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Granjal, excerto 36

LocalidadeGranjal (Sernancelhe, Viseu)
AssuntoNão aplicável
Informante(s) Ercília Elina Emanuel

Text: -

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[1]
e o enfermeiro disse-lhe assim: "Então, senhor Estevão, aquela senhora o que é que lhe é"?
[2]
"Olhe, não me é nada.
[3]
É minha vizinha.
[4]
É minha vizinha,
[5]
mas é muito jeitosa"…
[6]
INF2 Ora, pois, pois.
[7]
INF1 "Cura muitas Cura muitas coisas com os remédios caseiros
[8]
e aqui a [vocalização] nossa porteira lembrou-se de a cá mandar
[9]
e, olhe, estou todo satisfeito com ela!
[10]
O senhor quer ver a minha perna"?
[11]
Desembrulhou-a já toda sequinha!
[12]
Já toda…
[13]
INF3 A largar aquelas…
[14]
INF1 Aquelas peles, já tinha cortado tudo,
[15]
já estava tudo a criar coirinho,
[16]
tudo a encarnar.
[17]
E ele ficou todo satisfeito.
[18]
E depois mais tarde tornou lá a diz- ver como é que eu fazia, hã?!
[19]
Ele andava sempre a ver se me lá apanhava, a ver como é que eu fazia.
[20]
E foi dizer aos doutores: "Médica é uma uma senhora que mora na Penha de França, que é mulher dum peixeiro.
[21]
E E olhe, tem…
[22]
Fulano assim, assim está tratado.
[23]
Ela é que o tem tratado com estes remédios".
[24]
Explicou-lhe tudinho, tudinho, tudinho, tudinho.
[25]
Quantas pessoas depois lá bateram!
[26]
INF2 É verdade.
[27]
INF1 Fui eu quem tratei o homem.
[28]
Mas também lhe digo:
[29]
a mulher…
[30]
Chamavam-na dona Eufrosina,
[31]
tinha só, t- tem só duas filhas.
[32]
Ele morreu agora há pouco tempo.
[33]
Tem só duas filhas.
[34]
No dia de Natal, no dia nas vésperas do Natal, olhe, um cesto grande de carga.
[35]
Olhe, ela levou-me farinha, figos, pinhões, açúcar, arroz,
[36]
INF2 Trouxeram mais sempre.
[37]
INF1 bacalhau,
[38]
olhe, [vocalização] quan- de quanto havia na loja, de quanto me ela levou um cesto.
[39]
INF2 Aquela minha vizinha…
[40]
INF1 Um cesto!
[41]
Um cesto de carga!
[42]
INF2 Aquela minha vizinha, aos maus tratos que lhe fazem a quem lhe eu fazia, Nosso Senhor lhe c- lhe dê o castigo que ela merece!
[43]
[pausa] A gente fazer bem…
[44]
INF1 Sempre!
[45]
INF2 É para com Deus!
[46]
INF1 Olhe, ele era tão nosso amigo, tão nosso amigo, se nós precisássemos todos os dias…
[47]
INF2 Fazemos bem!
[48]
Fazemos bem a Deus!
[49]
INF1 Se nós precisássemos todos os dias que nos ele lá fosse fazer qualquer coisa a casa, ele ia sempre.
[50]
Era um grande marceneiro.
[51]
Mal empregadinho homem em já morrer ele já morreu!

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