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Unhais da Serra, excerto 1

LocationUnhais da Serra (Covilhã, Castelo Branco)
SubjectA criação de gado
Informant(s) Délio
SurveyALEPG
Survey year1997
Interviewer(s)João Saramago Gabriela Vitorino
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMélanie Pereira
LemmatizationDiana Reis

Text: -

[1]
INF Chamavam-no boeiro [pausa] das vacas.
[2]
INF Era o boeiro.
[3]
INF É o que agora aí anda na serra.
[4]
Olhem, [vocalização] em tempos, punham metiam boeiros a guardar a, a as vacas.
[5]
Chamavam-nos boeiros.
[6]
Agora botam-nos à mata
[7]
e vão para onde querem.
[8]
Às vezes vêm aqui ter às manadas.
[9]
Dão aí cabo do que cá há feito.
[10]
INF Isso havia de ser…
[11]
Isso havia de ser proibido!
[12]
INF Ou porem-lhe um pastor.
[13]
INF Porem-lhe um boeiro.
[14]
INF Não há.
[15]
Não há.
[16]
Não…
[17]
Ninguém…
[18]
INF Botam-nas à mata para a serra
[19]
e para lá andam.
[20]
Os senhores se forem lá em cima onde chamamos a a Torre e ali a serra, vê lá mais de trezentos ou quatrocentos bezerros por aí afora.
[21]
INF Sozinhos.
[22]
INF [vocalização] Vêm aqui ter às manadas ao terreiro.
[23]
Falta-lhe lá a comida,
[24]
vêm à pergunta dela.
[25]
A mim, aqui, têm-me eles dado, de Inverno, bastante prejuízo.
[26]
INF É manadas de bezerros.
[27]
[pausa] Os bezerros.
[28]
INF Não é?
[29]
É,
[30]
é uma boiada de bezerros.
[31]
Ou [vocalização] Chamam manadas
[32]
e chamam [pausa] boiada.
[33]
INF "Vem É uma boiada de bezerros que aí vem!
[34]
Vem dar prejuízo"!
[35]
Dum ano para O outro ano até aqui as hortas comeram, e couves, e tudo.
[36]
E a gente ainda os vai avisar,
[37]
ainda ameaçam para bater.
[38]
[pausa] Está a ver como anda isto?
[39]
É assim.

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