Representação em frases

Granjal, excerto 31

LocalidadeGranjal (Sernancelhe, Viseu)
AssuntoNão aplicável
Informante(s) Ercília Emanuel Elina
InquéritoALEPG
Ano do inquérito1978
Inquiridor(es)Manuela Barros Ferreira
TranscriçãoSandra Pereira
RevisãoErnestina Carrilho
Anotação POSSandra Pereira
Anotação sintáticaMárcia Bolrinha
LematizaçãoDiana Reis

Texto: -


[1]
INF1 O marido nem andava.
[2]
Nem Andava a trabalhar fora da terra.
[3]
E eu andava muito cheiinha de febre
[4]
nunca me esta esqueceu.
[5]
A tia Engrácia Deus lhe perdoe fomos além estender um milhinho que o tínhamos da lameira
[6]
fomos estendê-lo ali à dona Estela.
[7]
E ela foi-mo ajudar a estender por me ver andar assim cheia de febre
[8]
e esse não estava, que andava a trabalhar n-.
[9]
INF2 No Eirado.
[10]
INF1 No Eirado.
[11]
E depois fui abaixo buscar uns chamicinhos
[12]
e e o Estentor foi
[13]
e tirou-mos da corda,
[14]
e levou-me a corda e a podoa e os chamicinhos.
[15]
E eu cheiinha de febre!
[16]
INF3 Aquele homem está no inferno!
[17]
INF1 Ai aquele está!
[18]
Aquele está no inferno!
[19]
INF3 Também se aquele salvou
[20]
INF1 Eu disse a podoa?
[21]
[vocalização] Ele morreu,
[22]
levou uma podoa
[23]
INF3 Esperto.
[24]
INF1 Olhe, levou uma corda
[25]
e levou uma podoa.
[26]
Eu às vezes digo para este: "Olha, a corda foi para o prenderem no inferno e a podoa foi para lhe cortar o pescoço".
[27]
INF3 Hum!
[28]
INF1 Eu tão cheiinha de febre que eu andava!
[29]
Tão doentinha, que isto muita febre!
[30]
INF3 O meu O meu Epaminondas nunca deixou ir os filhos ao minério.
[31]
INF1 A gente nem pode andar.
[32]
Cria aquelas ínguas que a senhora procurou.
[33]
E eu todinha cheiinha de ínguas, tão doentinha!
[34]
INF3 Naquela Naquela altura ali pediram-me para deixar: "Oh, deixe ir a Ester.
[35]
Deixe ir a sua Ester.
[36]
Deixe ir a Ester".
[37]
Vieram,
[38]
trouxeram muito.
[39]
Ele estava na venda: "Ai, hoje fostens ao meu filão"!
[40]
INF1 Pois, era um invejoso.
[41]
INF3 Tirou-lhe a metade.
[42]
O meu Epaminondas não a deixou mais ir.
[43]
"Se quiser arranjar a barriga que para ele furá-lo".
[44]
INF1 Pois.
[45]
E era verdade.
[46]
INF3 Não deixou mais ir a filha.
[47]
INF1 A senhora não se lembra de falar no minério, pois não?
[48]
Falarem no minério muito assim?
[49]
INF2 Lembra-se agora!
[50]
INF1 Pois foi.
[51]
Quando começou a guerra.
[52]
Antes de
[53]
INF2 O volfrâmio.
[54]
Havia o estanho,
[55]
havia o [vocalização]
[56]
INF1 Nós and Nós andámos a tirar.
[57]
INF2 O volfrâmio era preto, e o estanho não.
[58]
INF1 Nós andámos a tirá-lo.
[59]
Olhe, foi com que comprei a minha casinha.
[60]
INF3 Oh!
[61]
Que o poupastens!
[62]
INF1 Foi com o dinheirinho que ganhei, foi.
[63]
INF3 Porque se fosse comer e beber, não o juntavens, que muitos andaram ,
[64]
não têm um tostãozinho.
[65]
INF1 Porque o poupámos,
[66]
não fizemos como os outros.
[67]
Muitos andaram [pausa] ,
[68]
não, não ficaram sem um tostão.
[69]
INF3 Pois!
[70]
INF1 Nós comprámos a casinha com ele.
[71]
E um cordão.
[72]
INF3 Pois.

Edit as listRepresentação em textoRepresentação em frases