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Castro Laboreiro, excerto 18

LocalidadeCastro Laboreiro (Melgaço, Viana do Castelo)
AssuntoOs animais bravios
Informante(s) Alarico Albertina

Text: -


[1]
INF1 Ora bem, a raposa é um caso mui-, é um com-, caso interessante.
[2]
Olhe,, [pausa] isto [pausa] eu tinha
[3]
Nos meus tempos, [pausa] claro
[4]
[pausa] Eu, meus pais, em aquele tempo
[5]
Eu comecei a aprender a ler algo quando tinha dezoito anos que fui eu que paguei.
[6]
eu ganhava o dinheiro
[7]
e paguei eu.
[8]
E fiz depois a [vocalização] quarta classe.
[9]
Não foi muito bem feita.
[10]
Os filhos escrevem bem porque ensinei-os.
[11]
Gastei dinheiro com eles.
[12]
Mas eu depois [pausa] eu, depois, para tirar a car-
[13]
INF2 Por desgraça, por desgraça, nós, claro. Foi de A mim ensinou-me ele.
[14]
INF1 [pausa] para tirar a carta de condução, pois [vocalização], tive que fazer a quarta classe.
[15]
Naquele tempo, não davam a carta sem
[16]
Agora dão.
[17]
Mas, no meu tempo, não davam a carta sem a quarta classe.
[18]
Não sei se tem conhecimento disso.
[19]
INF1 Tem conhecimento disso?
[20]
INF1 Muito bem.
[21]
De maneira que [pausa] eu [pausa] sabia ler pouco.
[22]
É claro, aprendi com dezoito anos.
[23]
E depois, havia aqui um livro,
[24]
[pausa] havia um livro. [pausa] que lhe chamavam: "A Censura do Minho [pausa] e Verdades".
[25]
Era assim um volume grande.
[26]
[vocalização] Era Quer-se dizer, era [pausa] como [pausa] estas listas telefónicas que temos.
[27]
Sim, aqui e em e em todo o país!
[28]
Assim [vocalização] amarelas.
[29]
Mas, quer-se dizer, tinha o dobro da
[30]
INF2 Mas eram p- eram pequeninas as lis-.
[31]
Não eram assim grandes como como esses.
[32]
INF1 Ma- Era grande.
[33]
Era mais alto ca a que a que à lista telefónica.
[34]
INF2 Mas não era assim comprida.
[35]
INF1 Mas não era assim comprida,
[36]
mas era mais alto.
[37]
INF2 Pois.
[38]
INF1 Era mais alto.
[39]
INF2 Era mais alto, era.
[40]
INF1 Era um livro Era um livro porque tinha para aí esta altura.
[41]
Então, tinha muitas coisas.
[42]
Depois, aquel- Isto que está a fazer a senhora, esta interrogação e tudo, tinha .
[43]
[pausa] A raposa.
[44]
A raposa.
[45]
A fotografia da raposa.
[46]
E depois, então, por baixo da- dali, tinha assim
[47]
Ora muito bem
[48]
Então, dizia assim:
[49]
ora, isto, [pausa] é muito interessante na vida, a história da raposa.
[50]
D- Dizia o livro.
[51]
Que o meu filho, o doutor, foi o que o agarrou e não sei que caminho lhe deu ao raio do livro.
[52]
Aquilo tinha coisas muito boas.
[53]
E então, dizia assim
[54]
Porque a senhora fez-me uma pergunta: "Onde é que se ela esconde"?
[55]
E eu vou.
[56]
Que, é claro, ficou-me aquilo na cabeça:
[57]
que na vida por muitas coisas, porque a raposa é muito inteligente.
[58]
INF2 Fina, muito fina.
[59]
INF1 Porque, em qualquer parte do nosso país ou noutro lado, diz-se assim: " [vocalização] Aquele, aquele aquela é uma raposa"!
[60]
Claro, o que é que é [vocalização]?
[61]
Manhosa.
[62]
Não é?
[63]
E de maneira que, é claro, ela é muito inteligente, a raposa.
[64]
O que tem é uma coisa
[65]
É que então dizia por baixo
[66]
Ora bem, isto [pausa] isto serve [pausa] para [pausa] na vida, muitas coisas.
[67]
A raposa é muito inteligente.
[68]
Tem uma toca [pausa] é onde se ela esconde ou um buraco.
[69]
Ela se for a fugir, [vocalização] ou vai a esconde-se na toca dela ou num buraco.
[70]
Mas o que tem é uma coisa:
[71]
é que, com licença, falando [pausa] como é, tem um rabo muito comprido, a raposa.
[72]
E [pausa] tem uma coisa com ela [pausa] para o caçador.
[73]
Então, depois, [pausa] tinha o o avô [pausa] e o filho [pausa] e o neto.
[74]
E o neto, então, dizia-lhe assim: "Ó fi- Ó avô, mas como é que ela é inteligente e eu vou fazer para a caçar"?
[75]
E o pai disse-lhe para o para o filho,
[76]
diz: "Olha, fala com teu avô que ainda tem mais prática do ca que a tenho eu".
[77]
"Oh, isso é a coisa mais fácil que , filho".
[78]
Disse-lhe para o neto: "Olha, filho" ele era neto mas "isso é a coisa mais fácil que ,
[79]
mas tens que ter muito cuidado, que ela é muito inteligente.
[80]
Ela esconde-se,
[81]
mas deixa sempre um bocadinho do rabo de fora".
[82]
Não consegue porque a toca não para mais.
[83]
[pausa] Porque geralmente faz a toca [pausa] quando é na criação, aquando é pequena.
[84]
Depois, quando vai com a pressa, como ela é grande e é crescida, não para se meter [pausa] dentro tudo.
[85]
INF2 Fica o rabo de fora.
[86]
INF1 E ela esconde-se,
[87]
mas fica o rabo de fora sempre.
[88]
Que é estas coisas que com muita manha, às vezes, mas fica sempre uma ponta que eu.
[89]
É como os advogados,
[90]
têm sempre uma ponta.
[91]
Até um que faça uma morte, pois tem sempre uma maneira de
[92]
Eles procuram
[93]
INF1 procuram uma a maneira.
[94]
E então, d- dizia-lhe o [vocalização] avô para o neto,
[95]
dizia: é a coisa mais [vocalização] fácil que .
[96]
Que ela, claro, com aquela pressa que vai e é crescida, fica sempre um bocadinho de rabo de fora.

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