]
E era muito boa pessoa.
[13]
Não era pessoa de fazer mal nenhum a ninguém e ninguém.
[14]
E havia um também ali no lado da Calheta que se chamavam o Heraldo.
[15]
Ah, que ele Aquele também tocava e e mandava e cantava que consolava!
[16]
Eu uma vez estava na sociedade
[17]
Nosso Senhor Jesus Cristo se esqueça por mor de eu nem sequer a ver ali na televisão
[18]
porque eles vão conhecer a minha voz.
[19]
INF Ele estava Ele estava uma vez na sociedade
[20]
e o meu pai era amigo de beber uns copinhos.
[21]
E eu fui mais ele.
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As minhas irmãs nem por isso gostavam de ir.
[23]
Mas eu ia então sempre mais ele, quer ele tivesse bebido, quer não tivesse eu à-.
[24]
Muitas vezes eu estava na cama
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e levantava-me para ir mais o meu pai.
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INF Ele chegava,
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ele dizia: "Ó Idalinda, não queres ir ao baile"?
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Eu dizia: "Quero,
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pois eu mesmo não tenho sono,
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eu quero ir".
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Mas eu não dormia para ver se ele chegava para ver se eu ia ao baile.
[32]
E [vocalização] E fomos para o baile,
[33]
e estava esse tal Heraldo.
[34]
Também enforcou-se.
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INF Ele então mesmo é que se enforcou.
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E ele tinha uma bebidinha,
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mas não era muito.
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E ele foi pedir umas quantas pessoas para, umas quantas raparigas para ir bailar
[39]
e ninguém quis ir com ele.
[40]
INF Porque como ele tinha uma bebidinha, como era assim [vocalização], coitado, mais um pobre, não [pausa] quiseram ir com ele.
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E o meu pai, foi ele acho que foi para a cozinha.
[42]
E eu, se sabe, estava fora no salão, não sei.
[43]
Mas julgo que ele que foi para a cozinha
[44]
e disse que não ia bailar,
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não ia mandar o baile,
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porque não tinha quem fosse com ele.
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E ele E o meu pai disse: "Anda
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que tu tens um par para ires".
[49]
E eles O meu pai chegou com ele ao de mim,
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e disse: "Vai bailar com este senhor".
[51]
Eu disse: "Por qual a razão não hei-de ir?
[52]
Ele é um homem como outro qualquer".
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E levantei-me
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e, e e pus-me ali à frente dele.
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Porque a gente sabe
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quando vai bailar, vai
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INF Olha, fui.
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E depois o meu o meu pai então é que disse.
[59]
Ele disse que ele foi dentro dizer que não ia porque ele disse a umas quantas
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Foi verdade que eu vi ele dizer a umas quantas
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e nenhuma quis ir com ele, como ele tinha [vocalização] uma coisa de bebida.
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Mas olha, ele mandou-a
[63]
e cantou-a
[64]
e bailou-a, o mesmo que nada o mesmo que não tivesse bebida nenhuma.
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À [vocalização] Portou-se melhor do que outros que estivessem .
[66]
INF E olhe, [vocalização] ainda depois de ele bailar esse baile, ele veio-me pedir para eu ir dançar mais ele,
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e eu fui.
[68]
E ele dançou e cantou-a mais eu
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Eu não cantei.
[70]
Mas Não cantei porque não quis
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porque eu também sabia cantar.
[72]
Eu naquele tempo sabia cantar.
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Hoje em dia não sei,
[74]
mas naquele tempo sabia.
[75]
INF Mas não cantei porque eu não quis.
[76]
Mas ele dançar, ele dançava que ele consolava!
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Era tão leve no dançar, tão leve,
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aquilo era um pezinho levinho que aquilo consolava!

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