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Covo, excerto 32

LocalidadeCovo (Vale de Cambra, Aveiro)
AssuntoNão aplicável
Informante(s) Arquibaldo

Text: -


[1]
INF Olhe, aqui em cima, aonde está uma cruz, foi um cunhado desta senhora que está aqui, que é o Ático
[2]
Ele quando Ele fez-se uma
[3]
Ele Ele formou-se uma trovoada muito grande!
[4]
Eu até andava com as vacas a mais um tio meu aqui nesta costeira aqui.
[5]
E depois fez-se aque- armou-se aquela trovoada.
[6]
E o rapaz andava longe, perto da Albergaria com o gado e uma irmã minha que está na Macieira e uma velhota que morreu que até era coxa duma perna ali de de Lugar e um rapaz que morreu que era que era Atilano
[7]
também era mais pequenito, mais ou menos como é este ,
[8]
e ele o rapaz era maior
[9]
tinha os dezassete anos ,
[10]
e abalou adiante:
[11]
"Txó, txó, txó, txó"!
[12]
Quando "txó, txó, txó", o gado encarreirava todo atrás daquela pessoa.
[13]
Tal e qual, tal e qual atrás daquela pessoa,
[14]
que aquilo é
[15]
Ca- Caminhava!
[16]
Tal e qual.
[17]
INF E depois o rapaz vinha,
[18]
veio aquela faísca
[19]
[pausa] matou setenta cabeças de gado donde ele estava!
[20]
E ele morreu na frente do gado tão longe como está aqui a Gabriela de mim ,
[21]
ele caiu assim [pausa] com o pauzito na mão,
[22]
o chapéu caiu
[23]
e o gado começou a morrer todo em carreira até cima.
[24]
O que estava dum alto para , não escapou uma.
[25]
O que estava do alto para trás e eles que vinham de trás, esses não morreram.
[26]
Ele escaparam.
[27]
Mas tudo o que estava do alto
[28]
Eu queria que as senhoras vissem.
[29]
É logo aqui em cima.
[30]
INF Morreu tudo!
[31]
está!
[32]
Olhe que foi em 1919 19 ou 29, não estou bem certo
[33]
INF que o rapaz morreu.
[34]
Sabe?
[35]
E aquilo morreu tudo.
[36]
Setenta cabeças de gado!
[37]
INF Porque depois até
[38]
Eu, eu era pequeno, como este,
[39]
e depois fui dos primeiros que cheguei.
[40]
Porque aquilo vinha
[41]
Depois começou a vir uma cabeça de gado, outra,
[42]
outra, outra, começou tudo a gritar.
[43]
Porque os dueiros não apareciam!
[44]
[vocalização] Ele voltámos todos a ver, eu a mais esse Beni-, Benigno esse senhor Benigno que era daqui,
[45]
metemos a Maçoiros.
[46]
Fomos os primeiros a chegar .
[47]
Chegamos ,
[48]
o rapazinho estava assim caído com o pau na mão direita, o chapéuzito assim,
[49]
e ele d- a deitar sangue pela boca, pelos ouvidos, pelo nariz, a deitar sangue,
[50]
e ele assim caídinho
[51]
e o gado todo estendido atrás:
[52]
era um para aqui, outro para acolá, todo caído.
[53]
Isso foi horrível!
[54]
Isso foi uma coisa!
[55]
INF Isso foi horrível aquela aquela coisa!
[56]
INF Foi uma faísca.
[57]
E o rapaz, depois não se podia pa- [vocalização]
[58]
Quando foi que ele morreu, depois quando se ele mortalhou, ia-se a pentear
[59]
e ele largava o cab- bocados de pele e de cabeça.
[60]
INF Depois nem o penteavam.
[61]
INF Queimou-o todo!
[62]
E depois a botar aqui na pelezinha dos ombros, aqui assim
[63]
Porque aquilo depois a faísca caiu
[64]
e meteu-se quase ao dele.
[65]
Olhe que o [vocalização] o pauzito que ele tinha meteu-se debaixo duma pedra e o chapéu,
[66]
tev- esteve mais de trinta anos!
[67]
[pausa] Sem apodrecer nem nada!
[68]
Faz de conta que se meteu naquela altura debaixo da pedra.

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