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Madalena, excerto 35

LocalidadeMadalena (Madalena, Horta)
AssuntoOs barcos e a pesca
Informante(s) Booz

Text: -


[1]
INF Não, é estes nossos barcos,
[2]
é os mes- mesmos barcos.
[3]
Fazem todos esta mesma pesca.
[4]
o que tenho é o anzol,
[5]
o arame é o é o mesmo.
[6]
É o mesmo arame, conforme:
[7]
a gente pescas que o arame é mais fino, outras é mais mais grosso.
[8]
Por exemplo, esse da gata tem que ser um arame mais grosso.
[9]
Mas [vocalização] o anzol, o anzol então é estorvado,
[10]
é amarrado é é com um fio, ou com com um nylon caçam com o fio de nylon.
[11]
E depois a gente chama aqui um trincafio, porque é com o arame muito fininho é todo embrulhadinho no tal c- na tal coisa.
[12]
Que é:
[13]
a gata tem uns dentes, para não cortar a seda fora, para quando quando apertar a boca,
[14]
aperta no tal arame para não cortar [pausa] com os dentes, que os dentes da gata é muito fino também.
[15]
E o tal tubarão é, a bem dizer
[16]
O rabo é [vocalização] é uma espécie da gata ou do cação.
[17]
Conhece o cação?
[18]
INF Pois ele o rabo do do, do marracho é igual ao do cação.
[19]
É a mesma coisa.
[20]
vi, a pescar,
[21]
estávamos no barco pescando, e eles virem até à gente, a vir comer o peixe que a gente traz.
[22]
Comem o peixe.
[23]
Andarem acolá [vocalização] cheios de fome, ali em volta da embarcação, a gente fazer pirraças a eles, até, às vezes, ter latas dentro, claro, chegou-se a fazer muita vez.
[24]
Latas, a gente tem as latas que leva, às vezes, com engodos para o mar, ou um balde,
[25]
e a gente tem anzóis ,
[26]
são uns anzóis grandes,
[27]
e a gente, com um arame, como aquilo é um peixe que tem um dente muito fino, corta tudo,
[28]
corta muito rápido
[29]
e a gente faz ali [vocalização] amarra um anzol muito bem amarrado, com o arame.
[30]
E a gente enfia ali [vocalização] um peixe ou dois, acolá uma isca,
[31]
e a cabo dali de um metro ou dois, amarra o tal balde, muito bem amarrado, um preparo forte!
[32]
E a gente bota-o
[33]
e eles vêm logo comer.
[34]
A gente A gente puxa para o anzol trancar bem na boca
[35]
e depois deixa o balde caminhar.
[36]
E ele depois desaparece.
[37]
Vai sempre aquela impressão do do balde,
[38]
vai ser até até matar.
[39]
INF Faz-se estas pirraças também a eles.
[40]
[pausa] peixe que a gente pesca
[41]
Porque não ele, a bem dizer a gente não [vocalização] não têm utilidade nenhuma,
[42]
nem prestam para comer, nem nada.
[43]
E a gente, às vezes, estamos pescando e [vocalização] e muito fundo,
[44]
e a gente tem que vir acá acima [pausa] para pôr outra isca ou para tirar aquele peixe da isca ou coisa,
[45]
[vocalização] a gente chega,
[46]
e a gente às vezes corta-os aos bocados
[47]
e [vocalização] joga ao [vocalização] mar outra vez porque fazendo mal ao peixe!
[48]
Mas aborrecidos com a nossa vida [pausa] do coiso!
[49]
E eles não têm culpa nenhuma de pegar porque também estão com fome.
[50]
INF Mas a gente tem que ser assim.
[51]
INF Pois, vão alimentar outros.
[52]
Vão alimentar ao tal marracho que se chama, porque é o marracho.
[53]
Outros chamam o tubarão.
[54]
A bem dizer, na pesca de submarina, nunca vi.
[55]
Eu nunca vi.
[56]
estive [pausa] uma vez, na pesca,
[57]
estava mais um irmão meu, que é esse meu irmão que mergulhava mais eu, e esse outro dentro do barco.
[58]
E ele me Iam-me a chamar depressa para eu saltar para dentro do barco,
[59]
e vi a água dele,
[60]
não vi
[61]
Não vi mais nada não vi, eu não [vocalização] .
[62]
vi,
[63]
quando saltei, vi, quando ele [verbo] assim com o rabo, aquela água que ele fez,
[64]
mas afinal não o vi.
[65]
Mas os franceses, é um [vocalização] são uns homens que gostam do tubarão.
[66]
Porque eles dizem que o tubarão não faz mal.
[67]
[pausa] Que sendo dois, que podem fazer mal se se atacarem, se fizerem mal a ele;
[68]
mas se não fere, o tubarão chega ao da gente,
[69]
vem a fa- vem reparar,
[70]
vem reconhecer o que é,
[71]
e vai-se embora.
[72]
Não sei se é verdade, se é mentira, porque nã- não vi, nem queria ver nenhum!
[73]
INF Não.
[74]
Não queria mesmo ver nenhum.
[75]
Este rapaz, que é este Beltrão, que ele é francês, este rapaz tem fotografias mesmo [vocalização] pesca do tubarão
[76]
INF É francês mesmo.
[77]
É um belíssimo rapaz.
[78]
É de Paris mesmo.
[79]
É dono duma fábrica de roupa de senhora.
[80]
Veio aqui o primeiro ano aqui, aqui à pesca juntamente com um tio francês, também, que tinha vindo acá à pesca;
[81]
depois queriam ir aqui aos ilhéus aqui,
[82]
mas não tinham barco;
[83]
como eu estava ali, falaram comigo se eu queria ir,
[84]
e eu disse que sim.
[85]
Fui.
[86]
Chegaram ao porto,
[87]
perguntaram: "Quanto é"?,
[88]
e eu disse que não era nada.
[89]
tive a pachorra de andar com eles.
[90]
Disse que não era nada,
[91]
eles deram-me o peixe até tinham apanhado duas anchovas e ainda se viu um mero ,
[92]
deram-me o peixe
[93]
e deram-me trezentos escudos.
[94]
Eu até nem queria pegar no dinheiro,
[95]
eles me deram o dinheiro;
[96]
depois se [vocalização] disseram se queria se eu podia ir ao outro dia,
[97]
eu disse a eles que sim;
[98]
e continuámos,
[99]
fomos criando amizade
[100]
e hoje em dia somos grandes amigos.

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