INF Isto, olhe, eu, isto não é meu.
INQ1 Está de renda, é?
INF Não. Eu até, aqui, não pago nada. Porque as pessoas, hoje em dia, não arrendam nada a ninguém . E fazem bem, sabe.
INQ1 Que é para as pessoas depois não ficarem lá.
INF Não é isso. É que as pessoas e depois tornam-se duma forma… Eu cá nem que tivesse mil casas eu não arrendava nenhuma. As pessoas depois querem a casa e querem muito. Isto há uma falta de respeito, num certo sentido, que eu não sei se as pessoas compreendem. "Sim, sim senhor. Isto não é meu". Está a ver? "O dono tem O dono tem preciso, eu terei que me desenrascar". Está você a rir? É que as pessoas não entendem.
INQ1 Pois.
INF Olhe, portanto, a levadazinha é isso aí.
INQ1 Ah, cá está.
INF Pois. Aqui por aí acima, aqui. [pausa] É sempre aqui esta esta valazinha. [pausa]
INQ1 Pois.
INF É esta valazinha sempre por aí acima, tudo até lá acima, como eu disse lá…
INQ1 Pois, pois.
INF Isto vai meter lá àquela ribeira. [pausa] Isto, eu não sei os anos que isto tem mas isto é muito velho. São coisas muito velhas. Porque os antigos só viviam disto. Não havia cá completamente essa advertência dos dos moinhos de ág-, de coisa, de de vento.
INQ1 Pois.
INF Sim senhora. Se quiser mais fruta, leve que vamos até lá adiante.
INQ2 Não, muito obrigado. Já me chega.
INQ1 Isto aqui é quê? Batata?
INQ2 Sabe tão bem!
INQ1 Não? Então o que é?
INF Feijão.
INQ2 Feijão.
INF E é pimentos. Pimenteiros. Além anda uma cunhada minha a mondar o feijão. [pausa] Anda a trabalhar, coitada, é doente, mas então? Está trabalhando. A vida é assim. Sim senhor. Pois eu [vocalização] estou à ordem das senhoras. Logo que querem ver mais algumas coisas, vamos.