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Unhais da Serra, excerto 8

LocationUnhais da Serra (Covilhã, Castelo Branco)
SubjectOs animais bravios
Informant(s) Delmiro Dinora
SurveyALEPG
Survey year1997
Interviewer(s)Gabriela Vitorino
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMélanie Pereira
LemmatizationDiana Reis

Text: -


[1]
INF1 E a mim os lobos fizeram-me a meter ao, com licença de vocês, com o cu atrás duma em cima, num prédio.
[2]
Estava a dormir mais o meu pai e o meu irmão que ainda está
[3]
e eu tive medo.
[4]
Se não tivesse medo, dizia que não tive,
[5]
mas tive medo.
[6]
Estávamos a dormir e quando, [pausa] pela noite adiante a gente em cima deitava-se mais cedo que aqui , pela noite adiante, começa o cão:
[7]
"Ui, ui, ui, ui, ui, ui"!
[8]
Acordaram-me:
[9]
"Ó meu pai, andam os lobos".
[10]
E diz ele assim:
[11]
"Andam,
[12]
andam"!
[13]
Botaram-se-me ali às cabras na da Rosairinha era um lameiro que estava
[14]
"Eu vou ver"!
[15]
Então eu levanto-me, tranquilo
[16]
[vocalização] Eu ia desarmado [vocalização],
[17]
e e levanto-me,
[18]
abro a porta e
[19]
Quando eu abri a porta, ao mesmo tempo que abri a porta, saltaram para de cima do cão, que o cão que estava ali à porta.
[20]
[pausa] E o grande ladrão quando me a descer ali, em ceroulas, com a vela, quase que lhe parecia que eu que era alguma ovelha branca
[21]
[vocalização] e deixa de morder o cão, direito a mim.
[22]
E quando ele veio também é que eu tive medo.
[23]
INF1 Fico a meter ao cu atrás ao cão o traziam debaixo , [vocalização] ao cu atrás,
[24]
e disse: "Ó meu pai, acuda-me aqui"!
[25]
se levanta o meu pai e um irmão que eu ainda tenho sim, ele éramos quatro, agora somos dois ,
[26]
e vem o meu pai e meu irmão,
[27]
e vimo-lo escapar , aqui por este lado do do nascente.
[28]
O cão esteve-se ali um pouco a confranger,
[29]
rompeu por abaixo,
[30]
saiu de com outro:
[31]
um veio fazer frente à corte;
[32]
e o outro andava com umas milhas, ou maçarocas, ou ou figos, que havia naquele tempo.
[33]
Mas a gente era:
[34]
"Olha os ladrões"!
[35]
Olha, diz o meu pai:
[36]
"Olha que foram os que me ali deitaram às cabras, aqui na da Rosairinha.
[37]
Deitaram-se ali às cabras
[38]
e ele [pausa] não levaram nem uma!
[39]
, ainda tive sorte"!
[40]
Bom, deitáramos então,
[41]
mas estávamos ali muito tempo sem dormir, porque era na serra, tínhamos dormido.
[42]
E o cão estava sempre:
[43]
"Oh, trrr-trrr"!
[44]
INF2 Era um sinal.
[45]
INF1 Porque era muito batido deles.
[46]
INF2 Era um sinal.
[47]
INF1 E uma bela altura, o cão dormiu.
[48]
Nós depois quando não dormia ninguém, metíamos o cão no palheiro, para eles não lhe morderem.
[49]
Mas certa altura não metêramos o cão,
[50]
viéramos embora.
[51]
[pausa] Os ladrões foram ,
[52]
roeram a metade da porta
[53]
e depois, com licença de vomecês, não puderam vingar no que viam,
[54]
cagaram .
[55]
INF2 Cagaram à porta.
[56]
INF1 Cagaram à porta,
[57]
estava uma merenda.
[58]
E estava a po- a porta toda roída.
[59]
Depois comprámos-lhe até uma folha de zinco,
[60]
'pusémos-a' , que lhe ainda há-de estar.
[61]
Porque [vocalização] o nosso gado, o nosso e o desse ali, estava num ermo.
[62]
INF2 Estava muito longe!
[63]
INF1 Era muito longe.
[64]
estávamos De Verão e de Inverno estavam na serra.
[65]
de vinham quando a neve era muita.
[66]
E talvez os senhores vissem agora aqui uns dois anos ou três, os avi- [vocalização] os helicópteros a acartar as vacas
[67]
INF1 as vacas da da serra para baixo.
[68]
INF2 Da serra para baixo.
[69]
INF1 E agora tornam a andar.

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