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Vila do Corvo, excerto 65

LocalidadeVila do Corvo (Corvo, Horta)
AssuntoA agricultura
Informante(s) Feliciano

Text: -


[1]
INF O lavrador.
[2]
INF Talvez em tempos lavravam.
[3]
[pausa] Mas em meu tempo não.
[4]
Eu via [vocalização] a [vocalização] minha avó que era era, era
[5]
[pausa] Eu agora não sei qual era.
[6]
Não sei se era a avó daqui do Flamínio, se era a avó do, do, do do Flamino.
[7]
Essa tia, quando queriam semear junça
[8]
Também cultivavam junça, mas em meu tempo pouca.
[9]
cultivaram pouca junça, em meu tempo, aqui.
[10]
Mas antigamente trabalhavam cultivavam muita junça.
[11]
E [vocalização] E gostavam agora de ver o o reguinho da junça direito.
[12]
[pausa] Porque eu era lavrador porco;
[13]
o meu rego, ele tinha tinha cambas.
[14]
Mas diz que essa mulher que lavrava direitinho, que parecia que o rego dela que era que era feito com uma fita.
[15]
O que tinha opinião, que queria ver o rego sempre direitinho, tinha que a ir buscar para ajudar a semear a junça.
[16]
[pausa] Mas eu nunca vi mulheres lavrar aqui.
[17]
INF Olhe, chamo-lhe cambas.
[18]
INF Homem, não sei.
[19]
Mas a junça queria a terra, ele a terra a terra direita, toda à monda.
[20]
Que a terra era bem lavrada, ele ele toda à monda, tudo escolhido.
[21]
Depois é que semeavam aquilo.
[22]
Estava um lavrando
[23]
e estava outro a a deitar a junça atrás do, do do arado [pausa] para ela [pausa] ficar enterrada na terra.
[24]
Era como o milho.
[25]
A diferença que tinha é que queria mais mais semente do que o milho.
[26]
O milho quer pouca.
[27]
INF E a junça queria muita.
[28]
Mas dava muito trabalho.
[29]
INF É.
[30]
INF É.
[31]
INF Tinha.
[32]
Tinha.
[33]
Ele amadurecia agora em Outubro.
[34]
Agora aquilo dava um trabalho de levado da breca, acarearem milho dacolá de cima e a ap-, e [vocalização] e [vocalização] apanharem junça.
[35]
Era preciso ser batida numa pedra.
[36]
Depois diz que botavam aquilo num cesto, limpando como quem limpa trigo.
[37]
Estava uma mulher por baixo a a rodar aquela pedra e a terra que vinha junta com ela e então e aquilo a cair por cima dela,
[38]
ela depois vinha para casa.
[39]
INF Oh, vinha suja?!
[40]
INF Rhã-rhã.
[41]
INF Não.
[42]
Batiam-na nu- numa pedra.
[43]
Tinham uma pedra agora [pausa] assim mais ou menos, por exemplo, esta esta largura,
[44]
INF uma pedra agora ao alto na terra,
[45]
e estava agora um homem com a com a junça.
[46]
Ela ti- deitava rama desta altura, mais ou menos.
[47]
Estava com aquilo a a bater na pedra,
[48]
o grão ia caindo para baixo
[49]
e [vocalização] e estavam então rodando para trás para para dar lugar.
[50]
E levavam agora o dia agora a [vocalização] a baterem naquilo para aquele dia ir
[51]
A rama iam botando para um monte e e a junça ia para outro.
[52]
INF Limpavam-na como é que é limpo o trigo.
[53]
INF E metiam-na então nessas nessas covas [vocalização] até por adiante.
[54]
Porque no Inverno
[55]
Para o outro ano, naquele tempo é que a tinham .
[56]
INF Alguns faziam, com fome!
[57]
Mas o mais era para para alimentação dos porcos.
[58]
INF É.
[59]
INF Pois, ele era conforme conforme a falta que tinham.
[60]
INF Os que Os que tinham muita, ela estava até ao Verão;
[61]
outros que tinham mais pouca, acabavam-na mais cedo.
[62]
Era como como a falta que tinham dela.

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