INF No vazante de Novembro ou Dezembro, [pausa] a gente [pausa] semeia o tabaco. Porque dizem que [pausa] sendo com o enchente que a que espiga [pausa] que bota a sua espiga muito novo; e com o vazante, ele vai crescendo e cresce mais e depois de estar grado é que espiga. [pausa] A gente tem semeado mas depois então é preciso muitas cautelas. É preciso – assim que a gente vê cara de muita chuva –, é preciso abafá-lo, como como é o da neve. Em vindo neve, [pausa] ele vai-se embora; em novinho, vai-se todo embora, não escapa. E depois vai-se usando depois de ele então estar vingado. Está assim gradinho, duas ou três folhinhas, a gente vai a ele e tira-o para fora, [pausa] e vai para um viveiro, metendo um para ficar ralotezinho. E depois dali, de ele estar assim já grado, a gente tira-o e então vai plantá-lo no seu no seu sítio. E depois dali se vai usando. Quanto mais vezes é trabalhado, mais cresce. [pausa] E [vocalização] E depois de ele estar a querer botar a espiga, a gente vai a ele, tira-lhe a espiguinha para fora…
INQ E como é que ele é trabalhado?
INF É com a nossa enxa- A gente aqui é sacho. Com um sacho. E [vocalização] a gente tira-lhe a espiga, depois ele dá em deitar uns netos – que se voltam para baixo. Cada folha é um neto. A gente vai esgomando aqueles netozinhos para fora, para ele dir amadurecendo. O tabaco cria umas empolas, de amarelo – para ficar assim am- amarelo. Olhe a senhora, estas nódoas é daquelas empolas que aparecem. A gente vai a ele, corta-o; e depois trá-lo para… [pausa] Como é que hei-de dizer? A gente aqui chama lojas.
INQ Pois. É assim.
INF Passou para as lojas. E [vocalização] vai usando, vai batendo nele, e depois de ele estar seco, a gente esfolha-o e põe-no aqui. E depois a gente usa a fazê-lo então nestas torcidas… E há quem faz – que eu já fiz –, que é mais fácil, tirar assim este torinho, como eu disse aqui à senhora e lhe expliquei, e depois enrola assim, faz uns coisos assim compridos – uns rolos –, e depois com umas cordinhas, bem apertadas, é presa assim em cima no tirante, e a gente vai andando aqui com a cordinha. Andando sempre, vai sempre andando e vai sempre andando e faz uns rolos grandes. É mais fácil, é mais depressa que se arruma. Depois quando a gente quer usar, a gente vai a um pedacinho daquele rolo, corta, mete na algibeira e vai andando. Aquele gastou-se, a gente corta outro pedacinho. Mas [pausa] aqui, como eu estou assim entretido, vou fazendo é cá à minha moda: é umas torcidinhas e vamos cá amanhando. Pois.
INQ Em que altura é que apanha o tabaco?
INF O mês bom de o apanhar é em Abril, no mês de Abril.
INQ E depois quanto tempo está a secar?
INF Isso já é conforme, então: pode ser ele umas três semanas, pode levar um mês. Ele leva ainda uns, ainda leva.
INQ Ao sol ou na loja?
INF Não senhora. É na loja. Sendo ao sol, que eu tenho aqui dele que apanhou sol, mas apanhou por um esquecimento… Olhe a senhora, apanhando sol, que esteja fora, cria isto.
INQ Tché!
INF Cria estas nódoas negras e isto faz mal o tabaco. Bom é apanhadinho e trazê-lo para a, para a so- para a abrigada do tempo. E eu agora não…
INQ Pronto, já está explicado. E não tem que pôr adubos, nem nada no?…
INF Não senhora. O adubo, o tabaco não pega tanto bem.
INQ Mas estrume põe?
INF Estrumes, sim senhora. [pausa] Mas deitando adubo, o tabaco, depois a gente vai fumá-lo e não quer pegar bem. Isso então já foi experimentado! Cá agora o tabaco com o adubo cresce muito mais! Sim senhora.
INQ Mas não fica bom.
INF Mas não pega bem.