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Vila Praia de Âncora, excerto 14

LocationVila Praia de Âncora (Caminha, Viana do Castelo)
SubjectOs barcos e a pesca
Informant(s) Aguinaldo Agrícola
SurveyALLP
Survey year1985
Interviewer(s)Gabriela Vitorino
TranscriptionSandra Pereira
RevisionErnestina Carrilho
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationCatarina Magro
LemmatizationDiana Reis

Text: -


[1]
INF1 E é isso que eles não sabem, sabe?
[2]
Porque está tudo a acudir ao arrasto, [pausa] tudo a acudir ao arrasto.
[3]
E ao fim e ao resto, a pesca artesanal, daqui a uns anos bem poucos anos vai acabar.
[4]
E depois como é que vai ser de nós?
[5]
Ora, se eles multassem desta maneira
[6]
É que eles, se contassem o pessoal que vive de, todas as famílias que vivem do arrasto, [pausa] hem, e os lucros que o arrasto, para os lucros que [pausa] a pesca artesanal do norte ao sul do país, e os, os os habitantes que estão a viver do mar, eles sabiam dar o valor.
[7]
Mas eles não dão.
[8]
Porque nós somos mais mais de de , isto é uma comparança
[9]
São mil [pausa] a trabalhar no arrasto,
[10]
e são quatro ou cinco ou sete, oito mil a trabalhar na pesca artesanal.
[11]
Adonde aqueles mil [pausa] vão viver [vocalização]
[12]
, os grandes latifundiários é que vivem sobre os pescadores, sem nunca irem ao mar.
[13]
O que querem é trazer muito peixe para a terra, seja da maneira que seja, mesmo desde que amanhã não haja um.
[14]
E os outros então nada.
[15]
Por isso, isso é protecção ao mar, porque em todas as nações dão protecção ao mar.
[16]
Até no marisco!, no Canadá [pausa] uma certa [vocalização]
[17]
INF2 Ainda bocado vi cair assim um lavagantinho deste tamanho.
[18]
INF1 Pois
[19]
Claro
[20]
INF2 Se fosse antigamente, não deixavam trazer para terra.
[21]
A lagosta tinha que ter vinte centímetros.
[22]
Tinha que se deitar ao mar.
[23]
INF1 Olhe, minha senhora, nós estamos nós somos pescadores
[24]
INF2 Se não tivesse vinte centímetros para cima, ia para o mar.
[25]
INF1 Nós somos pescadores,minha senhora,
[26]
e está aqui isto, que a senhora isto havia de ser proibido.
[27]
Mas nós somos obrigados a trabalhar com isto
[28]
Porque os outros trabalham, nós temos de trabalhar também.Depois
[29]
INF2 Se as autoridades proibissem por todo o lado, era muito melhor.
[30]
INF1 se, se Se vamos a deteriorar o mar, nós somos obrigados a ir também.
[31]
Mas isto havia de ser proibido total.
[32]
Era isto e o arrasto.
[33]
Porque isto, ova, não, não não apanha, ova não mata.
[34]
Mas apanha peixitos, [pausa]
[35]
INF1 assim, pequeninos.
[36]
INF2 um lavagante Apanha lavagantes como é o tamanho de camarões.
[37]
Trazem para a terra .
[38]
Faz de conta, se eu deito ao mar, [vocalização] digo assim: "Oh, eu deito ao mar,
[39]
outro não deita,
[40]
também o vou levar.
[41]
[vocalização] Aquele não deita,
[42]
eu também eu também o não deito".
[43]
Mas, faz de conta, se todos deitassem se todos fossem [pausa] porque assim.
[44]
INF2 Hoje aquele traz dez,
[45]
outro traz outros dez.
[46]
Outro dia outro traz dez,
[47]
outro traz dez.
[48]
Sempre a tirar durante o ano, vai chegar a um certo ponto que [pausa] muitas, muitas muitos [vocalização] filhos dos nossos [pausa] concerteza que nem sabem o que é a lagosta.
[49]
INF2 Mas, eu ajudei Este homem ajudou ajudou-me muito a apanhar, mais do que eu ainda.
[50]
Mas eu ajudei a apanhar centos e centos de lagostas, hem!
[51]
Centos de lagostas que eu ajudei a apanhar, hem!
[52]
Ele é mais velho que eu,
[53]
então ainda ajudou a apanhar muitas, muitas a muitos mais, porque ainda havia mais, naquele no tempo dele.
[54]
INF1 Pois havia,
[55]
naquele tempo havia.
[56]
INF2 E agora, [pausa] anda-se o ano inteiro,
[57]
não se apanha uma lagosta.

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