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Montalvo, excerto 11

LocalidadeMontalvo (Constância, Santarém)
AssuntoA agricultura
Informante(s) Guilherme Guliver

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[1]
tinha quem me ajudasse a mim, que eu também ia ajudar os outros.
[2]
Noites inteiras, andar até às duas horas de noite a malhar, à porrada ao chão!
[3]
Chamava a gente umas moeiras, que era um pau assim comprido com uma coisa na ponta.
[4]
Não sei se se lembram disso?
[5]
INF2 Ainda tenho a minha.
[6]
INF2 Uma moeira, que é uns bocados de correia e tal, arranjado.
[7]
INF1 É claro.
[8]
Um pau assim na na ponta pendurado.
[9]
Chama Chamava-lhe a gente um pírtigo.
[10]
E é E a hástea.
[11]
Era a hástea e o pírtigo.
[12]
De maneira que toca de porrada.
[13]
Por exemplo, andávamos quatro homens nesta banda, outros quatro daquele lado.
[14]
Andava as nossas mulheres, ou alguém que a gente tinha que ajudasse, com uns candeeiros que nem havia luz, nem nada , com uns candeeiros de lado, para alumiar, para a gente ver onde é que andava a bater, à porrada ao chão.
[15]
Claro.
[16]
Dava-se-lhe a primeira corrida,
[17]
depois ia-se buscar as ferramentas da eira, os ancinhos;
[18]
puxava-se aquilo para fora,
[19]
tirava-se-lhe o milho de baixo para um lado para um monte;
[20]
depois ia-se remalhar aquilo outra vez.
[21]
Porque ainda ficava muita espiga partida ao meio, com milho.
[22]
Tornava-se a malhar outra vez, a dar porrada até ficar.
[23]
E depois tirava-se outra vez para fora.
[24]
E depois estava a gente chamava-lhe a gente os casuis, que é aquele casul que está dentro da, da, da do milho.
[25]
INF1 Que está muito certo.
[26]
Tirava-se aquilo para fora.
[27]
Acartava-se para um cesto, para um monte, para para e depois [pausa] fazer estrume, qualquer coisa.
[28]
[pausa] O milho espalhava-se [pausa] tudo,
[29]
à tarde ia-se juntar
[30]
e íamos limpá-lo com umas pás.
[31]
Toca de limparem para o vento, tudo.
[32]
E a mulher, a mulher ou um outro colega assim com uma com uma vassoura, chamava-lhe a gente a conhar, a apanhar aquele casulito por cima, para o lado, para depois passar com o crivo, tudo.
[33]
E depois vinha o abegão,
[34]
media
[35]
e a gente vinha.
[36]
Mas sabe, eram nove alqueires para o patrão e um para a gente, no campo, de milho da eira.
[37]
INF1 E o que a gente trabalhava!
[38]
E o que se fazia!
[39]
Está a ver a menina [vocalização] o princípio desta desta vida, o que o que a gente fazia, tudo.
[40]
INF1 Pois.
[41]
[vocalização] Hoje não sucede isso.
[42]
INF1 Hoje não é.
[43]
vão debulhar no campo,
[44]
vai tudo.
[45]
não não aproveitam o pasto,
[46]
não aproveitam nada.
[47]
É É conforme está na bandeira e tudo,
[48]
cai aquela moinha toda para o chão, e tudo.
[49]
E antigamente era feito assim.
[50]
Mas hoje, se fosse assim, não havia gente para isso.

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