INQ1 E não há um ditado que se diz, se a víbora ouvisse e o?…
INF É. [vocalização] Se Não. Eu ouço dizer é que se a gente… Apanhando a… Vamos lá ver, se se conseguir apanhar uma víbora, que dá sorte.
INQ2 Ah!
INQ1 Pois, mas nunca ouviu uma lenga-lenga que se dizia "se a ví-"?…
INF A cabeça da víbora. Eu já vi uma!
INQ1 Pois.
INQ2 Já viu?
INF Eu uma vez vi uma. Tem duas cabeças!
INQ2 Ah!
INF A víbora tem duas cabeças! Quer dizer, é o género disto assim, um bocadinho mais larga, e tem duas cabecinhas.
INQ2 Ah!
INF Forma quase uma… E tem uma orelha de rato, uma orelhinha de rato, quase que parece… E canta que tal e qual uma có- uma có-có: cré-qué-qué-qué, cré-cré-qué-qué, cré-cré-qué-qué-qué, assim na bordas dos ri-, dos ri- dos regueiros ou dos rios.
INQ2 Ah!
INQ1 Vamos lá a ver se… E é venenosa, é?
INF É venenosa.
INQ1 É orelhas de ga-… É orelhas de rato. Não sabia.
INF Nunca ouviram isso?
INQ1 Eu estava-lhe a perguntar era, porque há nuns, nuns sítios, em muitos lados diz-se: se a víbora ouvisse e o outro visse, não havia quem, quem resistisse…
INQ2 Quem resistisse.
INF Não sei. [vocalização] Não. Diz que a, a, a [vocalização] a víbora, o canto dela que encanta!
INQ2 Ah!
INF O canto dela! E que quem tiver uma a cabeça da víbora que tem sempre sorte. Assim é que eu tenho ouvisto dizer. Agora de resto…
INQ2 Pois, não sei.