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Carapacho, excerto 32

LocalidadeCarapacho (Santa Cruz da Graciosa, Angra do Heroísmo)
AssuntoNão aplicável
Informante(s) Fradesso Glória

Text: -


[1]
INF1 E a senhora sabe uma coisa?
[2]
INF2 Mas agora não.
[3]
Agora ganha-se bons dinheiros mas
[4]
INF1 Eu tive um tio um tio da minha mulher [pausa] em bem que soube que a gente tivemos a carta [pausa] de minha irmã para chamar a gente para a América
[5]
Como a minha irmã foi, eu também podia ter ido mais o meu irmão.
[6]
[pausa] Eu disse: "Olha-me isto, eu com nove filhos para a América"?!
[7]
Eu sem ter o valor dum tostão, [pausa] sem casa, sem propriedade, sem nada, coisa nenhuma de valor,
[8]
[pausa] eu para me pôr com esta família na América que o filho que eu tenho mais novinho vai fazer agora cinco anos para Ma-, para, para para Fevereiro, [pausa] o resto é tudo rapa- rapaziada grada , eu nunca mais me ponho na América com nada menos duns cento e cinquenta contos.
[9]
INF2 Agora vai-se mais fácil para .
[10]
INF1 E agora vamos
[11]
[pausa] que eu apanho uma infelicidade [pausa] que eu morro?!
[12]
Ou [vocalização] Ou [vocalização] que me falta um trabalho qualquer
[13]
Quer dizer, falta de trabalho para mim, [vocalização] não faltava,
[14]
porque eu botava-me ao primeiro que fosse, nem que fosse a limpar desse arrebouço que está.
[15]
Tudo quanto fosse preciso limpar, eu limpava.
[16]
INF1 Mas, numa comparação, Deus uma doença, numa comparação, a mim,
[17]
porque eu é que era o banqueiro,
[18]
eu é que era o chefe da navegação,
[19]
é que era o cabeça,
[20]
isso eu disse: "Eh "!
[21]
INF2 O cabeça, era, pois.
[22]
INF1 Eu é que vou trabalhar sozinho.
[23]
INF2 Nunca mais.
[24]
INF1 A mulher, se for trabalhar, têm que ficar [vocalização] os miúdos em casa.
[25]
INF2 Tem de pagar a quem
[26]
INF1 Se calha a apanhar aqui um estupor duma doença para pagar cento e cinquenta contos
[27]
INF1 Eu nunca mais me livro daqui para fora.
[28]
Vou-me embora
[29]
mas é para as para as Vergas,
[30]
que eu nunca mais me safo.
[31]
Não tenho com que pague.
[32]
E numa nação alheia [pausa] a quem é que vou mostrar cara?
[33]
[pausa] Pensei
[34]
[pausa] e fiquei assim.
[35]
Agora me me favoreceram um dinheiro, [pausa] se eu quisesse ir.
[36]
Ia sem pagar rendimento, essa coisa,
[37]
eu disse: "Não senhor".
[38]
Se eu tivesse que ver a América
[39]
Porque eu tenho um irmão na América.
[40]
[pausa] O meu irmão mais velho com [vocalização] tem cinquenta e um ano.
[41]
Eu estava na tropa quando ele foi para a América.
[42]
Se ele quisesse que eu estivesse bem, ele tinha-me posto na América,
[43]
lembra-me perfeitamente, uns vinte anos.
[44]
INF2 Meu irmão fez a chamada
[45]
Quem fez a chamada foi a minha sobrinha do lado dele,
[46]
que ele não sabia falar
[47]
INF1 Não quero saber daquela nação para nada.
[48]
Não deixo de dizer:
[49]
[pausa] hoje vive-se aqui
[50]
INF1 Podem, sim senhora.
[51]
INF2 Ele podem.
[52]
Hoje ainda podem.
[53]
INF2 Diz que vai ser proibido.
[54]
INF1 Podem.
[55]
INF1 Agora pode, como dizia o outro, estar em condição de estar proibida.
[56]
INF1 Mas eu a qualquer uma hora que queira ir para a América, estou a modo de seguir.
[57]
Tenho a carta em casa a modo de seguir.
[58]
Tenho a carta feita mais de dois anos.
[59]
Tenho a carta em casa,
[60]
estou a modo de navegar.
[61]
É chegar-me, numa comparação, a um banco, ele arranjar
[62]
Mas quem é que vai sair agora?
[63]
Homem, não quero saber disso para nada, vez nenhuma.
[64]
Mesmo a minha não tem vontade nenhuma.

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