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Lavre, excerto 35
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INF1 Tinha que se peneirar com umas peneiras muito finas.
Só uma vez, mas era bem peneirada para cair aquele ralão.
Chamavam-lhe o [vocalização] ralão.
O farelo ficava dentro da peneira.
INF1 E ia para uma vasilha ao lado para dar aos animais:
ou o comer das galinhas ou para os porcos.
INF1 Depois guardava-se dumas semanas para as outras um bocadinho de massa.
[pausa] Ali um bolinho de massa, [pausa] num pirezinho, ficava.
Porque na outra semana, se se puder, aquilo era o fermento.
Ficava sempre era a obra aí de meio quilo de massa.
[vocalização] A farinha no fim de estar [pausa] toda peneirada, fazia-se…
Depois a gente tinha era…
[vocalização] A minha mãe, ia lá ver:
"Isso não está ainda bem [vocalização] peneirado"!
E a gente toca de peneirar a farinha.
Peneirávamos aquilo tudo.
Fazia-se um um buraco assim ao meio da farinha,
depois o fermento que tinha ficado da semana anterior era desfeito em água morna.
Até se punha assim um bocadinho de molho,
Vazava-se essa calda, [pausa] dentro da farinha.
Depois misturava-se a farinha
e embrulhava-se aquilo tudo,
e fazia-se uma cruz para o fermento crescer.
No outro dia de manhã, íamos ver,
já o fermento estava [pausa] estava muito grande.
INF1 Punha-se, em cada quilo cinco quilos de farinha, um punhado bom de sal.
Se fosse quinze quilos, era três punhados de sal.
de oito em oito dias, todos os sábados, se fazia [vocalização] o pão.
[pausa] Levantávamos-se de manhã,
aquecíamos logo a água para amassar, para não amassar com água fria, para o pão fintar melhor.
Então na em cima do fermento, punha-se logo as cinco mancheias – ou s- ou quatro, era conforme os quilos – de sal.
Até levávamos logo o sal, o prato do sal lá, para se lembrarmos, para não deixarmos o pão sem o sal.
Então depois era amassar, amassar, amassar ali:
"Ó mãe, isto já está bom"?
"Ó mãe, então quando é que está bom"?
"Quando as [vocalização] as pernas da tripeça suarem"!
As pernas da tripeça não suavam;
aquilo é que era amassar, amassar!
Às vezes lá ia outra minha irmã
Depois lá ia a minha mãe acabar de amassar e ajeitar.
Quando ela via que já estava bom, que desligava, não era, ia a gente, marcava ali de assim no alguidar – o alguidar era sempre maior – quatro dedos.
Ali ao fim de quatro dedos, punha-se ali um bocadinho de massa ali espetada.
Quando a [vocalização] a massa lá ia já a chegar, estava capaz de ir acender o forno.
INF1 Já est- Pronto, já estava boa para para tender.
Por isso, estava a fintar.
Quando o pão chegava àquele limite dali, ia-se acender o forno.
Para o forno querem saber [pausa]
INF1 as ferramentas que se usavam?
INF1 Primeiro era o forcado para meter a lenha lá para dentro.
E ace-, e tira- Acendia-se, não era?
Depois era o esborralhador, que era um pau [pausa] comprido, para se espalhar [pausa] a lenha por todos os cantos do forno.
Quando o forno estava branco, é porque já estava quente.
O tecto do forno todo branquinho!
Aí de assim já tinha que ser o rodo [pausa] para puxar as brasas todas para a boca do forno.
O borralho que ficava deixava-se descontrolar assim um bocadinho,
senão aquilo ele era brasas que enchiam a boca do forno.
[pausa] Era sempre umas calças de cotim, velhas, atado ali de assim num [vocalização] numa vara, não era?…
INF2 Embrulhavam-nas em água, porque ajuda.
INF1 Embrulhava-se em água – que senão queimavam-se, saíam logo de lá a arder…
INF1 Para limpar o forno, puxar todas as brasas, tirar a cinza, para ficar tudo muito limpinho.
INF2 [vocalização] Barbas.
que era para para limpar o estradozinho – para limpar o forno por dentro.
Depois ia-se experimentar…
Enquanto o forno ia ardendo, íamos tender o pão.
Quer dizer que acendemos o…
Vimos-se que a massa já estava capaz,
Enquanto o forno ia ardendo, ia aquecendo, a gente [pausa] ia logo tender o pão.
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