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MTV15

Montalvo, excerto 15

LocationMontalvo (Constância, Santarém)
SubjectA oliveira, a azeitona e o azeite
Informant(s) Guilherme Guliver
SurveyALEPG
Survey year1991
Interviewer(s)Ernestina Carrilho Maria Lobo
TranscriptionSandra Pereira
RevisionMaria Lobo
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMárcia Bolrinha
LemmatizationDiana Reis

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INQ1 E depois, portanto, levavam as azeitonas para o lagar?

INF1 Não. E depois apanhava-se debaixo da oliveira e tirava-se os panos, juntava-se.

INQ1 Sim.

INF1 Tinha muita folha, muito ramo partido que caía de cima das oliveiras. Andavam dois homens, ou duas mulheres, ou duas pessoas [pausa] de lado, e depois juntava-se uma dum lado e outro [pausa] e começavam a peneirar assim com o pano. É claro, a azeitona, um chegava para baixo e a gente depois tirava a rama por cima, [pausa] para fora.

INQ1 Rhum-rhum.

INF1 Que era depois escolhido algum bago. Quem vinha era as mulheres atrás a apanhar os bagos que eram desperdiçados, quer dizer, que saltavam, qualquer banda, escolhiam aquela rama também e tudo. Ficava. E depois daí levava-se para dentro dum cesto. De ia para um monte. Fazia-se um monte. À tarde, estendia-se dois panos com umas canas espetadas ou com um pau a atravessar, preso, e uns panos, com uns baraços po- postos aqui nas pontas, atado. E depois ia o homem com uma a padejar daqui do monte de encontro ao vento. Quer dizer, a azeitona caía dentro do pano e e a folha caía, vinha-se embora para trás.

INQ1 Rhum-rhum.

INF1 Está a perceber como é?

INF2 Ficava a azeitona limpa.

INQ1 Limpinha.

INF1 Saía, claro, está aqui um monte e a gente depois, é claro, traziam aqui ao do monte, deitavam um capachinho um couchinho de azeitona ao, ao ao ar. Deitavam uma capachinha aquela cheia de azeitona ao ar, vinham logo o caminho para onde a folha caía. Vinha para aqui, o vento está dali, iam além. Se-, sete passos Sete passos que a gente marcava, que eu por acaso também tenho isso de ideia e também o fiz. Sete passos. Marcava, chegava , espetava uma estaca aqui, outra aqui, outra aqui. Punha um pau aqui a atravessar. Justamente aqueles panos que a gente punha, que que era para o padejador, que era panos mesmo do padejador, tinham uns baraços. Pois tinham três coisos.

INF2 Para atar ao ao pau.

INF1 Atava-se-lhe ao pau. Claro, ficavam estendidos e atado aqui assim, está a perceber? O pau estava aqui, fica assim aqui atado. O homem de acolá começa a apanhar. Põe-se ali com a e atira.

INQ2 Rhum-rhum.

INF1 Atira, mas não é atirar como se carrega um carro com as azeito- [vocalização] com terra. A gente para carregar um carro com terra, atira com a a direito para cima. Aquilo tinha que ser ao contrário. Tem que voltar a quando vai a no ar, vai assim, mas volta ao contrário. Volta para ali, que é para abrir a azeitona. Se o vento está Se vai assim a tombar para aqui, cai junta, não abre e o vento não a limpa, se por acaso quando o vento seja pouco. Não abre, tem que ser ao contrário: vai, atira com a azeitona e volta-a assim, a azeitona no ar. A azeitona no ar abre, faz leque, faz assim leque, a azeitona atira-se assim ao ar. Quer dizer, a gente faz a menção, não é atirar daqui a direito para além. Atira-na ao ar p-, para que, vai assim, para cair acolá.

INQ2 Para cair.

INF1 Claro, tira- alevanta um bocadinho ao ar. Pronto, essa está.

INQ1 Tem ciência!


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