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FIG30

Figueiró da Serra, excerto 30

LocalidadeFigueiró da Serra (Celorico da Beira, Guarda)
AssuntoO ferreiro e o ferrador
Informante(s) Apeles

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INQ O ferreiro, ele quando batia no ferro, quando queria bater o ferro, tinha uma, um pau com um ferro para cima, que era para poder bater no ferro, não é?

INF [vocalização] Um pau, não. Era um martelo.

INQ Sim. Mas batia em cima de quê? Onde é que ele punha o ferro?

INF O cavalete. , [pausa] O cavalete.

INQ E como é que? Que forma é que tinha esse cavalete? Veja se o senhor se lembra.

INF [vocalização] Eu tenho até para lhe dizer , devo ter o cavalete [pausa] melhor [pausa] que pode aqui haver na redondeza.

INQ Rhum-rhum.

INF O que eu não tenho é aqui.

INQ Pois. Mas portanto

INF Tenho aqui na quintazinha em cima.

INQ Rhum-rhum. Era um pau redondo em baixo? Não?

INF Não!

INQ Como é que era, então?

INF O cavalete [pausa] é [vocalização] é uma bigorna [pausa] por exemplo, desta largura, não é? ,

INQ Rhum-rhum.

INF dum lado, fazia uma parte redondo e doutro lado ficava [pausa] em quina, para avivar, assim em bico.

INQ Em quina? Rhum-rhum.

INF Porque havia lugares que tinha que se bater [pausa]

INQ Du- Pois.

INF duma maneira Da parte redonda, para se arredondar qualquer peça que seja preciso.

INQ Mas o O senhor falou na bigorna. A bigorna era aquela parte, aquela parte de ferro, que ficava em cima do cavalete, era?

INF Sim. A bigorna é uma peça mais pequena. Mas é também É uma bigorna, pronto.

INQ Sim.

INF Espécie do cavalete. Mas o cavalete é o que é pesado, uma coisa p- fixa

INQ Rhã-rhã.

INF Porque no tempo dos ferreiros, que se faziam as enxadas, [pausa] às vezes, eram três martelos, três [vocalização] tipos, e aquilo era preciso também saber, [pausa]

INQ Claro.

INF conforme vinha dali para fazer a têmpera, porque não não havia as soldas como hoje , nem os aços. Era parte em ferro e parte em em aço. Depois aquilo, dali era caldeado. Era o [vocalização] mestre com um martelinho a compor e eram dois martelos: tãe-tãe, tãe-tãe-tãe, tãe-tãe-tãe! Aquilo faziam ali uma música! [vocalização]

INQ Mas aqueles Aqueles grandes com que eles batiam o ferro, como é que chamava?

INF [vocalização] Era espécie de [vocalização] martelões. É mar- É martelo de ferreiro.

INQ Martelo de ferreiro.

INF Martelão de ferreiro.

INQ Martelão.

INF Martelão de ferreiro.

INQ Eu Eu não percebi, o cavalete também tinha aquela parte em ferro para cima?

INF Pois.

INQ que era maior do que a bigorna?

INF Pois.

INQ Era isso? Mas

INF O cav- O cavalete [vocalização], bem, o que eu tenho, tem, por exemplo, esta altura daqui da mesa assim em cima.

INQ Sim.

INF Pois. [vocalização] Pesa uns duzentos quilos.

INQ Mas a diferença do, do cavalete para a bigorna é que a bigorna era mais pequena.

INF A bigorna é uma coisinha mais leve [pausa]

INQ Mais leve.

INF que se transporta para qualquer lugar e serve para o la- para o latoeiro, serve para o ferreiro, serve para coiso.

INQ Rhum-rhum. Mas o

INF Até para esses caldeireiros que andam por as ruas Também trazem uma bigorna.

INQ Qual é a diferença do latoeiro e do caldeireiro?

INF Bem [pausa] a diferença [vocalização] ainda é é muita.

INQ Diga O que é que um faz e que é que o outro faz?

INF O caldeireiro [pausa] é o que faz caldeiros, cântaros e essas coisas assim.

INQ Rhum-rhum.

INF E, praticamente, o latoeiro é o que trabalha nos metais amarelos.

INQ Rhum-rhum. Sim senhor.

INF Que é o que faz a- [vocalização] que faz alambiques,

INQ Por exemplo, se fosse Ah!

INF que faz regadeiras que faz todas essas coisas. [pausa] É isso que o senhor tem?


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