Representação em frases

Carrapatelo, excerto 48

LocalidadeCarrapatelo (Reguengos de Monsaraz, Évora)
AssuntoNão aplicável
Informante(s) Hermes
InquéritoALEPG
Ano do inquérito1979
Inquiridor(es)João Saramago
TranscriçãoSandra Pereira
RevisãoAna Maria Martins
Anotação POSSandra Pereira
Anotação sintáticaMélanie Pereira
LematizaçãoDiana Reis

Texto: -


[1]
INF Era a erva com o trigo
[2]
e era esta.
[3]
Da agricultura, parece-me que não tenho mais a este fim.
[4]
Parece-me que não tenho mais a este fim.
[5]
Pois.
[6]
INF Pois,
[7]
era quando estava sozinho,
[8]
fazia estes versos,
[9]
ia escrevendo
[10]
e depois decorava.
[11]
Ia fazendo os versos, e escrevendo,
[12]
em chegando ao fim da conversa, parava.
[13]
E depois estudava aquilo,
[14]
decorava-os.
[15]
INF Não,
[16]
lembrava-me em toda a parte.
[17]
Porque eu em me lembrando do primeiro verso eu estudava o cante com o primeiro verso , em me lembrando do primeiro verso, lembrava-me logo do cante.
[18]
Pois.
[19]
De maneiras que
[20]
INF Essa da erva com o trigo foi uma conversa com um tipo de .
[21]
Andava mirando uma seara
[22]
e esse ano chovia muito
[23]
e [vocalização] e tinha a seara abafada de erva.
[24]
E ele andava estava zangado com a erva que que lhe estava dando cabo da seara,
[25]
e eu ia passando,
[26]
digo:
[27]
"Então, estás zangado porquê"?
[28]
"Ah, não vês isto?!
[29]
É que eu tenho o trigo abafado em erva,
[30]
nem colho daqui nada", e isto, e aquilo, a pelejar a vida dele, coitado.
[31]
"Para que será este enredo da erva"?
[32]
Eu disse:
[33]
"A erva também faz falta, homem"!
[34]
"Há-de ter que ver a erva, a falta que faz"!
[35]
E depois abalei com a vaca,
[36]
cheguei ,
[37]
comecei a escrever isso.
[38]
[vocalização] Comecei a falar:
[39]
primeiro foi,
[40]
eu fiz a conversa dele, que era ele a dizer mal da erva,
[41]
e depois fiz a conversa da erva a dizer que, que também que dava resultado.
[42]
Pois.

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