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Covo, excerto 24

LocalidadeCovo (Vale de Cambra, Aveiro)
AssuntoNão aplicável
Informante(s) Arquibaldo Bigail

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[1]
INF1 Olhe, eu uma vez fui à à coisa fui à [vocalização] .
[2]
Então, ele comprava-se ovelhas.
[3]
Íamos ele ali ao Castro de Aire [pausa]
[4]
não sei se as senhoras sabe o que são?
[5]
INF2 Ao Castro, pois.
[6]
INF1 A [vocalização] A Castro
[7]
de Aire e eu fui mais o Asdrúbal a [vocalização] comprar
[8]
O animal compra-se-lo
[9]
conheces o Bernardino?
[10]
INF2 Sei,
[11]
sei.
[12]
As senhoras não o conhecem
[13]
mas a gente aqui conhece.
[14]
INF1 Fomos comprar ovelhas.
[15]
Eu Ele não tinha nenhumas
[16]
e fui comprar umas ovelhas.
[17]
Fui comprar umas ovelhas a mais ele
[18]
e tudo correu bem.
[19]
Viemos, saímos de ,
[20]
ch- viemos ficar a Reiriz.
[21]
Chegamos a uma loja,
[22]
nem tinha pão, nem
[23]
tinha figos!
[24]
E nós mortos de fome!
[25]
Diz o homem assim
[26]
Ele pediu o [nome] para guardar o gado;
[27]
trazíamos algumas cinquenta reses,
[28]
e era ovelhas.
[29]
Diz ele assim: "E agora"?
[30]
O outro para mim: "E agora"?
[31]
Diz ele: "Ó senhor, ai"
[32]
diz ele "ele não u- uma corte" aqui é um curral; noutro lado é umas cortes é um "para meter o gado"?
[33]
Diz ele: " aqui".
[34]
Mas a gente duvidou duns gajos que estavam.
[35]
INF1 Duvidou.
[36]
INF2 Duns que estavam.
[37]
INF1 E Que eles era a conversar uns com os outros, e a conversar e a tudo
[38]
INF2 Que às vezes podiam roubar o gado de noite.
[39]
INF1 Até podiam nos roubar o gado.
[40]
E era muito dinheiro que a gente trazia.
[41]
INF2 É!
[42]
INF1 E depois fomos ficar [pausa] ao curral onde ficou o gado.
[43]
Saímos de manhã cedo.
[44]
Olhe, comemos às para às duas horas da tarde
[45]
e comemos ao outro dia [pausa] para às dez horas do dia, ou onze horas.
[46]
Viemos ficar à Macieira.
[47]
Viemos ficar
[48]
INF2 Às Macieiras.
[49]
INF1 À Macieira, à Macieira.
[50]
Não é Macieiras.
[51]
É a Macieira.
[52]
INF2 Sim.
[53]
INF1 Ali abaixo do São Macário.
[54]
INF2 Sei.
[55]
INF1 Ali àquele à povoação.
[56]
Mas encontra-se gente boa.
[57]
INF1 Chegamos ,
[58]
eu não podia caminhar.
[59]
Eu não podia caminhar com a fome!
[60]
E depois, chegamos , à noite,
[61]
eram ele [vocalização] umas dez horas da noite,
[62]
chegamos
[63]
Eu vinha com uma febre, com uma dor de cabeça e febre, pronto!
[64]
[vocalização] Vinha doente, pronto!
[65]
Depois digo eu assim para ele:"Olha, ficamos em qualquer sítio;
[66]
não se solta as ovelhas;
[67]
eu eu não caminho mais".
[68]
Vai,
[69]
fomos bater à porta duma pessoa, dum homem,
[70]
e ele disse: "Olhe, é que eu estou casado pouco;
[71]
não tenho roupas para vos deitar.
[72]
Olhe, a responsabilidade do gado eu tomo,
[73]
que eu meto-o onde está o meu.
[74]
Mas eu não tenho roupas para vos deitar".
[75]
INF2 Nalgum tempo havia miséria!
[76]
INF1 Diz ele assim: "Olhe" o o meu companheiro , "olhe, você fica com quinhentos escudos
[77]
e empresta-nos quatro cobertores, quatro"
[78]
[vocalização] a gente é mantas, daquelas de de
[79]
INF1 " [vocalização] Empresta-nos quatro mantas
[80]
que o meu companheiro vem doente
[81]
e está muito mal
[82]
e eu e você veja se sabe"
[83]
Diz ele assim: "Olhe, eu não posso
[84]
mas o meu irmão pode".
[85]
O homem, o rapaz depositou quatro contos
[86]
e trouxe quatro mantas.
[87]
Depositou quatro
[88]
Como fossem eles duvidar de a gente fugir com a roupa.
[89]
INF2 Então?!
[90]
INF1 Isto, ele coisas coisas
[91]
E eu sem
[92]
Ia eu sem
[93]
e ia ele sem comer!
[94]
Chega , oiçam,
[95]
diz assim: "O senhor não não tinha nada para se comer"?
[96]
Diz ele: "Não".
[97]
"Então,olhe, faça-nos [vocalização] ferver um bocadito de água e pôr-lhe açúcar" [pausa]
[98]
porque eu era para eu beber.
[99]
INF1 passei aquela noite assim
[100]
Olhe que quase dois dias sem comer.

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