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Porto de Vacas, excerto 6

LocalidadePorto de Vacas (Pampilhosa da Serra, Coimbra)
AssuntoO linho, a lã e o tear
Informante(s) Casimira

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[1]
INF Isto levava muita volta!
[2]
O linho levava muito volta!
[3]
Isto, eu começava:
[4]
eu eu semeava-o,
[5]
e e plantava-o
[6]
e [verbo] em pano, porque eu também tecia.
[7]
INF E [vocalização] E [vocalização] tecia-o e tudo.
[8]
E, e E, em primeiro, até camisas assim para os homens, camisas de linho, [vocalização] faziam em primeiro, quando era tudo mais pobre, que não havia dinheiro assim.
[9]
INF Nós, eu plantava-o todo
[10]
A gente A gente [vocalização] apanhava-o
[11]
A gente, ao fim de estar na terra que, que que estava aquilo semeado , e ao cabo que ao fim de estar assim, a gente passava-o para um para um
[12]
Chamávamos nós o, um, um um ripe
[13]
e ripávamos
[14]
INF Um ripe.
[15]
Que era assim com uns dentes, assim uma coisa grande, com uns dentes grandes, para tirar a baganha, para, para para mor de depois secava para tirar a semente para tirar a semente.
[16]
E depois a gente, então, ia-o merg-
[17]
INF A baganha era era, então, a semente por cima do linho.
[18]
[vocalização] Dava semente,
[19]
dava assim umas cabecitas.
[20]
INF A semente era a linhaça.
[21]
Chamava-se era a linhaça.
[22]
Até vi- Até chegavam a andar a perguntar nela, a comprá-la por mor de levar para as farmácias. Para, para, para
[23]
INF Que era bom para m- para medicamentos.
[24]
INF Para medicamentos.
[25]
[vocalização] Ele vinham muito comprá-la.
[26]
Até ele, em primeiro, na minha criação,
[27]
que a gente semeava muito.
[28]
E depois a gente, ao fim de o ripar, ia então a gente a mergulhá-lo no rio.
[29]
Tinha ali
[30]
INF Primeiro, era
[31]
quando o apanhava era n- no ripe. Era um
[32]
INF Era uma coisa assim num pau, num, num
[33]
INF como é num banco, assim um coiso de ferro, assim alto
[34]
INF Estavam a ripar,
[35]
estávamos a ripá-lo, e assim.
[36]
E caía a baganha para o chão, ou ou a semente a a baganha para o chão ,
[37]
e depois botávamos aquela baganha ao sol.
[38]
E aquilo, depois, o sol é que tirava [vocalização] a semente, é que tirava a linhaça é que se tirava a linhaça.
[39]
A gente Eu sabia-lhe dar as voltas todas.
[40]
E depois, então, a gente, ao fim de, de de se estar a [verbo], botava-o no rio assim uns tantos dias.
[41]
Tinha a gente aquilo a
[42]
INF É conforme.
[43]
[pausa] A água A água, conforme está mais quente, curtia-o mais depressa.
[44]
A gente ia buscar,
[45]
ia tirar uma uma mancheia
[46]
e botava-o ao sol,
[47]
e secava,
[48]
e daí a um bocado a gente experimentava-o.
[49]
Era então uma tasca numa tasca que a gente o, o o botava.
[50]
Depois ao fim de o t-, de o, de o de o tascar, [vocalização] botava-o a gente aos molhinhos,
[51]
e botava-o depois num sedeiro.
[52]
Era um sedeiro a assedá-lo;
[53]
e depois fiava-o;
[54]
depois, ao fim de o fiar, [vocalização] a gente fazia na na roca
[55]
INF Na roca.
[56]
Botava-o a gente numa roca.
[57]
E tinha a gente assim uma roca, assim de cana assim com um, com um, com um, com um;
[58]
tinha assim,
[59]
botava-lhe assim uma rodelazita diante
[60]
e ficava assim
[61]
E depois ia com com um fuso [vocalização] tinha o fuso ,
[62]
a gente fiava-o.
[63]
E depois ia-o fiando,
[64]
ficavam assim umas maçarocas.
[65]
E depois levávamospara o para um
[66]
Chamávamos nós um argadilho. E depois [vocalização]
[67]
INF Ele não.
[68]
Ai, eram lavadas!
[69]
Ao fim de de, de
[70]
Botava-o a gente num argadilho
[71]
e depois tirava a gente as meadas.
[72]
A gente dava as voltas
[73]
e tirava meadas.
[74]
Depois, aquelas meadas, botava [vocalização] emborralhava-se em b- em borralha do forno, donde a gente cozia o pão naquela borralha ,
[75]
e botava-se a cozer num nuns cestos, assim nuns cestos grandes no forno, onde a gente cozia o pão.
[76]
cozia [vocalização] Aquecia muito o forno
[77]
INF e coziam-se aquelas meadas.
[78]
Depois tiravam-se então,
[79]
ia a gente lavá-las bem lavadinhas
[80]
e corava-as!
[81]
INF Ao rio.
[82]
Ao rio, e quem não tem rio, numa ribeira ou num barroco.
[83]
E a gente depois levava então
[84]
[vocalização] Lavava-as bem lavadinhas
[85]
e botava-as a gente a corar assim nos sítios, assim relveirinhos, a corar.
[86]
E ficavam então branquinhas e branquinhas!
[87]
INF Depois, ao fim de estarem então branquinhas que a gente depois enxugava-as , lavava-as umas poucas de vezes.
[88]
Eram lavadas m-, em muita vez, bem lavadinhas, bem lavadinhas,
[89]
ficava aquele aquele fio bem branquinho, bem [vocalização] muito branquinho;
[90]
e levava-o,
[91]
botava-o a gente então naquela dobadoura que, ali, vossemecê ali .
[92]
É naquela dobadoura que faz a gente então os novelos,
[93]
e depois é que ia para o tear.
[94]
E quando está no no tear, aquilo muita volta!
[95]
O linho dava muita volta.
[96]
INF Saía a [vocalização] rasta.
[97]
Saíam rastas, assim as rastas.
[98]
INF Era a baganha.
[99]
E a gente botava aquela baganha ao sol,
[100]
INF e depois até largar a semente.

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