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ALV03

Alvor, excerto 3

LocationAlvor (Portimão, Faro)
SubjectA sociedade
Informant(s) Ápio Apolinário
SurveyALEPG
Survey year1977
Interviewer(s)José Sobral
TranscriptionSandra Pereira
RevisionErnestina Carrilho
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationCatarina Magro
LemmatizationDiana Reis

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INF1 E nós, [pausa] a sacrificar, vamos à isca. A minha mulher é como a trabalhar. E trabalha de noite e de dia! E de noite também. Levanta-se às cinco horas da manhã [pausa] para ajudar a vida, para a gente [vocalização] resgatar a vida. E estão a atravessar a vida [pausa] do pobre E fazer mal ao Estado! Ele é o Estado O rio O Estado, ele pode pagar aos quinhentos escudos por ano que ele pague a um conto e quinhentos. A um conto e quinhentos, a gente, se calhar a coisa bem A gente pode- podemos pôr perder as nossas artes tanta arte que a gente tem Tantos contos réis que estavam empregados. Não julgue o senhor, uma arte destas custa quase três contos. Quase. Este anzolinho está não havia de estar mas está Estava a seis escudos, o ano passado, seis e quinhentos, este a- agora está a vinte nove escudos! Uma madeixa de sedela destas [pausa] estava [vocalização] a cen- a, a nov- a oitenta [pausa] e cinco escudos quatro anos! Subiu, subiu. dois anos dois anos estava a noventa e [vocalização] cinco, depois a cento e vinte, agora está a trezentos [pausa] e cinquenta! E não . O que subiu as coisas! Está bem, eu acho justo, mai-, ainda sobem mais da conta. Não havia de vir a ser justificado? Sim, vem do estrangeiro Se a madeixa sedela vem do estrangeiro [pausa] por cento e cinquenta mil réis, qual é a razão de vender a trezentos e trinta? O que não vem elevado! Porque agora parece-me a mim que comprei uns anzóis Que a um viajante, dois meses, vi eu levar anzóis para vender a vinte e seis [vocalização] Para ele venderam-lhe a doze escudos e ele podia vender a vinte dois. Portanto que as coisas vêm baratas. O mais, eles estão têm os seus operários, têm [vocalização] é claro, têm os seus Nas casas têm que pagar, mas isto também não é assim que se faz.

INQ Pois.

INF1 Bem, tem que ter uma percentagem, a gente sabe disso, as coisas estão caras, eles também Um homem ganha nove ou dez contos. A gente sabe bem disso. Mas as coisas é tudo normal. Aumenta este [vocalização] Foram aumentados cem, está a vinte nove escudos os anzóis, para o mês que vem está a trinta, para o outro mês Então como é que é que isto ele é feito?!

INF2 E não !

INF1 E não E não que se fechem. Não pode ser assim. A gente conhece que têm que ganhar. Eles estão ali Eu ganhar da minha vida e eles ganharam da deles! Mas não poderá ser assim tudo à barrigada. Que mais tarde quem tem fome morre. [vocalização] E a coisa prolonga-se pelo lado do mal Sempre a gente explorar o outro, matar o outro, explorar, explorar! Queremos é igualdade, mas quer dizer [pausa] tudo viver de barriga cheia. " para mim"! Então e como é os outros? Como é os nossos filhos? É porque eu hoje tenho negócio que os meus filhos amanhã podem ir trabalhando. E a gente temos que levar-lhe alguma coisa. Porque a gente, nós precisarmos de alimento, precisamos. Mas temos que ser iguais . E não somos. Ainda somos menos que era-se antigamente. Agora ainda é cada vez pior. Sim, se aquele vende a dezano- a vinte nove, ele, se puder, vende a trinta e cinco, o outro vende a quarenta e nove, e coisa e tal. E a gente sabe que temos que ganhar, temos Porque hoje é assim. É demais, explora-se é demais! E cada vez pior!


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