INQ1 Que outros, que outro cereal é que se cultivava além do trigo? Mais nada?
INF Trigo? Era cevada, centeio. [pausa] Cevada-branca, cevada, cevada cevada-aveia, centeio. [pausa] Mas então tinha uma coisa: quando se semeava de trigo, não se podia semear pragana.
INQ1 O que é a pragana?
INF É as outras searas – trigo; trigo ou centeio.
INQ1 Ah!
INF A gente emprega sempre aquele nome é de pragana.
INQ1 Portanto, pragana, é o centeio ou a aveia?
INF É aveia, é trigo, é tudo; é tudo pragana. Aquilo é tudo pragana. A gente, as praganas é [vocalização] tudo quanto é bago é de bago de coiso. E Mas a gente de-, dessa dessa seara que semeava trigo, do outro ano a seguir já não semeava lá cevada. Tinha sido pragana. Se Semeava-se favas. [pausa] Dava-se um ano de folga à terra [pausa] dessa seara e punha-se outra. Podia-se pôr milho, [pausa] podia-se pôr grão, podia-se pôr ervilhas. Dessa, dava-se folga Dava-se folga um ano. Depois ao outro ano podia-se semear outra vez [pausa] a [vocalização] o centeio, ou cevada, ou trigo. Nunca se semeava nenhum…
INQ1 Um ano era pragana, o outro ano era, era outra coisa?
INF Outra corte ou outra seara. Porque nunca dava, que a terra enjoa. [pausa] A terra ainda enjoa!
INQ1 …
INF A gente nunca pode [vocalização] A gente nunca pode estar a semear uma seara sempre no mesmo sítio, que a terra enjoa. É como a gente também enjoa o comer. Há comeres que a gente também enjoa.
INQ2 Se come sempre…
INF Se lhe come sempre! [pausa] Isso chama-se dar a folga.
INQ2 Pois.
INF Dá-se a folga à terra com outra seara.