INF As pessoas agora não têm consciência. Comia-se um porco… Criava-se um porco dentro duma corte, punha-se-lhe um arganel de de arame no focinho para ele não… Que era cortes de terra. E [vocalização] E se dava umas abóboras, dava-se-lhe umas cascas de batata, que eles nem batatas tinham ordem de comer.
INQ Pois.
INF Eram umas ervas do jerro que se apanhavam nas bordas. É a bolota, pelo tempo da bolota, que eu não não… Eu não sou de cá. Eu estou aqui há…
INQ Ai, o senhor não é de cá?
INF Estou aqui há quarenta e sete anos…
INQ Ai, mas é de aonde?
INF Sou daqui perto.
INQ Ah!
INF Sou de Pêro Negro. Conhece Pêro Negro?
INQ Sim. É aqui ao lado?
INF É [vocalização] a cinco quilómetros, se tanto.
INQ Sim, sim, sim.
INF Mas havi- há ali uns grandes matos largos onde a gente vivia e havia muita bolota carvalheira.
INQ Sim.
INF E a gente andava sempre à bolota. Com o vento, a bolota caía e a gente aproveitava todos os dias a bolota para dar aos porcos.
INQ Pois.
INF E cri- E levava um ano a criar um porco!
INQ Pois.
INF E era a carne, o toucinho era cozido com o feijão… [vocalização] A minha mãe, quando a gente ia espreitar, estava a cozer com com o feijão, o toucinho estava no fundo. O toucinho agora a cozer está no ao cimo.
INQ Pois.
INF Parece algodão em rama.