INQ1 Quem é que faz o mel?
INF O mel? O mel é feito pela abelha.
INQ2 Era isso que a gente estava a perguntar e não…
INF Ah, era?
INQ2 Não soube explicar, eu.
INF É, é, se fala Se fala do mel, já eu sabia que era a abelha. Há outro bicho também comparado à abelha. Também faz o fe-, o, o o diabo do do pé do mel – que chama-se o chama-se o favo de mel, favo de mel! É a vespa.
INQ2 Pois.
INF Mas a vespa é brava. Morde. Ela morde a gente aí!… Mas também faz igual à abelha, [pausa]
INQ2 Pois.
INQ2 Rhum-rhum.
INF dentro dum dum barro, dum tijolo bago dum tijolo, duma coisa qualquer.
INF Mas é a abelha é que é mesmo para fazer o mel próprio, dentro dos cortiços.
INQ2 Isso.
INF A abelha [pausa] anda a trabalhar dentro, e vem beber… Depois, elas, quando se fogem, aquilo é agarrado [pausa] , aqueles enxames. Elas podem vir até aqui. Se houver um gajo que tenha habilidade para agarrar o enxame, agarra-o mesmo aqui a avoar.
INQ2 Pois.
INF E depois agarra, leva-o dentro dum dum saco e mete-o dentro dum cortiço, de- de cortiça [pausa] assim deste tamanho.
INQ2 Pois.
INF Depois aquele cortiço de de cortiça é tapado e tem um buraco ao meio, que é para ela trabalhar, e lá dentro é que faz o mel.
INQ2 Pois.
INF Depois aquilo é [vocalização], é [vocalização] é tirado por um homens que sabem tirar aquilo.
INQ2 Pois. Mas olhe, num?… Para, para haver um enxame é preciso haver uma abelha…
INF É a abelha-mestra.
INQ2 E o macho da abelha?
INF O macho, é [vocalização] é um a gente não o conhece, mas chama-se abelhas tudo.
INQ2 Chama abelha a tudo?
INF A ge- Tudo. Chama-se abelhas tudo. A gente não sabe lá diferençar agora se é macho ou se é… Aquilo é uma coisa brava!
INQ2 Sim?
INF Mas aquilo chama-se tudo abelhas. E tudo trabalha para o monte.
INQ2 Pois.
INF Aquilo tudo trabalha tudo trabalha para o monte, para o cortiço. Quer dizer que num enxame, todas elas trabalham dentro para o, para o, para o enx- para o cortiço.
INQ2 Pois.
INF E depois aquilo só aquilo, quer dizer, faz o mel; e aquilo só come é as flores do mato!
INQ1 Exactamente.
INF É as flores do, do, que que elas encontram po- por o campo. A abelha só vive é da flor do da flor do mato e da flor do campo.
INQ2 Pois. Exactamente. Olhe, e quando elas picam?…
INF Quando ela pica,
INQ2 Deixam uma coisa, que é o quê?
INF quando ela fica o ferrão. Fica o ferrão da da mão da gente, faz logo um inchaço logo – ou da cara.
INQ2 Pois.
INF Põe a cara num trambolho.
INQ2 Exactamente.
INQ1 Olhe, antigamente eram os cortiços. Agora já se usam umas casinhas?…
INF Agora usa-se isso em ci- em cimento. Em cimento.
INQ2 Rhum-rhum.
INQ1 E como é que se chamam essas casinhas?
INF Aquilo é, é O nome que eles dão àquilo é o [vocalização]… Cá era cortiços de cortiça, e agora aquilo é… Dão-lhe outro nome. Parece que é depósito. Parece que é depósito.
INQ1 E além do mel o que é que elas dão?
INF Além do mel? Não dão mais nada. Eu não conheço mais nada.
INQ2 Sim, elas fazem uma coisa também.
INF Elas As
INQ2 Que se faz depois aquelas velas, da igreja?
INF É a cera. [pausa] Mas isso é tirado do favo do mel, [pausa] a cera. Depois de tirar o mel [pausa] é que depois a cera vai para isso, que é aquela coisa do favo do mel.
INQ1 Pois.
INF Pois, isso é quando…
INQ2 O senhor já viu tirar o mel?
INF Já. Aquilo é
INQ2 Sabe como é que se chama essa?…
INF Aquilo, aquilo, aquilo Aquilo é tirado mel com o favo do mel todo. Depois aquilo é tudo espremido.
INQ1 E sabe com que é que se corta o favo?
INF Eles cortam aquilo com uma faca.
INQ1 E quando estão a deitar aquele fumo, diz que estão a quê?
INF [vocalização] O fumo é para a abelha para a abelha [vocalização] desaparecer.
INQ1 Diz que tem quê?
INF E às vezes ainda vão e levam cada dentada! É pela cara, é pelos olhos! Eles, às vezes, levam uma caraça! Levam a cara tapada!
INQ1 Levam?
INF É, é. Porque aquilo elas galgam em cima de deles que é terrível!
INQ2 Pois.
INF E aquilo é tirado, quase sempre, é é do escuro, é de manhã cedo. Aquilo não se pode estar a tirar pelo calor [pausa] porque [vocalização] elas galgam em cima delesde, de, deitando dia! Aquilo é só por o escuro.
INQ2 Pois. Portanto, não, não conhece nome nenhum que dêem a isso, quando se vai o tirar o, o mel da, dos favos?
INF É crestar. O nome que se dá àquilo é crestar o mel. É crestar as colmeias.
INQ2 Sim, senhor. Pois.
INF É.
INQ2 E a, e a dito, o dito instrumento, não se, não, não conhece outro nome?
INF Não lhe conheço outro nome. Quando se vai Quando se vai fazer daquele serviço é crestar o as colmeias.
INQ2 Pois.
INF Mais nada. É só o que eu conheço é aquilo.