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São Lourenço da Montaria, excerto 7

LocalidadeSão Lourenço da Montaria (Viana do Castelo, Viana do Castelo)
AssuntoNão aplicável
Informante(s) Anselmina

Text: -


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[1]
Diz:
[2]
"Porque eu"
[3]
Ele tinha estado no Porto
[4]
[vocalização] meio ano que estava aqui no Porto
[5]
e ela estava .
[6]
Diz:
[7]
"Porque eu estou
[8]
[pausa] Ela abandonou a casa da minha mãe,
[9]
deixou de ser minha mulher.
[10]
Qui-la tirar da lama
[11]
e ela não quis".
[12]
Pelos jeitos a mulherzinha [pausa] perdeu a cabeça,
[13]
não se sabe, não é?
[14]
Aquilo passou,
[15]
[pausa] ela nunca mais se importou de escrever.
[16]
Adiante diz:
[17]
"Que eu hei-de buscar-lhe o [vocalização] o menino [pausa] ainda que tenha que a matar"!
[18]
Ele tinha ido em Novembro,
[19]
adiante em Fevereiro veio , de Angola,
[20]
pediu férias
[21]
e veio .
[22]
Foi à Madeira,
[23]
foi buscar o filho.
[24]
Denunciou-a num jornal,
[25]
pôs-lhe a fotografia dela num jornal.
[26]
Pronto, abandonou-a, [pausa] não é?
[27]
Veio para acá,
[28]
aqui andou.
[29]
[pausa] E ela, coitada, logo chegou a pontos
[30]
Porque logo a vida é assim:
[31]
se viu, [pausa] sem ver a família, sem ver marido, sem ver os filhos,
[32]
[pausa] tomou veneno
[33]
e matou-se.
[34]
Veja [pausa] o desespero dela [pausa] depois.
[35]
INF Ao fim de um ano!
[36]
[pausa] Ele, que veio, casou segunda vez com uma rapariguinha.
[37]
Fez agora vinte e cinco anos, a rapariga.
[38]
Ele tem trinta e nove.
[39]
[pausa] E ela tinha um
[40]
[pausa] Quando casou, ela ainda não tinha inté vinte e um ano,
[41]
mas ela tinha uma rapariguinha.
[42]
Que a rapariguinha tem
[43]
Ela teve a rapariga tinha dezasseis a- dezassete anos.
[44]
Casou com essa rapariga [pausa] coitada.
[45]
Enfim, uma rapariga nova.
[46]
[vocalização] Trabalha no no tais quartel amais a mãe.
[47]
Mas, [pausa] que, que está, miúda
[48]
Agora parece que que vai ter bebé.
[49]
E os filhos dele tive de os pôr cada um para o seu lado.
[50]
Eu dá-me muita pena,
[51]
que isto é que é verdade.
[52]
INF Um pai faz muita falta a uns filhos, mas uma mãe!
[53]
INF Olhe que eu criei-lhe aqui as fi- os fi-.
[54]
Estiveram aqui comigo os meninos todos.
[55]
Estiveram cinco anos
[56]
e eu dava-me lembrava-me tanto,
[57]
digo: "Ora estas meninas, se tivessem a mãe"
[58]
Agora mesmo, se tivessem a mãe delas
[59]
Eu bem sei que as duas são umas moçotas
[60]
[vocalização] Uma está na Espanha, é, na Espanha com uma minha prima;
[61]
e [vocalização] outra [pausa] está [vocalização]
[62]
Foi [vocalização] aprender um bocadinho, a ver se aprende um bocado de costura, mas ajudar a trabalhar, primeiro, a fazer as limpezas de casa, para umas senhoras que têm ali ao lado de Viana, também ali em Outeiro do Chão, acima de Perrocos vocês [vocalização]
[63]
INF Pois foi para onde ela foi.
[64]
Para foi.
[65]
INF E o rapazinho está em Braga.
[66]
A outra está no Porto [pausa] a mais novinha
[67]
Tem do- Ainda não tem doze anos
[68]
E a vida é assim, sabe.
[69]
INF Que havemos de fazer, não é?
[70]
INF Cresceu-lhes os filhos,
[71]
cada um está por si.
[72]
E o outro está casado,
[73]
tem a mulher na França,
[74]
está na França.
[75]
Também [vocalização] está a fazer casa à frente.
[76]
Tem casa nova também à frente, para .
[77]
E eu, a casa, esta é para mim, para enquanto vivo, e logo para as filhas.
[78]
INF A vida é assim!
[79]
Tem que ser!

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