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PIC22

Bandeiras, excerto 22

LocationBandeiras (Madalena, Horta)
SubjectA casa de habitação
Informant(s) Carina
SurveyALEPG
Survey year1979
Interviewer(s)Manuela Barros Ferreira
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationSandra Pereira Márcia Bolrinha
LemmatizationMárcia Bolrinha

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INQ Olhe, e em cima da barra o que é que se põe?

INF Tenho o meu colchão Molaflex, [pausa] um ano ou dois. Que eu nunca tive, era a casquinha, lavada todos os Verães, e lavava-se o colchãozinho. Ai, ele! Quando a gente agarrava aquilo tufadinho, era a frescura do mundo! Mas agora então faz-se uma caminha muito fácil, porque então agora é o colchão Molaflex.

INQ Mas o que era isso da casquinha?

INF Era casca de milho! Casca de milho que a gente rachava-a e é que se metia dentro do colchão para a gente dormir. [pausa] Sim senhora.

INQ se usava a casca de milho?

INF Ai, e musgo, que ia para o mato se apanhar musgo para se meter dentro das almofadas e dentro dos dos colchões.

INQ Musgo seco?

INF Mas Musgo seco. Mas o musgo, acabando meia dúzia de meses, em enovelar e é penar. Era penar para se abrir, para a gente poder dormir na caminha mole. O musgo era assim, enovela muito, pois é uma erva depois de seca

INQ Olhe e o que se

INF E também se apanhava cabelinho; ia-se pelo mato, num feto, apanhava-se cabelinho; e depois a gente tirava aquele cabelinhozinho duma soca, e punha-se ao sol e enchia-se almofadas também para a gente dormir. Mesmo quando era para bebés, era tudo

INQ Não sei como é que é isso

INF O sumaúma. A gente abria aquela Aquilo é assim uma Como é que se diz? Imitante assim um [vocalização] o bog-. É um bogango, que a gente chama de bobine de seda. A gente abre e dentro tem aquilo, parece imitante como um figo. E a gente ia tirando aquele aqueles fiozinhos todos; aquilo abre, fica como como [vocalização] uma seda fina que era uma lindeza!

INQ Isso é que é a sumaúma?

INF Sim senhora. E a gente é que lhe metia nas travesseirinhas, para os bebés. E era deste cabelinho.

INQ E agora não usam isso?

INF Agora não se usa suja, porque agora é tudo esta [vocalização] esta espuma que se enche as almofadas. não usamos isso.

INQ Mas a outra era mais molezinha?

INF Era mais molinha. Claro que sim!

INQ Olhe e

INF E de penas de galinhas! Aproveitava-se as penas das galinhas e punha-se a enxugar e enchia-se almofadas.

INQ E colchões, não?

INF Colchões, não senhora. Era preciso ter muita galinha. Risos Ele para as almofadas, leva-se às vezes um ano. Quando se matava três ou quatro, se ia guardando para se encher uma!

INQ Olhe, quando a senhora se levanta Olhe, e por fora das almofadas o que é que costuma pôr para proteger a almofada?

INF Ai, ponho-lhe os meus bordados, ou umas rendinhas, ou uns bordadinhos. Assim é que eu faço.

INQ Mas tem assim uma, uma espécie de, uma coisa de pano que enfia dentro, enfia dentro a almofada?

INF Ah, isso é a minha [vocalização] fronha, que a gente enfia na almofada.

INQ E a senhora quando De manhã levanta-se e depois o que é que faz à cama?

INF Pego nas minhas almofadas, meto-as dentro do meu guarda-fato, e pego no meu travesseiro de dia, e faço a minha cama, e ponho o meu travesseiro.

INQ E quando faz a cama, o que é que põe na cama?

INF Ponho os meus lençóis, ponho o meu cobertor, ponho a minha colcha de , ponho um cobrejão que faço com a minha mão, depois ponho o meu travesseiro, e depois boto a minha colcha de seda para ficar a minha caminha feita , e duas almofadinhas que tenho também de propósito ali em cima.

INQ O cobrejão é de quê?

INF Olhe, é de bocados de saias, bocados de calças que a gente corta, faz uns quadradinhos. E depois eu alinho, e depois, durante o Inverno, vou-me entretendo aos serõezinhos, deitando o meu pontozinho. Chega-se mais para diante, um domingo ou um dia santo, eu, ele alinho, boto o meu forrinho por fo- por dentro de de um cretonezinho, boto a sua vira de lãzinha por fora e fica o cobrejão feito. E fica uma mancheia de centos poupados; se fosse um cobertor nas lojas saía mais caro e não me fazia tanto agasalho.

INQ E esse é o último que se põe, é?

INF A colcha de seda depois. Ah, mas no no cobrejão? É, sim senhora. Não se põe mais nada.

INQ Põe-se por cima dos outros cobertores?

INF Sim senhora.

INQ Olhe, e A senhora quando, depois de fazer a cama, depois de arrumar o quarto, o que é que faz? Ou por onde é que começa a arranjar a casa?

INF Eu [pausa] Faço a cama, e depois de fazer a minha cama, limpo o meu , e depois de limpar o meu , varro a minha casa. Assim é que eu faço.


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