Representação em frases

Vila do Corvo, excerto 75

LocalidadeVila do Corvo (Corvo, Horta)
AssuntoO cesteiro
Informante(s) Feliciano Felício
InquéritoALEPG
Ano do inquérito1979
Inquiridor(es)João Saramago
TranscriçãoSandra Pereira
RevisãoAna Maria Martins
Anotação POSSandra Pereira
Anotação sintáticaSandra Pereira Márcia Bolrinha
LematizaçãoMárcia Bolrinha

Texto: -

[1]
INF1 Não.
[2]
Cortar, [pausa] tenho cortado alguns com a minha navalha.
[3]
Ele vejo alguns cortar com tesoura.
[4]
Eu também tenho uma tesoura de cortar.
[5]
Tesoura de de podar.
[6]
INF1 Mas [vocalização] nunca utilizei para cortar o vime.
[7]
INF2 Isso não dá.
[8]
INF1 É uma navalha – navalha.
[9]
E descascar o vime é as mãos.
[10]
[pausa] No dia que que a minha mulher morreu [pausa] eu estava na numa horta ao pé de uma tua, na Cabaceira, descascando.
[11]
E eles em procura de mim aí para cima, tudo, tudo ele tapado de nevoeiro que não se via nada.
[12]
Quase que não me acharam, não contavam muito de me irem achar lá.
[13]
INF1 Ninguém sabia de mim.
[14]
INF2 "Eh, Feliciano, estás aonde"?
[15]
Quem é que ia dar com ele lá?
[16]
INF1 "Homem, hão-de dar comigo".
[17]
INF1 Estava.
[18]
[pausa] Estava [vocalização] Tudo ali orvalhou, nevoeiro, e eu lá abrigado lá [pausa] ao pé de duma pedra que estava lá, lá duma [pausa] rocha.
[19]
INF1 Estava abrigada lá,
[20]
e eu estava lá pensando que ela que já queria vir para aqui,
[21]
e estava enganado com isso.
[22]
O médico que ela diz que ela que já queria vir, que estava melhor,
[23]
[pausa] foi-se embora dum momento para o outro.

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