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MIG56

Ponta Garça, excerto 56

LocationPonta Garça (Vila Franca do Campo, Ponta Delgada)
SubjectNão aplicável
Informant(s) Andreia Amílcar
SurveyALEPG
Survey year1996
Interviewer(s)João Saramago Gabriela Vitorino
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMélanie Pereira
LemmatizationDiana Reis

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INF1 Aquilo é as cabaças donde a gente arrumavam as [vocalização]

INF2 Sementes.

INF1 As sementes. [pausa] Eu também nunca as desprezei. Até com aquelas eu disse: "Não se [vocalização] " Isso veio [vocalização] quando tiraram tudo de cima de casa de de meu irmão. E eu [vocalização] fui Mesmo os capachos, a canga

INQ1 Mas a?

INF1 E [vocalização] E eu dei muita coisa para o museu: o carro de bois; o carro de bois do papá! Está em baixo no museu.

INF2 Foi para o museu.

INF1 Foi. Eu dei-o ao museu. Eu dei-o ao museu na condição: um dia que a gente queiram fazer uma festa ou coisa, eles

INF2 Poder levantar?

INF1 Sim, poder levantar. Eu ofereci. Ele aquilo deixava-me dinheiro mas eu disse: "Eu quero que me estimem isso"! Porque se eu tivesse lugar, [pausa] eu [pausa] botava era aqui.

INF2 é que está bem estimado.

INQ2 Pois.

INF1 Mas aquilo , eu disse: "Não é para me porem à água"! Eles disseram que não. Ele está bem estimado. Eu dei muita coisa! [vocalização] O senhor [vocalização] Amílcar não é? [pausa] conhece aquelas caixas que levavam para a tropa, [pausa] que era abertas é metade aberto?

INF2 É, Amílcar. Não conheço?!

INF1 Eu dei uma também para o [vocalização]

INF2

INF1 É o senhor doutor Anaxágoras, [pausa] para arrumar as suas roupas.

INF2 Cada um levava a sua caixa para para arrumar as suas roupas. Mas sabe que hoje em dia não é assim. Porque É que hoje em dia, o [vocalização] o quartel é que as caixas. Mas no tempo que eu fui para a tropa, a gente é que levavam a caixa de casa.

INF1 É. O meu irmão também quando foi [vocalização] levou sua caixa. O senhor doutor Anaxágoras [pausa] esteve e gostou muito de muita coisa. Gostou de muita coisa ele que a gente tem: a banca de meu irmão lavar de lavarem os pés, a trempe. Coisas assim muito antigas: um alguidar quebrado, uma balsa. Ele ele gostou muito e eu

INQ2 A balsa era o quê?

INF1 Era [vocalização] uma salgadeira de salgar

INF2 Em barro.

INQ2 Em barro?

INF1 É em barro.

INF2 É, sim senhora. É em barro. Ainda tenho uma no A senhora quando foi tirar a fotografia ao quintal tinha uma [pausa] cheia de [pausa] cheia de terra, para ele [vocalização] para qualquer dia despejar a terra e lavá-la também para [vocalização] fazer o sal com ela.

INQ2 Ah! Eu não vi.

INF1 De terra. [pausa] Ah, ainda ele o senhor Aristóbulo ainda salga nela?!

INF2 Eu tenho! Eu ainda tenho, tenho!

INF1 Rhum-rhum. As minhas e [vocalização]

INF2 Ainda tenho uma.

INF1 A última que eu tinha, ele o senhor do museu levou-a. Ele gostou muito e eu disse: "Ah, senhor, pronto! O senhor leva consigo".

INQ2 Rhum-rhum. Pois é. Essas coisas é bom estar nos museus porque a gente sempre vai e e

INF1 A gente é, é e [vocalização] está mais bem guardado do que seja em

INQ2 Pois.

INF2 Pois é porque agora não se [vocalização] Por exemplo, os carros de bois não é? aquilo ocupa muito lugar. É preciso estar estar num lugar à abrigada, não é?

INQ2 Pois é.

INF2 não não usam aquilo.

INF1 Aquilo quase que tem cinco metros de comprido. Não tem?

