Representação em frases

Castro Laboreiro, excerto 43

LocalidadeCastro Laboreiro (Melgaço, Viana do Castelo)
AssuntoNão aplicável
Informante(s) Albertino Albertina

Texto: -


[1]
INF1 O tal Almerindo, quando foi da [vocalização] da república e da monarquia, tinha duas bandeiras.
[2]
Tinha a da [vocalização] monarquia
[3]
tinha a [vocalização] [pausa] e tinha a da república.
[4]
E então, depois então, claro, o tio era assim bom de levar,
[5]
mas o meu tio era duro.
[6]
Não se calava.
[7]
E dizi- dizia, então, ele assim
[8]
Pararam, [pausa]
[9]
que foram vinham os médicos,
[10]
vinha aquela gente toda, [pausa] com quatro ou cinco
[11]
INF2 Enterravam a toda a hora,
[12]
andavam
[13]
Era uma epidemia.
[14]
INF1 A toda a hora!
[15]
Não havia horas para enterrar.
[16]
Não havia horas para enterrar.
[17]
INF2 Morria em cada casa duas ou três pessoas.
[18]
Tinham que as tirar.
[19]
Não dava feito.
[20]
INF1 Não davam feito.
[21]
E [vocalização] depois, então [vocalização], claro, pôs-se a contar-lhe àqueles homens.
[22]
E tanto contou, tanto contou, que o meu tio ouviu
[23]
depois aquilo ficou gravado na história.
[24]
E depois, o meu tio tanto ouviu, tanto ouviu
[25]
Diz ele Diz-lhe ele assim: " acabou, Senhor Professor"?
[26]
"".
[27]
[vocalização] Disse: "Eu" Ele tinha um cavalo.
[28]
Claro, naquele tempo um cavalo era uma coisa
[29]
INF2 Porque não havia carros [vocalização].
[30]
INF1 É,
[31]
não havia carros.
[32]
Era uma coisa de luxo.
[33]
[pausa] " acabou, Senhor Professor"?
[34]
"".
[35]
Aqui- e- Estava a contar mentiras.
[36]
Estava [vocalização] a vender o peixe dele, mas não [vocalização]
[37]
INF2 Dizia que andava não sei quantos dias sem se deitar, e sem ir dormir à cama.
[38]
INF1 Sem se deitar, e que levava muito trabalho, e que ele e o cavalo dele que havia um mês que que não [vocalização] parara, que tal
[39]
E então, diz-lhe ele virou-se para ele,
[40]
e diz-lhe ele assim,
[41]
o meu tio diz: "Ó Senhor Professor [pausa] , acabou"?
[42]
INF2 Mas aquilo foi num enterro que estava a gente assim.
[43]
INF1 "Senhor [vocalização] Professor, agora vou falar eu.
[44]
Olhe, Senhor Professor, eu nem vou dizer ao contrário [pausa] ao que disse.
[45]
Mas vou dizer uma coisa.
[46]
O senhor podia ter dormido as noites todas, sabe?
[47]
Podia ter manda- dormido as noites todas;
[48]
e e mandava o cavalo [vocalização];
[49]
e, e e ficava tudo arrumado, Senhor Professor".
[50]
"Que diz, senhor Alfredo, tal"?
[51]
"[vocalização] Ó Senhor Professor, ó filho, isso não vai a lado nenhum, Senhor Professor.
[52]
Isso não vai a lado nenhum, Senhor Professor.
[53]
O senhor anda-se a armar em enfermeiro,
[54]
anda-se a armar [pausa] em doutor,
[55]
mas não é.
[56]
Os doutores são estes senhores
[57]
e é quem tem que frequentar aqui isto".
[58]
Que ele era regedor, naquele tempo,
[59]
e era era [vocalização]
[60]
"E mais nada, Senhor Professor".
[61]
E o professor [pausa] calou [pausa] diante deles.
[62]
Estava-lhe a vender o peixe,
[63]
mas, claro, estava ele ali, que ele, ele ele aparecia sempre.
[64]
É claro

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