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Perafita, excerto 41

LocationPerafita (Alijó, Vila Real)
SubjectNão aplicável
Informant(s) Abelardo
SurveyALEPG
Survey year1992
Interviewer(s)João Saramago
TranscriptionSandra Pereira
RevisionMaria Lobo
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationCatarina Magro
LemmatizationDiana Reis

Text: -


[1]
INF A gente quando é criado e tem pouco
[2]
Nós O meu pai tinha uma casinha boa de vez,
[3]
mas éramos dez irmãos.
[4]
Quando eles morreram, que fomos a dividir, foi um bocadito para cada um.
[5]
A gente foi criado na lavoura
[6]
e [vocalização] e deu para [vocalização] investir em terras.
[7]
Mas olhe, [pausa] tenho um bocado aqui em baixo, que dei onze contos por ele,
[8]
é o dinheiro que está melhor investido é [vocalização] é na raiz, na terra.
[9]
Olhe, dei onze contos por um bocado aqui em baixo,
[10]
outro dia mandaram-me setecentos contos por ele.
[11]
E eu estive para o dar.
[12]
E eu não lho o não dei, que foi por via dos filhos.
[13]
Que às vezes os filhos, [vocalização] se me dissessem dissesse, carago, o senhor Bom, e a gente tem amizade àquilo que.
[14]
[pausa] Porque, o dinheiro, pode vir o fogo e queima-o, [pausa] mas a raiz não.
[15]
Pode-se queimar o pinhal
[16]
mas fica terra.
[17]
Isso é que é verdade.
[18]
Olhe, ,
[19]
aquelas miras de verde?
[20]
INF Aquela erva para , onde os senhores me viram, aquela terrinha que está feita e em cima tem uns dias, chega até àquele muro alto, assim a cimo, tudo aquilo comprei.
[21]
Ora bom [pausa] eu, [pausa] por aquele, [pausa] , aquilo está-me, para quê Mas a maior parte comprei duas partes,
[22]
mas a primeira parte que comprei, comprei muita.
[23]
Comprei a [vocalização] u-, uma um casalzito,
[24]
era pequeno.
[25]
Mas comprei ali e noutros lados.
[26]
Mais além, ao daquele pinhal, [pausa] aqui para baixo, uma, uma bouç- uma tapada grande, também de giestas que se por o lado de dos pinheiros,
[27]
uma vinhazita,
[28]
aquilo para cima é aquela tapada grande de lenha forte.
[29]
[pausa] Bom, comprei aquilo tudo, mais ao de casa, uns bocados que valem vale muito, hoje, por treze contos.
[30]
INF Mas o-, os t Era dinheiro.
[31]
Mas se eu o fizesse que [pausa] A gente nem tinha esta coisa de pôr nos bancos nem nada,
[32]
se o tivesse em casa, era sempre mai- o mesmo dinheiro.
[33]
INF E o dinheiro E agora [vocalização] [pausa] também lhe digo outra.
[34]
E- Eu fui a [vocalização] França,
[35]
estive pouco tempo
[36]
e depois também ganhava pouquinho,
[37]
mas todo o dinheiro que ganhei, [pausa] se eu não empregasse, gastava-o todo,
[38]
não tinha nenhum.
[39]
INF E assim empregou-se, com custos.
[40]
Mas a gente hoje, , se me visse enrascado, punha em venda
[41]
e [pausa] fazia um [vocalização] uns milhares,
[42]
e assim [pausa] tem-se o terreno e os filhos também.
[43]
Eu gostei de [vocalização] de receber algum
[44]
e os filhos [pausa] também vão gostar, [pausa] porque na rai- a raiz não foge.
[45]
[pausa] E é como diz a história:
[46]
fi-, fin- finca-te na raiz.
[47]
[pausa] A gente, olhe, este bocado aqui, comprei dois anos esse essa bouça e a que é que plantei este ano.
[48]
Plantei [vocalização];
[49]
tem à beira de [pausa] quase setecentos americanos, seiscentos
[50]
e tal e ainda falta faltam uns poucos.
[51]
Também comprei
[52]
e dei seiscentos contos, [pausa] também por uns catorze, [pausa] eram era treze ou catorze números.
[53]
Comprei bem.
[54]
O- Os seiscentos contos, tinha-os na Caixa,
[55]
pouco rendia rendiam.
[56]
Isto também não rende nada,
[57]
mas se eu hoje fosse a vender, ven- [vocalização] da- davam-me três vezes mais,
[58]
e comprei dois anos.
[59]
INF E daqui amanhã, ainda mais [vocalização] há-de dar, porque isto, o povo agora foge todo,
[60]
[pausa] mas deixe que [vocalização] em a ceia [pausa] sendo tudo toda igual, você há-de ver muitos que hão-de vir para .
[61]
Isto ainda vai ser tudo granjeado.

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