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Outeiro, excerto 10

LocationOuteiro (Bragança, Bragança)
SubjectO linho, a lã e o tear
Informant(s) Astreia
SurveyALEPG
Survey year1994
Interviewer(s)Manuela Barros Ferreira
TranscriptionCatarina Magro
RevisionMaria Lobo
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationCatarina Magro
LemmatizationDiana Reis

Text: -


[1]
INF Ora, depois, semeia-se o linho
[2]
mas passado três dias tem que se [pausa] engaçar.
[3]
Depois, fica talhado às embelgas.
[4]
Com aquele engacinho, engaçam-se as embelgas que a gente quer engaçar para depois o regar.
[5]
Porque é com [vocalização] [pausa] com o que chamávamos-lhe engaços.
[6]
Há-os de ferro,
[7]
há-os de pau, não é?
[8]
E a gente engaçava
[9]
e depois [vocalização]
[10]
Por exemplo esta cozinha não é? , vai assim agora para diante
[11]
mas engaçamos metade para ali, outra metade para aqui.
[12]
Que é para ir depois a augueira pelo meio
[13]
[pausa] e depois ficam os regos assim
[14]
[vocalização] Os en- Os dentes do engaço fazem [vocalização] aqueles sulquinhos
[15]
e vai-se por aquela augueira do meio,
[16]
rega-se para um lado
[17]
e rega-se para o outro, o linho.
[18]
Se tiver erva, monda-se.
[19]
[vocalização] Costuma muito ter o joio
[20]
o linho o que é joio.
[21]
Depois [vocalização], cresce,
[22]
vai-se regando, até que cresce e até que floreia.
[23]
Depois de florido a flor é é roxinha, uma flor muito linda , [vocalização] depois de- de florido, baga.
[24]
Toma assim umas
[25]
Nem sei
[26]
[27]
Eu, eu se tivesse, mostrava-lhe mesmo uma
[28]
Dão assim umas coisinhas,
[29]
parecem chatas, assim,
[30]
baga.
[31]
Aquilo baga.
[32]
Depois, arranca-se.
[33]
Quando está louro, arranca-se.
[34]
E põe-se em maçadeiros.
[35]
Depois de se pôr em maçadeiros, [pausa] seca seca.
[36]
Depois seca.
[37]
Depois de lhe tirar o linho, quer dizer, põe-se assim a secar que é para que o linho abra e que caia, para lhe tirar a linhaça, a semente.
[38]
INF Quer dizer, arranca-se, não é?
[39]
Depois, [vocalização] se tiver erva, a gente até nos pró- pois fazem-se assim uns maçadeirinhos
[40]
ou seja, o linho o linho galego não é mais comprido que assim isto
[41]
fazem-se aqui os maçadeiros,
[42]
ata-se-lhe um uma erva
[43]
INF É um molhinho, pois.
[44]
É uma dúz-
[45]
Quantas, quantas Quanto linho cresço?
[46]
Uma dúzia, ou duas ou três ou quatro de maçadeiros, pronto.
[47]
INF Depois põe-se, então, em cima de uma manta, [pausa] uma lona ou qualquer coisa
[48]
e põe-se
[49]
INF Uma manta que lhe chamamos nós lonas, assim umas mantas grandes.
[50]
INF E põe-se a cabeça do linho
[51]
[pausa] Quer dizer, eu nem estou aqui bem certa
[52]
mas acho que [pausa] é para cima.
[53]
Põe-se a cabeça do linho para cima.
[54]
Depois, abre.
[55]
Em estando aberto, a gente 'sacude-a'.
[56]
Vira Vira a cabecinha para baixo,
[57]
sacudo-as para que caia a linhaça.
[58]
INF Depois, ap- torna-se a apertar, porque depois seca e aperta e leva tem que se levar à laga, ao rio.
[59]
E está não sei se são três dias e três noites numa água a correr, [pausa] numa água sempre a correr.
[60]
Depois dos três dias, a gente vai então a desenlagar o linho.
[61]
Mete-se Porque ele tem que ser metido numas poças de água com pedras em cima.
[62]
Passado uns três dias, a gente vai e e enxagua, enxagua bem naquela água a correr,
[63]
sai-lhe aquela borraça toda,
[64]
fica então o linho com o tasco.
[65]
[pausa] Fica o tasco por fora.
[66]
E [vocalização] depois, então, em estando enxuto ainda tem ainda ficou com as raízes de o arrancarem , quando estiver enxuto, maça-se.
[67]
Numa joga põe-se uma joga , põe-se um maçadeiro.
[68]
[vocalização] Depois uns maços assim de de madeira
[69]
INF É assim mais ou menos.

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