Representação em frases

Ribeiras, excerto 12

LocalidadeRibeiras (Lages do Pico, Horta)
AssuntoOs barcos e a pesca
Informante(s) Balduíno Baltasar

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[1]
INF1 Vou, sim senhora.
[2]
Vou, sim senhora.
[3]
Eu também tenho uma lanchinha a motor, pequena.
[4]
Vou também ao mar apanhar uns peixes para fazer também uns trocos, quando se calha.
[5]
Ele o homem do mar tem que se deitar de qualquer maneira, porque, é claro, a vida está
[6]
INF1 Ah, vou também ainda umas milhas!
[7]
Não é muitas.
[8]
Duas, três milhas.
[9]
E, às vezes, vai-se mais.
[10]
Eh, , não se pode se desviar muito
[11]
pois arreio à baleia, não é?
[12]
Pois se eu não arreasse à baleia, pois podia ir mais
[13]
ou podia sair mais.
[14]
Até cinco milhas pode-se ir longe no nosso canal, à nossa ponta de leste.
[15]
Vão daqui em barcos .
[16]
Mas a gente não
[17]
Eu por mim não vou, porque, é claro, tenho que estar aqui mais perto por causa da baleia.
[18]
Se estou matriculado, tenho que cumprir a coisa.
[19]
[pausa] Sim senhora.
[20]
INF1 Está numa vigia, em cima, que a senhora pode
[21]
Tem ocasião para ver, se sair para a rua, aqui no meu prédio,
[22]
vê-a em cima.
[23]
Está em cima,
[24]
está em cima um bocado, acolá alto.
[25]
INF1 Esta vigia até está sem vigia.
[26]
Ele o vigia está em cima no, no no Arrife.
[27]
INF2 No Arrife.
[28]
INF1 No Arrife.
[29]
Mas [vocalização] nos tempos que isto havia a influência da baleia, todo o dia, de manhã ao so-, quer dizer, entre o sol sair [pausa] até à tarde.
[30]
INF2 Até à tarde.
[31]
INF1 Até Assim de Verão, até às seis, sete horas da, da da tarde.
[32]
INF1 Ah, não, não!
[33]
INF2 Não senhora.
[34]
INF1 Não senhora.
[35]
Não, porque ele não está capaz, não vale a pena estar .
[36]
O homem da vigia vai fazer uma volta para si;
[37]
claro, também tem as suas voltas, não é?
[38]
E [vocalização] E não está capaz mesmo.
[39]
Não se pode arrear à baleia;
[40]
com o tempo que está , não se pode.
[41]
As embarcações são são pequenas.
[42]
[vocalização] Quem é que se metia naquilo?!
[43]
INF2 Pois isto aqui, precisamente, se fosse a viver da baleia, por muito o mestre Balduíno, ou o meu irmão, ou outro não podia viver.
[44]
Porque qualquer pessoa desses rapazes ou mesmo o mestre Balduíno, [pausa] pois trabalharam um bocadinho na vida do mar e têm o seu bocadinho de dinheiro no banco,
[45]
além disso têm os seus bocadinhos de terra,
[46]
e não pagam renda de casa porque elas são suas.
[47]
Pois se não está bom da baleia, o mestre Balduíno vai meter um de couve, ou uma batata, ou os seus legumes para a casa.
[48]
Quer dizer, não se compra.
[49]
Depois o peixe também, precisamente, não é comprado.
[50]
Aqui o que a gente compra, na nossa classe marítima, é precisamente a carne.
[51]
O resto, que a gente tenta nas embarcações miúdas, [pausa] fazemos mais ou menos para a despesa da casa durante o ano, para o dinheiro que a gente ganha e depois juntamos ou na pesca do atum ou qualquer coisa,
[52]
pois esse dinheiro fica para nós um dia quando não podemos trabalhar, pois as reformas também são pequeninas
[53]
Hoje em dia, por exe-, está bem bom,
[54]
sempre são dois contos e tal.
[55]
Se a gente não tiver dinheiro no banco, pois nós não podemos viver como o meio de vida está.
[56]
Por isso a gente tenta, enquanto somos novos, aproveitarmos o Inverno, [pausa] porque se for a olhar para o dinheiro da baleia, não para qualquer pessoa, qualquer um destes passar.
[57]
Porque eles estão aqui precisamente
[58]
A [vocalização] matrícula é feita durante um ano.
[59]
Durante o ano, no ano passado, vocês tiveram vinte oito não foi? , de soldada.
[60]
Pois vinte oito contos de soldada é pouco dinheiro.
[61]
Se não fosse os legumes
[62]
INF2 Ao fim do ano.
[63]
INF2 Ao fim do ano.
[64]
É pago ao fim do ano.
[65]
INF2 Pois.
[66]
INF1 Ah, minha senhora, mas eu, nos princípios de baleia, [vocalização] ganhava-se a dois contos e tal por ano!
[67]
INF1 Óbvio, não é?!
[68]
Mas, mas ainda mesmo assim, era muito pouco!
[69]
Eram dois contos e tal, três contos e coisa, três contos e coisa
[70]
Era pouco mais do que isto.
[71]
Era sempre isto, mais ou menos.
[72]
Dois contos e tal, três contos e tal.
[73]
Ele era a média.
[74]
Era a média.
[75]
É claro que aquilo, às vezes, o [vocalização] quando havia mais abundância de óleo, pois [pausa] mais barato; quando havia menos menos abundância de óleo, [vocalização] às vezes, mais caro uma coisinha.
[76]
E de forma que, e era Mas era aquilo que a gente tinha de navegar a vida!
[77]
INF1 É, sim senhora, pelo litro de óleo.
[78]
A gente não temos nada com as farinhas, nem coisa.
[79]
Isso não temos nada com isso!
[80]
As farinhas é da fábrica.
[81]
A fábrica [vocalização] A gente toma uma baleia apanha uma baleia,
[82]
vamos levar para fábrica.
[83]
A fábrica [pausa] A gente tem uma baleia
[84]
e é vinte cinco por cento para a fábrica.
[85]
Vinte cinco?
[86]
Creio que é vinte cinco.
[87]
É vinte cinco.
[88]
INF1 Do óleo.
[89]
E nos cabe então as outras quatro partes.
[90]
INF1 Não senhora.
[91]
Não temos nada a ver com isso.
[92]
INF1 [vocalização] Isso é a fábrica é que resolve isso;
[93]
a fábrica não é nossa.
[94]
A fábrica, ele derreteu o nosso óleo.
[95]
[vocalização] Mas é assim
[96]
Mas é:
[97]
a fábrica derreteu o nosso óleo e deu-nos a percentagem do óleo que a gente lhe apanhou a a como é que eu hei-de dizer a vinte cinco por cento.
[98]
Tirou para si,
[99]
e o resto, ele é aqueles apuros que ela tira para si.
[100]
É para si.

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