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Carrapatelo, excerto 45

LocationCarrapatelo (Reguengos de Monsaraz, Évora)
SubjectNão aplicável
Informant(s) Hermes
SurveyALEPG
Survey year1979
Interviewer(s)Gabriela Vitorino João Saramago
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMélanie Pereira
LemmatizationDiana Reis

Text: -


[1]
INF [vocalização] Eu, quando era novo, era da pinga.
[2]
INF [vocalização] Em lhe arrumando dois ou três [pausa] começava logo a cantar.
[3]
INF É,
[4]
era logo.
[5]
INF É.
[6]
Ele não se criou aqui ninguém como eu.
[7]
Não senhor!
[8]
Nem aqui perto!
[9]
Eu até em me eu pensando em eu me pondo a pensar nisso, ainda me parece que me ponho mais doente.
[10]
INF Pois.
[11]
Eu não posso pensar na minha vida.
[12]
Não senhor!
[13]
Não posso pensar na minha vida.
[14]
Eu chegava a uma parte qualquer, aonde quer,
[15]
juntava um povo de roda de mim.
[16]
É isso.
[17]
E hoje não sou nada.
[18]
Hoje não sou nada!
[19]
Onde quer juntava um povo de roda de mim!
[20]
Sim senhor!
[21]
Aqui Aqui [pausa] nunca tive grande importância.
[22]
Sempre havia pessoas a atirarem-me.
[23]
Mas em chegando a outro povo qualquer, que me conhecessem, isso, em eu chegando, armava-se logo um baile.
[24]
Logo!
[25]
Onde me conheciam, [pausa] que eu chegasse a um povo qualquer, fazia-se logo um baile.
[26]
INF Começava de cante e de baile, pronto!
[27]
Cantava noites inteiras e dias,
[28]
e não não me enfadava.
[29]
Hoje está isto muito mau.
[30]
Está muito mau!
[31]
E o que lhe hei-de fazer?
[32]
Eu não tenho remédio para isto.

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