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Madalena, excerto 32

LocationMadalena (Madalena, Horta)
SubjectA atmosfera e as condições climatéricasOs barcos e a pesca
Informant(s) Booz
SurveyALEPG
Survey year1979
Interviewer(s)Manuela Barros Ferreira
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationSandra Pereira Márcia Bolrinha
LemmatizationMárcia Bolrinha

Text: -


[1]
INF Ah, meu amigo!
[2]
Estava-se a falar da lula
[3]
e depois vêm atrás [vocalização] muitas atrás daquela.
[4]
Chegou-se ali à borda que ao da lancha,
[5]
a gente usa o tal bicheiro,
[6]
atamo-lo ao tal anzol, preso numa con- numa ponta da cana, comprida.
[7]
E a gente, elas vêm a bem dizer, estão quase à superfície do mar
[8]
e a gente vai engatando as que estão ao lado; não aquela que está presa, as outras que estão pelo pelo lado.
[9]
Engata-se, às vezes, duas, três, quatro, conforme a porção,
[10]
e elas estão ali de coiso.
[11]
Mas é preciso desviar, porque elas, toda a lula, quando a gente engata, elas dão aquela uma esguichada de tinta que é que tem.
[12]
A gente, quando engata ou coisa, a gente aguenta sempre a lula ali sempre debaixo do mar, que é para ela esguichar a tinta para não esguichar a gente, para a gente para não sujar a gente da tinta da lula.
[13]
Também é engraçada a pesca da lula, também!
[14]
Depois a lula também serve para isca, para para pescar de fundo, que é o congro, que é o cherne, que é o a abrótea é o
[15]
Qualquer peixe [pausa] gosta da lula, tal e qual como a gente!
[16]
INF Pois.
[17]
INF A gente conhece [pausa] o nosso tempo
[18]
Temos aqui uma montanha que é o Pico, que muito sinal a isso.
[19]
INF Pch!
[20]
Ele os sinais é a gente mesmo de manhã,
[21]
a gente levanta-se,
[22]
todo o pescador vai
[23]
Levanta-se cedo
[24]
e vai para para ir para o mar,
[25]
a gente a primeira coisa é olhar para o Pico.
[26]
O Pico está descoberto,
[27]
está todo ali, ele todo limpo,
[28]
está muito bom tempo,
[29]
a gente olha para o céu,
[30]
não nuvens,
[31]
não nada.
[32]
Daí a bocado, de manhã, antes, a bem dizer, quando o sol está ali a nascer ou depois, a gente sabe se vai fazer mau tempo
[33]
ou ou que o tempo vai mudar,
[34]
o Pico principia
[35]
a gente chama um chapéu
[36]
Cria Cria assim umas nuvenzinhas todas em redor, tal e qual como um barrete em cima mesmo do Pico.
[37]
A mesma coisa, a gente sabe que é vento, que ele está pondo qualquer coisa para cima de si,
[38]
está adivinhando chuva.
[39]
A gente se muito azul, aqui o Faial, aqui em frente, também muito azul, a gente olha,
[40]
diz: "Olha, é sinal para para chover"!
[41]
E vem mesmo!
[42]
Isto é Isto é certo.
[43]
os sinais,
[44]
a gente
[45]
A gente também os ares;
[46]
a gente os ares de de vento.
[47]
Os ares quando estão riscados, o céu está riscado, aquelas nuvens todas riscadinhas,
[48]
a gente sabe que vai fazer vento, que ele o dia que é ventoso.
[49]
A gente
[50]
Por exemplo, pode vir chuva: "Olha, a gente estamos no mar,
[51]
mas ali, olha, ali vem chuva"!
[52]
INF Pois, o pior é o noroeste.
[53]
É o tal noroeste.
[54]
Por exemplo, o vento pode estar aqui da banda do sul,
[55]
do sul não digo que vire para o noroeste, mas da banda de oeste,
[56]
da banda de oeste é [vocalização] rápido.
[57]
A gente pode estar aqui
[58]
e isto aqui, a gente, as nossas zonas de pescar é sempre aqui muito perto aqui do porto, porque a gente nunca pode ir para muito longe.
[59]
Porque mesmo ir para muito longe, não ;
[60]
é muita profundidade,
[61]
não se não se pode pescar.
[62]
Mas a gente está ali
[63]
e, às vezes, chegar aqui ao porto é com grandes dificuldades, principalmente, não por causa de navegar fora,
[64]
ele é o pior é o porto,
[65]
mete logo uma aguinha dentro do porto.
[66]
O problema todo é dentro do porto.
[67]
Se tivesse a tal docazita que que não está aqui, pois uma pessoa vinha mais à vontade de coiso.
[68]
INF Não.
[69]
INF Não.
[70]
É conforme os ventos.
[71]
Por exemplo, o vento de oeste, [vocalização] mete mar;
[72]
a partir do oeste para cima, mete mar, o mar de oeste;
[73]
aqui a partir de oés-noroeste, que é a partir de oés-noroeste para baixo, de cima da te- até ao Faial, pelo norte, mete aqui o mar do norte [pausa] na coisa principalmente de Inverno.
[74]
É muito perigoso então!
[75]
Pois a gente, as marés, as correntes, a gente sabe
[76]
[vocalização] A gente sabe as marés p-, p- por onde é que vão,
[77]
a gente quer quer ir pescar ao goraz,
[78]
a gente tem que ancorar é direito à pedra.
[79]
Por exemplo, pode fazer areia em volta da da pedra, ou ali mais metros, ali, por exemplo, vinte metros desviados,
[80]
a gente marca-se.
[81]
A gente, qualquer lugar que vai pescar, é assim,
[82]
[vocalização] a gente marca.
[83]
É sempre marcado.
[84]
A gente marca-se por terra, por casas, por [vocalização] por cabeços, por essas montanhas que se .
[85]
A gente faz as nossas mar- marcações das pedras.
[86]
Todos os marinheiros, uns marcam-se por umas, outros marcam-se por outras; tudo no mesmo sítio.
[87]
Uns marcam-se duma maneira, outros marcam-se doutra,
[88]
mas todos vão ter a esses lugares que de pesca.
[89]
A gente chegou: "Olha, a maré vai para o sul",
[90]
a gente bota
[91]
Porque é a tal
[92]
Ele a gente chama a poita, que é uma pedra amarrada no cabo, que é de ancorar;
[93]
a gente chegou mais ao norte,
[94]
ancorou, porque a maré depois bota para o sul;
[95]
e a gente temos as nossas coisas de pescar.
[96]
Os nossos engodos, os tais engodos, bota-se ao mar.
[97]
A isca, a isca é a cavala, a sardinha que se compra de
[98]
Vai-se comprar ao Faial.
[99]
A lula, o chicharro, que é o carapau

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