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Moita do Martinho, excerto 25

LocalidadeMoita do Martinho (Batalha, Leiria)
AssuntoO moinho, a farinha e a panificação
Informante(s) Castorino Cinira

Text: -


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[1]
INF1 Tenho muita pena de não ter moinho.
[2]
Muita!
[3]
INF1 Olhe, antes queria ter
[4]
Preciso muito de dinheiro,
[5]
[pausa] que não o tenho,
[6]
mas antes queria ter moinho
[7]
que tinha cinco ou dez mil contos.
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INF2 É o dele.
[9]
Ele foi nascido.
[10]
Foi nascido.
[11]
INF1 Era a minha vida.
[12]
Era a minha vida.
[13]
INF1 Criei
[14]
[pausa] Criei c-
[15]
Ainda está.
[16]
Criei cinco f-
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INF1 Ainda o podia utilizar.
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INF1 Podia.
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Davam-me ordem para fazer isso.
[20]
O que é é que
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INF1 isso era uma despesona agora!
[22]
Um moinho daqueles, para colocar aquilo tudo como devia de ser
[23]
INF2 Pois é.
[24]
INF2 Eu acho que não.
[25]
não.
[26]
INF2 Eu acho que Eu acho que não.
[27]
INF1 Eu acho que não.
[28]
INF2 Eu acho que não.
[29]
INF1 Eles morreram quase todos.
[30]
INF2 , daquele tempo.
[31]
INF1 .
[32]
por .
[33]
artistas .
[34]
INF2 Não sei.
[35]
Daqueles dentes que faziam para as entrosas não sei se haverá agora.
[36]
INF1 ,
[37]
!
[38]
ainda quem faça isso.
[39]
INF2 Não sei.
[40]
INF1 ainda quem faça isso.
[41]
Tem que fazer Quebra-se um,
[42]
tem que se fazer.
[43]
INF2 Às vezes partia
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INF2 partia um dente ou dois,
[45]
ia ele direito ao carpinteiro para fazer os dentes para a entrosa.
[46]
INF1 Aquilo é
[47]
E ele viria.
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Ele, às vezes, de
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INF1 de três ou qu-, ou dez anos, ou cinco anos, [vocalização] aquela entrosa precisava de ser endentada,
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precisava de levar dentes novos.
[51]
INF2 Porque os dentes gastavam-se.
[52]
Eles gastavam-se.
[53]
INF1 Tínhamos que ir buscar um carpinteiro para endentar isso,
[54]
INF1 para endentar aquilo tudo de novo.
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INF1 Aquilo eram eram vidas que eu gostava muito.
[56]
E [vocalização] E levava muito boa vida!
[57]
Levava muito boa vida,
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não fazia nada quase!
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A gente estávamos ali então à espera do vento.
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INF2 Ah, mas isso [vocalização] tinham eles um
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INF1 Tínhamos um criado, um carreteiro.
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INF2 Os moleiros tinham sempre um carreteiro,
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não eram eles!
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INF1 O moinho estava
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INF1 O moleiro não podia desprezar o moinho.
[66]
INF2 Não.
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Os carreteiros é que têm uma vida ruim;
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agora os moleiros não.
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INF1 A gente não podia desprezar
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INF2 Tinham!
[71]
INF1 Pois,
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tínhamos um carreteiro que andava a acartar.
[73]
INF2 Olha que eu lembro-me um pouco aquela vida!
[74]
INF1 Ora Ora eu estava sempre [pausa] estava sempre
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porque a gente não podíamos desprezar o mo- o moinho.
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INF2 Muito tempo, não.
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INF1 O vento hoje estava daqui,
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am- daqui a nada estava dali,
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e se ele virasse e a gente não estivesse, quebrava o moinho.
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INF1 Dava-lhe por trás nas velas
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e as velas roçavam-se para diante,
[82]
iam
[83]
INF2 Isso dormiam grandes sestas!
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INF1 Ia-se tudo embora!
[85]
Ia-se tudo embora!
[86]
Ai, isso dormi algumas!
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INF2 Isso eram
[88]
Não!
[89]
Olha, isso eram te-
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São terríveis para dormir os moleiros!
[91]
INF2 E acostumavam-se.
[92]
Estavam acostumados.
[93]
INF1 Ai, eu dormia à mesma com o barulho do moinho!
[94]
INF2 Estavam acostumados.
[95]
É verdade!
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INF1 Às vezes queria eu ir com o barulho
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A gente tinha essas buzinos no moinho chamava-lhe a gente os buzinos de cana
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INF2 De cana ou de de, de barro.
[99]
Também havia os buzinos de barro.
[100]
INF1 Ou de barro.

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