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Vale Chaim de Baixo, excerto 31

LocationVale Chaim de Baixo (Odemira, Beja)
SubjectAs abelhas e o mel
Informant(s) Cirilo
SurveyALEPG
Survey year1995
Interviewer(s)Luísa Segura da Cruz
TranscriptionSandra Pereira
RevisionMaria Lobo
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMárcia Bolrinha
LemmatizationDiana Reis

Text: -


[1]
INF Espremer.
[2]
INF Como é que se chama?
[3]
Chama-se Chama-se crestar uma colmeia.
[4]
INF Crestava-se aquilo
[5]
Olhe, aquilo naquele tempo, fulano ia onde é que ela estava,
[6]
fazia ali um fogo [pausa] com uma mancheia de ramas de esteva
[7]
e dava-lhe fumo ali por baixo ? ,
[8]
e elas apanhavam ali uma mancheia de fumo.
[9]
Depois voltávamos assim a soprar pelo buraco,
[10]
pusemos assim um cortiço ? , um com sem nada por cima e outro por baixo,
[11]
toca a bater:
[12]
truz, truz, truz, truz, truz, truz, truz, truz, truz, truz, truz, truz, truz!
[13]
Batíamos ali um pouco assim,
[14]
elas começavam a sair, ?
[15]
INF Começavam a sair,
[16]
entravam para dentro do cortiço,
[17]
não tinha nada
[18]
[pausa] E sempre ficavam depois umas abelhinhas ali,
[19]
mas, ficavam com o fumo, ficavam bêbedas
[20]
não fi- não picavam.
[21]
INF Pronto!
[22]
E depois pegávamos naquilo,
[23]
trocá- levávamos aquilo às costas para o monte, da malhada.
[24]
INF Depois de malhar a colmeia, pois levávamos para o monte.
[25]
Chegávamos ao monte,
[26]
tirávamos-lhe o tampo,
[27]
desconchávamos de lado,
[28]
levávamos para ali um alguidar, com um ramo um [pausa] de mato, para sacudir as setas, para não levar abelhas.
[29]
E pondo ali aquilo um bocadinho, depois é que levávamos para
[30]
e depois era espremido [pausa] à mão.
[31]
INF Nesse tempo era espremido à mão.
[32]
A gente agarrava na mão,
[33]
espremíamos ali aquilo assim, tudo muito bem, com uma seta,
[34]
enrolávamo-la ali com força
[35]
e íamos espremendo,
[36]
espremendo,
[37]
espremendo,
[38]
espremendo.
[39]
Esprememos o mel ali para dentro duma bilha até era para cima dum joeiro;
[40]
e desse joeiro é que era para baixo, para dentro do coiso.
[41]
Depois, desse joeiro depois, quando aquilo estando espremido com mais tempo, punha-se dentro duma peneira.
[42]
A peneira era muito mais fininha,
[43]
INF e então era dali que o mel que ia à, ia ia para baixo.
[44]
INF Pois.
[45]
E depois de aquilo tudo feito, tudo espremido, a cera era escaldada,
[46]
[pausa] faziam-se rebolos de cera
[47]
[pausa] Pois.
[48]
E essa cera até servia para ir, depois, ir para os sapateiros.
[49]
INF Punham depois Depois punham aquilo, essa cera, em cima dum em cima dum fogo, numa telha,
[50]
e aquilo corria para baixo.
[51]
E aquilo depois fazia aquela cera amarelinha que era para os sapateiros pisgarem as linhas para coserem o o cabedal.
[52]
INF Pois.
[53]
E [vocalização] essa E depois essa água que ficava dessa cera escaldada que fazia-se os rebolos, com água escaldada
[54]
INF Nessa cera, a gente punha água dentro,
[55]
desmanchávamos os rebolos da cera, pois, dessa que a gente tínhamos espremido, tudo a bocadinhos.
[56]
E depois dessa água que ficava punha-se ao fogo dentro dum tacho [pausa]
[57]
dessa água que ficava depois punha-se ao fogo dentro dum tacho ,
[58]
era donde se fica- fabricava então a tal dita água mel.
[59]
INF Pois.
[60]
E depois essa água mel [pausa] comia-se com pão
[61]
e até servia para mezinha
[62]
e serve ainda para mezinha:
[63]
fulano quando estando muito constipado,
[64]
INF às vezes constipações,
[65]
em lugar de beber um chá de ferrugem, não bebe um chá de ferrugem.
[66]
Vai ali
[67]
pega numa gotinha daquela água mel,
[68]
despeja ali dentro duma caneca,
[69]
ou com uma gota de água além ao fogo [vocalização] fervendo, bota-lhe ali uma pinguinha ali para dentro,
[70]
mexe aquilo bem, que aquilo fica ali bem preto,
[71]
mete-se debaixo das mantas,
[72]
bebe aquilo assim quentinho
[73]
INF No, no outro dia No outro dia está mais diferente!

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