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Ribeira Seca, excerto 23

LocalidadeRibeira Seca (Calheta, Angra do Heroísmo)
AssuntoO porco e a matança
Informante(s) Idalinda

Text: -


[1]
INF As lavaduras.
[2]
[vocalização] Agora nem por isso eles usam tanto a lavadura porque muito almeice, muito [nome], muita coisa.
[3]
INF Almeice é do [vocalização] de fazer o queijo.
[4]
[vocalização] Fazem Levam o leite para a fábrica
[5]
e depois fazem o queijo,
[6]
trazem o almeice,
[7]
repartem por a [vocalização] por as pessoas que vendem leite.
[8]
INF É, sim senhora.
[9]
E [vocalização] depois então deitam uma aos porcos.
[10]
Hoje em dia, quase todos, deitam [nome] e milho.
[11]
[vocalização] Não,
[12]
lavaduras, nem por isso ajuntam.
[13]
Mas a gente antigamente era lavaduras [vocalização] e couves cozidas, como as que tenho ali
[14]
Cozia-se couves,
[15]
ia-se ao jarro como o meu marido disse ontem que íamos ao jarro para deitar e [vocalização] assim com
[16]
INF Era jarros,
[17]
não era jarrocas.
[18]
Jarrocas era bom para cozer.
[19]
A gente cozia com as c- caldeado com as couves.
[20]
Por exemplo, as batatas miúdas, havia muita batata da terra,
[21]
a gente cozia aquelas mais miúdas caldeadas com aquilo.
[22]
No tempo das batatas-doces como agora neste tempo , apanhava-se batata-doce,
[23]
deitava-se então
[24]
então quando a gente estava perto de o matar,
[25]
se tinha muita, deitava mais, se tinha, e se não era perto de o matar, porque eles então se provassem batatas-doces não queriam mais nada.
[26]
INF Não queriam comida guisada, nem nada.
[27]
Eram gulosos!
[28]
INF Era,
[29]
era melhor.
[30]
Por exemplo, as batatas-doces era ali perto
[31]
Se tinham muitas, começava-se mais atrás.
[32]
Porque dantes, se matava de ano a ano, em Janeiro.
[33]
Agora matam muitos porque muito almeice, muita coisa,
[34]
e criam e matam.
[35]
[vocalização] Matam muitos por ano.
[36]
Mas a gente antigamente era um por ano.
[37]
Ele, se sabe, estava gordo;
[38]
a gente não nos servia estar a [vocalização] a botar-lhe muito cedo
[39]
A gente melhor o aguentava com comida guisada mais tempo, porque não o queríamos matar senão para Janeiro.
[40]
Ele era assim de matar ele para o fim de Dezembro, perto do Natal, entre o mês do Natal e depois em Janeiro.
[41]
Então se tínhamos uma mancheia de batata
[42]
Eu ou outra pessoa qualquer, se tinha muita batata-doce, começava-lhe, por exemplo, a deitar batata-doce
[43]
Começava a apanhar,
[44]
começava-lhe a deitar;
[45]
mas se não tinha, guardava a batata,
[46]
ia comendo comida,
[47]
porque a comida guisada faz muito bem.
[48]
Faz os porcos criarem carne.
[49]
A gente botava um punhadinho de farinha
[50]
Eu, por mim, mesmo aqui nesta casa, [vocalização] tinha uma [vocalização]
[51]
Mas tinha mais couves do que tenho,
[52]
que aquilo é para as galinhas e para e se quero fazer uma sopa,
[53]
mas eu uso pouca couve.
[54]
[vocalização] Tínhamos um canto grande de couves,
[55]
eu ia às couves
[56]
e trazia,
[57]
e botava, por exemplo, uma camada de batatas no caldeirão
[58]
e botava-lhe uns punhadinhos de farinha,
[59]
depois tornava a botar outra camada de couves, outra punhadinha de farinha.
[60]
Depois aquilo cozia,
[61]
aquilo fazia bem aos porcos!
[62]
Eles consolavam-se com aquilo
[63]
e aquilo fazia bem.
[64]
Faz criar carne aos porcos.
[65]
INF É.
[66]
Isso é que a gente diz que é: "Vamos comer guisa- Vamos guisar comida para os porcos".
[67]
E se eles, por exemplo, não comiam as batatas da terra, as cascas, a gente ajuntava-as,
[68]
depois quando cozia as couves, caldeava as b- as cascas das batatas
[69]
e eles comiam.
[70]
E era assim que a gente engordava os porcos,
[71]
era assim.
[72]
Agora, sabe, hoje não em dia não trabalho porque aquilo é [vocalização], é é almeice.
[73]
Deitam-lhe almeice.
[74]
Chega-se agora a este tempo,
[75]
a fábrica ele as vacas dão pouco leite
[76]
e isso começam a matar neles.
[77]
Ele quase todos os dias matanças.
[78]
Por aqui e por ali, matanças.
[79]
INF É.
[80]
matan-.
[81]
Hoje não fazem matanças como a gente fazia antigamente,
[82]
porque matam muitos,
[83]
não não fazem.
[84]
Antigamente fazia-se muito as matanças.

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