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Melides, excerto 5

LocalidadeMelides (Grândola, Setúbal)
AssuntoO moinho, a farinha e a panificação
Informante(s) Galeno

Text: -


[1]
INF Isto, olhe, eu, isto não é meu.
[2]
INF Não.
[3]
Eu até, aqui, não pago nada.
[4]
Porque as pessoas, hoje em dia, não arrendam nada a ninguém
[5]
. E fazem bem, sabe.
[6]
INF Não é isso.
[7]
É que as pessoas e depois tornam-se duma forma
[8]
Eu nem que tivesse mil casas eu não arrendava nenhuma.
[9]
As pessoas depois querem a casa
[10]
e querem muito.
[11]
Isto uma falta de respeito, num certo sentido, que eu não sei se as pessoas compreendem.
[12]
"Sim, sim senhor. Isto não é meu".
[13]
Está a ver?
[14]
"O dono tem O dono tem preciso,
[15]
eu terei que me desenrascar".
[16]
Está você a rir?
[17]
É que as pessoas não entendem.
[18]
INF Olhe, portanto, a levadazinha é isso .
[19]
INF Pois.
[20]
Aqui por acima, aqui.
[21]
[pausa] É sempre aqui esta esta valazinha.
[22]
INF É esta valazinha sempre por acima,
[23]
tudo até acima, como eu disse
[24]
INF Isto vai meter àquela ribeira.
[25]
[pausa] Isto, eu não sei os anos que isto tem
[26]
mas isto é muito velho.
[27]
São coisas muito velhas.
[28]
Porque os antigos viviam disto.
[29]
Não havia completamente essa advertência dos dos moinhos de ág-, de coisa, de de vento.
[30]
INF Sim senhora.
[31]
Se quiser mais fruta, leve que vamos até adiante.
[32]
INF Feijão.
[33]
INF E é pimentos.
[34]
Pimenteiros.
[35]
Além anda uma cunhada minha a mondar o feijão.
[36]
[pausa] Anda a trabalhar, coitada,
[37]
é doente,
[38]
mas então?
[39]
Está trabalhando.
[40]
A vida é assim.
[41]
Sim senhor.
[42]
Pois eu [vocalização] estou à ordem das senhoras.
[43]
Logo que querem ver mais algumas coisas, vamos.

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