Representação em frases

Vila Praia de Âncora, excerto 20

LocalidadeVila Praia de Âncora (Caminha, Viana do Castelo)
AssuntoA sociedade
Informante(s) Agesilau Agostinha

Texto: -


[1]
INF1 Antes de vir para a minha casa, eu morava naquela casa da Almerindinha, onde é que está agora a a que comprou o Ajax do, do, o Aja-, o Ajax, ali da do Aloísio, homem.
[2]
Eu morava ali.
[3]
E essa casa era alugada a- aos avós desse rapaz, à, ao à Senhora Dona Agrícia e à e ao Senhor Aristágoras.
[4]
E esse rapaz era pequenino quando ele veio para a minha casa.
[5]
Depois, levou três anos seguidos.
[6]
E depois foram viver , os mais anos, foram viver para a casa da Agripina, acima, acolá .
[7]
INF2 Isso não interessa,
[8]
o que interessa é o roubo.
[9]
INF1 Espera .
[10]
Ora bem
[11]
INF2 Senão nunca mais saímos daqui.
[12]
INF1 Mas eu estou a contar o que é.
[13]
INF2 Está bem
[14]
INF1 Morreram os avós, sabes,
[15]
ficou ele e uma tia deste este rapaz.
[16]
No dia um No dia catorze de Agosto, vieram aqui para lhe alugar um dois quartos para alugar dois quartos!
[17]
Oh, mulher, era gente conhecida
[18]
INF2 Alugastes vós os quartos.
[19]
INF1 Alugámos os quartos da minha filha, dois quartos.
[20]
Dali a três dias, disse assim ele: "Senhora Aida, a porta da, da, da da estrada não fecha bem.
[21]
A Senhora, se me desse a chave das traseiras, eu saía pelas por as traseiras".
[22]
"Está bem, ó Senhor Aristarco,
[23]
tome a chave", e tal.
[24]
E deu-lha.
[25]
Deu-lha
[26]
Ora bem, eles trouxeram uma rapariga dali do Porto, de quinze anos.
[27]
E essa rapariga roubou-lhe, ao pai,
[28]
apanhou-lhe ao pai [pausa] um cheque [pausa] de cento e sessenta contos,
[29]
e fugiu com o gajo [pausa] e o ouro.
[30]
INF2 Com o tal Aristarco.
[31]
INF1 Sim, o tal Aristarco.
[32]
INF2 Ai, Aristarco!
[33]
INF1 Palavra de honra!
[34]
Eu aluguei-lhe a casa.
[35]
Nada de saber.
[36]
No dia sete, tiveram uma parte
[37]
um aparte e foi a guarda foi buscá-lo ali.
[38]
Foi buscá- A guarda foi buscá-lo à ca-, à à casa.
[39]
Por causa da rapariga parte da da, da polícia de Lisboa.
[40]
E foi para a guarda.
[41]
A minha mulher deu: "Ó Seu Al-"!
[42]
"Ó senho- Aida, não esteja aí- não esteja com dúvidas, que isto não é nada.
[43]
Eu quero logo falar consigo".
[44]
No dia sete [pausa] deste mês.
[45]
No dia sete, veio da guarda, roubou-me minhas, da minha mulhe-, do meu rapaz, que é do meu rapaz vinte garrafas de uísque.
[46]
À minha filha, roubou-lhe [pausa] noventa garrafas de todas as espécies de uísque, de brande, de tudo que trazi- que trazia da França.
[47]
INF2 Tinha alguma Tinha alguma carrinha para levar isso então.
[48]
INF1 Espera .
[49]
Roubou-me uma motosserra [pausa] de cinquenta contos, aquela grande de gasolina, de ga-, de gasoli- sem estrear.
[50]
INF2 Isso era para vender, que ele não ia para o monte com ela.
[51]
INF1 Não, homem!
[52]
INF2 Não era para trabalhar com ela.
[53]
INF1 Mas houve quem visse!
[54]
Mas não lhe fadava,
[55]
não o fadava, sabe?
[56]
A vizinhança viu tudo, a carri- uma carrinha amarela.

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