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Fontinhas, excerto 13

LocalidadeFontinhas (Praia da Vitória, Angra do Heroísmo)
AssuntoAs festas religiosas e profanas
Informante(s) Brás Bráulio

Text: -

[1]
INF1 No sábado, quando é aí quatro horas da manhã, eu estou em casa do do imperador.
[2]
Quando eu chego, o imperador dá um bombão grande – que é um foguete grande.
[3]
Os seus convidados já sabem que o marchante que chegou.
[4]
E correm logo para ir ajudar, está a perceber?
[5]
INF1 Sim, marchante,
[6]
sou eu.
[7]
INF1 Marchante é o homem que mata reses,
[8]
é o homem que corta carne,
[9]
é o homem…
[10]
Está a perceber?
[11]
INF1 Sim.
[12]
Quer dizer, o mestre é um homem que sabe, não é?
[13]
INF1 E como também o marchante é um homem que saiba, porque se não soubesse não o fazia, não é?
[14]
INF1 Mas, quer dizer, eu sempre ouvi dizer: "Olha, é o marchante".
[15]
É o homem que mata as reses, o homem que corta a carne, não é?
[16]
INF1 É o marchante.
[17]
INF2 Mas é tudo o mesmo.
[18]
INF1 É tudo o mesmo.
[19]
Ser o mestre ou ser o marchante…
[20]
INF1 Eu chego
[21]
e ele dá um foguete grande.
[22]
INF1 Quando dá um foguete grande, eu já vejo os vizinhos sairem e virem para ajudar porque já sabem que eu que cheguei.
[23]
INF1 Depois quando esses homens chegam, pois há ali uma distribuição, [pausa] da manhã, de um bocadinho de massa doce – não é? –, um calicezinho de aguardente, porque aquele ar é frio, da manhã cedo,
[24]
e depois a gente pega a cortar carne.
[25]
Ora [vocalização], cortar carne, aquilo ele tem várias divisões:
[26]
eu vou dividindo carne para alcatra,
[27]
vou dividindo carne para sopa,
[28]
vou dividindo carne para esmolas.
[29]
Porque depois há umas esmolas dadas aos convidados: um quilo e meio de carne a cada casa.
[30]
A quem ele convidou, está a perceber?
[31]
Portanto, eu vou cortando:
[32]
a carne que é própria para sopa, eu vou apartando para sopa;
[33]
a carne que é própria para alcatra eu vou apartando para alcatra;
[34]
a carne que é própria para fazer um presente bonito para dar a este ou àquele, pois eu vou-a cortando.
[35]
E continuo ao domingo, até acabar ao sábado, até acabar a carne, sempre desta forma.
[36]
À maneira em que eu vou partindo, ele já vai distribuindo;
[37]
são crianças que vão distribuindo por casa dos convidados a quem ele convidou.
[38]
Aí por volta das dez horas, pois a gente resolve um almoço – não é? –, com bifes.
[39]
Às vezes, bifes grelhados que eu faço mesmo na ocasião.
[40]
Até que já se deu de eu estar a partir a carne – não é? –, e mais colegas meus a ajudar e, para não dar o trabalho às mulheres, a gente amanha uma grelha
[41]
e [vocalização] a gente faz ali um braseal
[42]
e ali a gente grelha os bifes – não é? –,
[43]
e a gente come mesmo ali, quer dizer, [pausa] uma coisa de risada – não é? –, uma festa que a gente faz ali, a beber uns copos, até acabar as carnes.
[44]
E [vocalização] quando se acaba de partir as carnes, eu então, nessa altura, tenho as alcatras para fazer.
[45]
Faço as alcatras
[46]
[pausa] e salgo a carne que é para a sopa.
[47]
Quer dizer, preparar tudo para o dia seguinte – que é no domingo – estar tudo em ordem:
[48]
estão as alcatras feitas, [vocalização] a carne da sopa salgadinha, do sábado, que é para no domingo de manhã então é que a gente prepará-la para a sopa.

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