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STJ02

Santa Justa, excerto 2

LocationSanta Justa (Coruche, Santarém)
SubjectNão aplicável
Informant(s) Dalila
SurveyALEPG
Survey year1991
Interviewer(s)Ernestina Carrilho
TranscriptionSandra Pereira
RevisionErnestina Carrilho
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMárcia Bolrinha
LemmatizationDiana Reis

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INF E eu não devera de ter ido trab- apanhar tomate. Estou reformada.

INQ Pois.

INF onze anos. Mas pensei assim: "Os "Os ganhos são tão poucachinhos"! Ganhei vinte contos. Vai a gente assim, que é pouco

INQ Pois, pois. nos disseram que era

INF Pois. A gente diz: "É poucachinho". Mas é um é bom não os tirarem à gente, não é verdade?

INQ Sim.

INF É bom!

INQ Mas também têm a vida

INF Mas é poucachinho! Eu vou todos os meses a Lisboa ao médico, ao Hospital de Santa Maria.

INQ Pois.

INF vou onze anos. [vocalização] Ora, se a gente gasta dinheiro! Eu nunca vou sozinha, vou sempre com uma companhia. Sou acompanhada. Não posso ir sozinha. A gente gasta sempre. [vocalização] Nem que a Caixa pague alguma coisa, mas o dinheiro que vem assim é o nosso. [pausa] E eu pensei O meu homem está no desemprego ainda não um ano. Ele faz um ano para o mês que vem. Foi pa Está desempregado. Está desempregado, ele agora não foi trabalhar porque pronto! porque na porque não quis, que ele está dentro do tempo da reforma. Ele mete os papéis para a reforma. E depois para onde ele ir não lhe nem o papel do desemprego, compreende?

INQ Pois, pois, pois.

INF O tempo que falta para a reforma! Eles depois não lhe davam o papel de desemprego, ele ficava sem ganhar mesmo nada, nada, nada, nada!

INQ Pois.

INF E então não quis ir ao menos estas três semanas ou quatro.

INQ Pois! Se fosse, estava a ver que depois

INF Antes quis se manter à mesma com o dinheiro do desemprego, como estava, que é mais tempo agora até ser reformado.

INQ Pois.

INF E eu comecei-lhe a dizer: "Olha, vamos apanhar um tomatinho à caixa". Eu levanto-me melhor, mas eu não posso. E eu fui. Fui mais ele. Eu não devera de ter ido. Mas fui, que eu não sou fingida, não digo: "Ai, eu não fui", por causa dos gajos da Caixa que andaram e mult- tiram as reformas à gente. Eles Se eles ma tirassem, deixa que o meu médico tentava logo para ma dar, porque eu não posso fazer mais nada, nada, nada, nada! Eu fui. Olhe, fui, deu-me isto aq-. Uns calores muito grandes! E a gente íamos de manhã um bocadinho! Mas os calores muito grandes! Uma pessoa anda cansada de trabalhar, uma pessoa não pode! [pausa] Fui-me abaixo!


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