INF2 Ah! Cabeçalho e tudo! Cabeçalho e tudo!

INF1 Ah, é o cabeçalho e tudo.

INF2 É mais ou menos isso. Os carros aqui [vocalização] eram grandes.

INF1 Eram enormes esses carros! Azeviche!

INF2 Os nossos carros aqui eram

INQ2 Cinco metros de comprido?

INF2 Era a freguesia que os carros eram mais grandes eram os nossos carros aqui.

INF1 Era.

INF2 A gente vêem carros nas outras freguesias, que ainda , mas muito mais pequeninos do que os nossos.

INQ2 Hum!

INF2 Mesmo nas ilhas para fora, a gente, às vezes, na televisão, vêem é como carrinhos [pausa] pequeninos, não é?

INQ2 Pois. É.

INF2 Os nossos carros eram grandes. E então quando carregavam milhos! Porque isso ele eram grandes seves de milho!

INQ2 Pois.

INF1 Ele o senhor Anaxarco da Carreira chegou a fazer uma seve.

INF2 Pois. É, é.

INF1 [vocalização] O museu é que lhe falou e diz que essa seve está no nosso carro.

INQ2 Ah!

INF1 Ele [vocalização] eu ainda não fui baixo ver porque papá tinha ali a sua arribana que era de arrumar os [vocalização] coisas, começou-se ele [vocalização] a estragar que era de milheiros, de coisas assim e [vocalização] [pausa] pronto!

INF2 Pois. Fica tudo ao ar livre.

INF1 Eu não lhe dei para o museu mais cedo porque o Celso nunca deixou. Mas quando ele quando se partiram porque eu é que [vocalização] arrematei os bens de meu pai todos Quer dizer, não foi para mim! Mas eu é que avaliei [vocalização] Arrematei, eu arrematei. Eu não peguei em tudo para mim porque eu não quis. Dei uma parte a meu irmão e outra parte a Andresa, e a minha irmã Angélica, que o Celso recebeu foi dinheiro. E [vocalização] pronto! Depois que eu [vocalização] tenho o [vocalização] carro no meu poder, eu dei-lhe logo ao museu. Mandei-lhe logo dizer para eles virem-no buscar. A gente lhe fizeram

INQ2 Fez bem.

INQ3 Pois.

INF1 Eu pu-lo em baixo. Eu gosto muito de coisas antigas.

INQ2 Pois. Então e isso por cima do senhor é que é o?

INF1 É o milho.

INQ2 Milho quê?

INF1 É [vocalização] Isso é as maçarocas do milho.

INF2 Está ali o milho [vocalização] vermelho.

INQ2 Mas que milho? É um milho especial.

INF1 É o milho do pão.

INQ2 Mas é um milho vermelho, é especial.

INF1 Aquilo era antigamente, quando a gente estavam fazendo serões, [pausa] que a gente apanhavam uma maçaroca daquelas

INF2 É isso mesmo. Antigamente.

INQ2 O que é que faziam?

INF1 Oh [vocalização]! Iam dar um beijo

INF2 Faziam uma festa grande.

INF1 É, é. Ou [vocalização] acabava o serão [pausa] ou faziam os namorados, se tinha namorados

INF2 Oh, os rapazes, os rapazes beijavam aquelas raparigas, se for rapaz que achava a maçaroca Ou uma Ou uma rapariga é que achava a maçaroca: "Agora tens que dar um beijo nesse pessoal todo que está aqui dentro fazendo o serão".

INF1 E antigamente os noivos não se beijavam à vista das noivas e ali à vista dos pais!

INQ2 E ali podiam?!

INF1 E ali [vocalização]

INF2 Esse era obrigado!

INF1 Era obrigado a dar! Ali é que eles [vocalização] satisfaziam as suas vontades.

INQ2 E chamavam milho quê?

INF2 A gente A gente, ele primeiro tratavam isso era o milho-rei. Era como se

INF1 Era o milho-rei, era.

INF2 Era o milho-rei. Mas isso pode ter outro nome. A gente

INF1 Agora a gente chamam é o milho-mulato.


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