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STE04

Santo Espírito, excerto 4

LocationSanto Espírito (Vila do Porto, Ponta Delgada)
SubjectOfícios, profissões e outras actividades
Informant(s) Isaltina Isménia
SurveyALEPG
Survey year1979
Interviewer(s)Gabriela Vitorino
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMélanie Pereira
LemmatizationDiana Reis

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INQ Olhe, e antigamente quando não havia electricidade, as pessoas às vezes tinham uma coisa com que se alumiavam. Uma coisa alta, branca, feita de cera

INF1 Ai, era. Chamava-se palmatória.

INQ Uma?

INF1 Palmatória.

INQ E o que é que punha dentro da palmatória?

INF1 Era uma vela. Mas, nalgum tempo era um triste meio de iluminação, mesmo! , [vocalização] faziam sebo. Com sebo de reses ou carneiro, derretiam. E depois tinham umas veleiras, umas uns canudos de de lata, as veleiras, como se chamavam. E depois derretiam aquele sebo, botavam aquelas velas amarradinhas assim com um paviozinho no meio dentro dum em água, numa infusa assim em que entrasse assim por cima aquelas velas, e iam enchendo de sebo. Aquilo talhava e aquilo é que era era a iluminação.

INQ E o que é que punham dentro da, da, do sebo, lembra-se?

INF1 Era Era um pavio da, da de torcida de algodão, torcer ali fios de algodão e faziam o pavio.

INQ Pois.

INF1 E [vocalização] E muitas vezes era derreter o sebo. Isso é que é bolo de sebo. E com um testo de, um testo

INQ Pois, de uma panela.

INF1 Sim senhor. Botava-se a bolada da daquele sebo, e com uma torcida de de trapo, dum pano branco, ia-se, ia-se acolá, ia-se acolá ia enrolando numa mesa qualquer onde a gente estava E outras vezes era com azeite de cagarro.

INQ Com azeite?

INF1 De cagarro. O meu marido quando chegava-se o mês de Agosto, Setembro e Outubro, a sua vida era ir para as rochas, que eu então temia daquilo! E ele trazia ali um avianço de cagarros! A gente até chegava a casa, deit- depenava-os todos. f- Depenava-os e depois deitávamos assim num remendinho, com palha de restolho de dos trigos por cima, fogueavam-se, tornavam-se a virar, do outro lado tornavam-se a foguear. Depois, quando fo- depois de fogueados, varria-se com uma vassoirinha. Tirava-se aquele azeite, tudo, ia-se tirando todo aquele azeite todo para uma

INQ Mas o azeite estava aonde?

INF1 Pois aquela pele tem o azeite do cagarro.

INQ Ah!

INF1 E depois aq- aquele azeite é derretido numa caldeira, ou numa panela, ou coisa, grande, e a gente a vai Ele quase todos os anos a gente arranjava seis canadas de de azeite de cagarro. Aquilo é ! Vai-se alumiar alumiar a fazer as nossas camisolas, de fiar ; a gente era sempre alumiava-se era com aquilo.

INF2

INF1 A gente morava na Castelhana. Eu não sei Aquele era um pobre meio de iluminação. E quando não era aquilo, que a gente tinha aquilo, não era com um candeeiro. Era esses candeeiros de

INQ Pois.

INF1 Era com uma grisetazinha os latoeiros 'fazem-a' [vocalização] de lata e com aquilo tão pequenino a gente fazia camisolas, fazíamos [pausa] tudo,

INQ Sim senhor.

INF1 fiar , e remendar, e fazer fiar estopa, fiar linho e essas coisas.


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