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Fontinhas, excerto 70

LocalidadeFontinhas (Praia da Vitória, Angra do Heroísmo)
AssuntoA agricultura
Informante(s) Camolino Celisa

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[1]
INF1 Começa no mês de Janeiro [pausa] a semear trigo.
[2]
E depois
[3]
E semeia-se em Fevereiro também trigo, mas
[4]
Mas é põe-se é princípio de Janeiro.
[5]
N- No Janeiro é que se semeia o trigo.
[6]
E depois é que, passado da sementeira do trigo, passa-se à sementeira do milho.
[7]
A não ser, por exemplo, batatas ou [vocalização] umas coisas assim parecidas a esta é que é antes do milho.
[8]
E depois quando é ali em Abril [pausa] Março, em Março se semeia muito, o milho, mas então a força é em Abril é que se é que então que se pega à sementeira dos milhos.
[9]
E depois vai andando por ali abaixo,
[10]
na nessa altura não mais sementeiras nenhumas a fazer, senão depois quando é adiante
[11]
[pausa] Quando é adiante [vocalização], em Agosto, [pausa] é que então aquelas ceifas das searas.
[12]
Mas ele hoje não searas.
[13]
Aqui na nossa terra, depois que veio de fora [vocalização] uma qualidade de melros capatasque ou capatasco, ou não sei que diabo é, esse melro hoje limpa tudo .
[14]
Arreia,
[15]
limpa tudo!
[16]
É uma desgraça!
[17]
Que eles semeavam muita terra de trigo,
[18]
[pausa] mas ele a, aqu- aquela raça daquele melro rapavam-lhe tudo!
[19]
Eles deixaram de semear por causa disso.
[20]
[vocalização] Então começa ali no mês de Agosto,
[21]
começa-se ele a ceifar,
[22]
e depois é
[23]
INF2 A duas semanas de Santa Isabel.
[24]
INF1 [vocalização] Santa Isabel, sim.
[25]
INF2 É Julho.
[26]
Junho, Julho, junto.
[27]
Ficava em Santa Isabel, que os antigos diziam isto!
[28]
INF1 [vocalização] Começa-se a ceifar.
[29]
[vocalização] Começa-se a ceifar [pausa] essas terras
[30]
INF1 Começa-se a ceifar
[31]
e [vocalização] e depois acabam-se as ceifas,
[32]
ele tem feijães para apanhar,
[33]
tem batata doce
[34]
INF2 Acabavam-se as ceifas,
[35]
era ir para a eira com os trigos.
[36]
INF1 Ah, ele hoje vão é para as para as qualidades daquelas debulhadoras.
[37]
INF2 Agora é para as para as debulhadoras.
[38]
INF2 Antigamente é que era assim.
[39]
INF1 Era, era.
[40]
Era ele na, no nas eiras!
[41]
INF2 Nas eiras com com um rolo grande com as reses de roda.
[42]
INF1 Era nas eiras com com reses,
[43]
faziam uma volta de roda.
[44]
INF2 Redonda.
[45]
INF1 E [vocalização] E a gente estendia aquelas
[46]
INF2 Espalhava aquelas gavelas todas naquelas naquelas eiras.
[47]
Dura!
[48]
Que aquilo estava dura como um osso ou como uma massa.
[49]
INF1 Estendia aquelas camadas, porque aquilo era ceifado, era engavelado.
[50]
Hoje é ceifado é com a máquina mesmo.
[51]
INF1 A máquina entra por aquela seara dentro
[52]
e pega a andar de roda, para ir por fora da seara, sim,
[53]
e ela vai amarrando
[54]
e vai deixando aquilo atrás e
[55]
INF2 Agora, que a gente ceifava era de foices.
[56]
INF1 Fica tudo pronto.
[57]
Mas naquele tempo não era assim.
[58]
Naquele tempo, a gente ceifava com umas foices apropriadas para aquilo,
[59]
e depois a gente cortava uma manchinha de seara,
[60]
e depois enrolava-se uma coisinha de roda,
[61]
prendia neste dedo,
[62]
e depois tornava-se a ceifar outra manchinha
[63]
e tornava-se a prender nele,
[64]
depois tornava-se a enrolar outra vez,
[65]
tornava-se a prender nele, até que fazia uma, uma man- uma manchinha grande.
[66]
INF2 Uma gavelazinha, uma mancheia perfeita.
[67]
INF1 Botava-se [pausa] uma mancheia assim aqui, atravessada assim,
[68]
depois botava-se duas assim para aqui,
[69]
e depois botava-se duas assim para aqui,
[70]
[pausa] e depois botava-se uma a fechar.
[71]
INF2 Era encruzadas.
[72]
INF1 Era seis an- antes tratavam era por gavelas ,
[73]
seis gavelas de trigo [vocalização] é que se botava naquele montinho.
[74]
Ia-se ceifando e botando aqueles montinhos atrás da gente.
[75]
INF2 Ficava aquilo aos montinhos pelo cerrado fora.
[76]
INF1 É.
[77]
E depois a gente ia, [pausa] da, da, da seara mesmo [pausa] da seara mesmo,
[78]
a gente é que fazia os atilhos.
[79]
INF2 Sim, [pausa] em carreira direita.
[80]
INF1 Arrancava-se a seara
[81]
e depois fazia-se aquele atilho ao da espiga
[82]
e é que a gente amarrava aquela seara.
[83]
INF1 E depois ela ia para a eira aquela seara acartava-se com carros , para as eiras,
[84]
depois quando era quando esta- que estava nas condiçães era ali no mês de Agosto sempre , [vocalização] a gente então debulhava com as reses.
[85]
Estendiam aquela seara,
[86]
tinha trilhos eu não tenho, se tivesse eu mostrava ao senhor ,
[87]
[vocalização] tinha trilhos,
[88]
a gente prendia aquelas reses naqueles trilhos,
[89]
e aqueles trilhos
[90]
[pausa] Olhe talvez [pausa] mais ou menos é isto de largura.
[91]
INF2 Havia de ser sim.
[92]
INF1 Deve ser uma coisa que mais ou menos é isto de largura.
[93]
INF2 Era umas tábuas.
[94]
INF1 E agora era aquelas tábuas
[95]
[pausa] eram furadas [vocalização] com [vocalização] ,
[96]
metiam-se assim umas pedrinhas, dessas pedrinhas biscoiteiras, que é uma pedrinha favada.
[97]
INF1 A gente a mete- tinha aqueles trilhos,
[98]
metia daquelas pedrinhas,
[99]
e aquelas pedrinhas é que iam esfregando por riba daquela seara fora
[100]
e é que ia andando, andando, até que até que aquilo ficava moído, o trigo moído,

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