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CPT53

Carrapatelo, excerto 53

LocationCarrapatelo (Reguengos de Monsaraz, Évora)
SubjectNão aplicável
Informant(s) Hermes
SurveyALEPG
Survey year1979
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMélanie Pereira
LemmatizationDiana Reis

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INF O cante alentejano era bonito! É, era bonito! Eu era perdido por este por o cante alentejano. Eu ensinava até a cantar cantes. Eu fazia cantes alentejanos. Hoje [pausa] vossemecês podem-se admirar , mas eu, hoje, eu tenho tido essa telefonia, e ouço cantar estrangeiros, não ligo àquilo. Não senhor! Não ligo àquilo. Eu não sei o que aquilo é! Nem lhe conheço Não Não sei o que eles dizem nem o que eles cantam. E o cante é também tão diferente! Pois. Não Eu não ligo, muitas das vezes, ao cante estrangeiro. Não senhor! Não ligo. Então, são coisas! Porque eu cantava e cantava! [pausa] Porque em eu começando a cantar, juntavam-se grupos de pessoas de roda de mim. Pois. Hoje é que não presto. Mas: "Ó Alentejo não desprezes o teu cante alentejano, esse cante do estrangeiro para ti é um engano. Para ti é um engano, tu andas enganado, ó Alentejo não desprezes o que sempre tens cantado". Isso são tudo coisas feitas por mim. Pois. E às vezes ouço essa gente estrangeira, ah, eu não percebo dali nada, nem sei o que eles dizem, não sei se os versos são bons nem se são ruins. Não percebo as palavras! O cante também é uma coisa para ali sem talho nem feição, eu não sei o que aquilo é. Pois. Uma vez ouvi um festival [pausa] um festival de dumas poucas de nações , cantaram [pausa] umas poucas, nove ou dez pessoas, aonde cantou uma inglesa, uma rapariguita nova inglesa aparecia na televisão, eu estava a ver na televisão. Eu não sabia o que ela dizia isso não sabia , mas cantava tão bem, tão bem, tão bem que eu até não sabia o que havia de dizer àquilo, tão bem que cantava! Vi doutra vez um outra outro festival, eram portugueses, eram nove, parece. [pausa] A pessoa que eu ouvi cantar melhor, para o meu gosto, foi a que não lhe deram pontos nenhuns. Digo: "Ora esta"! Cantaram uns, como lhe digo, aquilo não era nada, tinham para ali pontos que era aos cinco e aos seis e às dúzias, e esta tão bem que cantava não lhe deram pontos nenhuns! "Eh mãe santíssima"! Doutra vez, ouvi outro festival, eram três a cantar, cada um de sua vez. O melhor que cantou estava tocando num violão: "Eu mais o meu violão, ão, ão, ão, ão! Eu mais o meu violão, ão, ão, ão, ão! Eu mais o meu violão, ão, ão, ão, ão"! Digo: "Ora, ora, ora, o que é isto senhor"?! Risos É assim que E ainda foi o que cantou melhor dessa vez, mais ao meu gosto. Mas dizia isto: "Eu mais o meu violão, ão, ão, ão, ão"!


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