INQ O ferreiro, ele quando batia no ferro, quando queria bater o ferro, tinha uma, um pau com um ferro para cima, que era para poder bater no ferro, não é?
INF [vocalização] Um pau, não. Era um martelo.
INQ Sim. Mas batia em cima de quê? Onde é que ele punha o ferro?
INF O cavalete. , [pausa] O cavalete.
INQ E como é que?… Que forma é que tinha esse cavalete? Veja lá se o senhor se lembra.
INF [vocalização] Eu tenho – até para lhe dizer –, devo ter o cavalete [pausa] melhor [pausa] que pode aqui haver na redondeza.
INQ Rhum-rhum.
INF O que eu não tenho é aqui.
INQ Pois. Mas portanto…
INF Tenho aqui na quintazinha em cima.
INQ Rhum-rhum. Era um pau redondo em baixo? Não?
INF Não!
INQ Como é que era, então?
INF O cavalete [pausa] é [vocalização] é uma bigorna [pausa] – por exemplo, desta largura, não é? –,
INQ Rhum-rhum.
INF dum lado, fazia uma parte redondo e doutro lado ficava [pausa] em quina, para avivar, assim em bico.
INQ Em quina? Rhum-rhum.
INF Porque havia lugares que tinha que se bater [pausa]
INQ Du-… Pois.
INF duma maneira… Da parte redonda, para se arredondar qualquer peça que seja preciso.
INQ Mas o… O senhor falou na bigorna. A bigorna era aquela parte, aquela parte de ferro, que ficava em cima do cavalete, era?
INF Sim. A bigorna é uma peça mais pequena. Mas é também… É uma bigorna, pronto.
INQ Sim.
INF Espécie do cavalete. Mas o cavalete é o que é pesado, uma coisa p- fixa…
INQ Rhã-rhã.
INF Porque no tempo dos ferreiros, que se faziam as enxadas, [pausa] às vezes, eram três martelos, três [vocalização] tipos, e aquilo era preciso também saber, [pausa]
INQ Claro.
INF conforme vinha dali para fazer a têmpera, porque não não havia as soldas como hoje há, nem os aços. Era parte em ferro e parte em em aço. Depois aquilo, dali era caldeado. Era o [vocalização] mestre com um martelinho a compor e eram dois martelos: tãe-tãe, tãe-tãe-tãe, tãe-tãe-tãe! Aquilo faziam ali uma música! [vocalização]
INQ Mas aqueles… Aqueles grandes com que eles batiam o ferro, como é que chamava?
INF [vocalização] Era espécie de [vocalização] martelões. É mar- É martelo de ferreiro.
INQ Martelo de ferreiro.
INF Martelão de ferreiro.
INQ Martelão.
INF Martelão de ferreiro.
INQ Eu só… Eu só não percebi, o cavalete também tinha aquela parte em ferro para cima?
INF Pois.
INQ Só que era maior do que a bigorna?
INF Pois.
INQ Era isso? Mas…
INF O cav- O cavalete [vocalização], bem, o que eu lá tenho, tem, por exemplo, esta altura – daqui da mesa assim em cima.
INQ Sim.
INF Pois. [vocalização] Pesa aí uns duzentos quilos.
INQ Mas a diferença do, do cavalete para a bigorna é que a bigorna era mais pequena.
INF A bigorna é uma coisinha mais leve [pausa]
INQ Mais leve.
INF que se transporta para qualquer lugar e serve para o la- para o latoeiro, serve para o ferreiro, serve para coiso.
INQ Rhum-rhum. Mas o…
INF Até para esses caldeireiros que andam aí por as ruas… Também trazem uma bigorna.
INQ Qual é a diferença do latoeiro e do caldeireiro?
INF Bem [pausa] a diferença [vocalização] ainda é é muita.
INQ Diga… O que é que um faz e que é que o outro faz?
INF O caldeireiro [pausa] é o que faz caldeiros, cântaros e essas coisas assim.
INQ Rhum-rhum.
INF E, praticamente, o latoeiro é o que trabalha nos metais amarelos.
INQ Rhum-rhum. Sim senhor.
INF Que é o que faz a- [vocalização] que faz alambiques,
INQ Por exemplo, se fosse… Ah!
INF que faz regadeiras que faz todas essas coisas. [pausa] É isso que o senhor aí tem?