CRV32

Vila do Corvo, excerto 32

LocalidadeVila do Corvo (Corvo, Horta)
AssuntoNão aplicável
Informante(s) Feliciano Felício
InquéritoALEPG
Ano do inquérito1979
Inquiridor(es)João Saramago Gabriela Vitorino
TranscriçãoSandra Pereira
RevisãoAna Maria Martins
Anotação POSSandra Pereira
Anotação sintáticaSandra Pereira Márcia Bolrinha
LematizaçãoDiana Reis

O script do Java parece estar desligado, ou então houve um erro de comunicação. Ligue o script do Java para mais opções de representação.


INQ1 Uma barroca, o que é?

INF1 A barroca é um [vocalização] um bocado de terra sem sem pedra. Ainda que tenha alguma pedra, logo que é terra e é alta, chamam barroca.

INQ2 Mas sem pedra?

INF1 Sim senhora.

INF2 Se tem alguma pedra é daquelas pequenitas.

INQ2 se for de terra?

INF1 que tem terra, porque ainda que tenha alguma pedra, porque [vocalização] é raro [vocalização] haver terra sem ter pedra caldeada nela.

INQ2 Pois.

INF1 Mas logo que é terra

INF2 Ele se tem terra, chamam logo barroca.

INF1 É barroca.

INQ2 E se for de pedra, assim um?

INF1 É uma pedreira. [pausa] Pedreira ou uma verga ou [vocalização] O mais é pedreira!

INQ1 Rhum-rhum. Olhe, e ali, para cima um, uns sítios que até têm uma, querendo-se abrigar quando chove

INF1 É furnas.

INQ1 Aquela ribeira que fica antes do Ai, com o diabo! Como é que se chama aquele sítio quando se vira para a, para a Casinha Velha e que se vai para o Pico?

INF1 É Outeiro da Roça.

INQ1 Olhe, uma ribeira antes do Outeiro da Roça?

INF1 A Ribeira da Lapa.

INQ1 Nunca chamam lapa à gruta?

INQ2 Nunca chamam lapas àquelas pedras que estão assim, onde as pessoas se abrigam?

INF1 Não senhora. Nada.

INF2 Chama-se furna.

INF1 É uma furna.

INF2 Aqui é a furna.

INF1 A furna. Logo que tem abrigo para ele para nós nos abrigarmos é uma furna.

INQ1 Olhe

INF1 Ou uma aba. [pausa] Uma aba. Se ele Se é agora ao da de um rochedo que tem agora

INQ2 Pois.

INF1 Fica inclinado. [vocalização] "Abriguei-me [pausa] em tal sítio, numa aba assim". E agora furna, faziam-se furnas agora, fa- furnas, era a cavar agora no numa barroca como eu disse, [pausa] para os animais se abrigarem . Os porcos, por exemplo, quando iam para o baldio punham-nos no Verão temporadas grandes; iam para alguns em Março e vinham agora por este tempo então aquilo ele um abrigozinho para dormir de noite, agora ele no tempo frio.

INQ2 Pois.

INF1 Faziam-se agora furnas nessas barrocas para eles se abrigarem . E também se faziam furnas em certos sítios para a gente se abrigar, ele em certos dias. Hoje não querem isso. Mas eu mais o Felício nos abrigámos muitas vezes. Estávamos de manhã até à noite metidos nessas furnas, a chover, para se trazer o leite das vacas à noite. Mas agora vêm para casa, que é mu- é muito mais prático e muito melhor saúde! É, é!


Guardar XMLDescarregar textoRepresentação da onda sonoraRepresentação em frases