R&D Unit funded by

GIA22

Gião, excerto 22

LocalidadeGião (Vila do Conde, Porto)
AssuntoA saúde e as doenças
Informante(s) Cosme Cunegundes

Javascript seems to be turned off, or there was a communication error. Turn on Javascript for more display options.


INF1 Mas era sempre E depois, sabe como é, [pausa] [vocalização] aquilo aquilo era prejudicial.

INF2 Era um tempo

INF1 Era uma alimentação muito diferente. Se aquilo Eu estou convencido se a alimentação de agora fosse [pausa] a que era quando eu nasci, metade da gen- da gente tinha morrido.

INQ1 Rhum!

INF2 Mas naquele tempo duravam [pausa] até aos cem anos!

INQ1 Rhum!

INF2 E ele comiam isso, que era era carne gorda, toucinho

INF1 Pois era.

INQ2 Os que escapavam! Os que escapavam!

INF1 Mas a senhora não sabe porquê?

INQ1 Os que escapavam!

INF1 A senhora não sabe porquê? A senhora não sabe donde é que vem a doença?

INF2 Não sei, não.

INF1 Eu digo-lhe porque é muito simples. A gente é que não por ela. É que naquele tempo era a comida , mas era o ar [pausa] bom.

INF2 Sim. Agora não.

INF1 E agora, é o ar fraco e a gente Eu não tenho balança para pesar, mas parece-me que é bem melhor o ar bom do que a comida.

INQ1 Pois.

INF1 É que muita gente pensa-se que o maior perigo

INQ2 Não é o ar. É a água também

INQ1 Pois.

INF1 A água! Mas o ar é essencial

INQ1 Pois.

INF1 e é o que se respira a todo o momento. Basta dizer que não se pode estar muito tempo sem ar.

INF2

INF1 E o ar está completamente como a água do rio.

INF2 Do rio, pois é.

INF1 O ar está todo estragado, todo estragado.

INQ1 Pois é.

INF1 E é daí que é doenças disto, doenças daquilo, é doenças nos gatos Dantes os gatos e os cães, quantos ficassem, quantos se não matassem quando nasciam, morriam depois de velhos ou de acidente.

INF2 É, é.

INF1 Não havia exemplo dum gato doente, nem dum cão doente, nem nada disso.

INQ2 Pois. Porque eles tinham defesas.

INF1 Depois apareceu [vocalização] a coisa. Como é que se chamava aquilo, nos cães, quando foram vacinados?

INQ2 A raiva?

INF1 O danado. A raiva. O danado. Mas aquilo felizmente acabou.

INQ1 Rhum-rhum.

INQ2 muito tempo que

INF1 muitos anos que não exemplo dum cão danado. [pausa] Hoje

INF2 É.

INQ2 Por exemplo, agora está.

INF1 Mas quer saber uma coisa, minha senhora?

INQ2 Perdem-se umas doenças, ganham-se outras.

INF1 Quer saber uma coisa? Morreram muitos cãezinhos

INF2 A senhora é capaz de estar no sol ?

INQ2 Não faz mal

INF1 A senhora chegue-se mais para dentro um bocado que eu disse para estarem à vontade.

INQ2 Não, não problema.

INF1 Pode passar aqui para este lado.

INQ1 Eu, por mim, estou óptima!

INQ2 Eu, eu sei, mas

INF1 Estejam à vontade.

INQ2 Estou à vontade.

INF1 Sabe uma coisa?

INQ2 Diga.

INF1 Morreram muitos cãezinhos que estavam tão danados como eu, [pausa] percebeu? E morreram por danados. Mas o danado era a fome, percebeu? É que isso também não era como agora. Dantes um cão vadio morria à fome e não levava muito tempo. Começava a andar com a pele e com os ossos que não arranjava nada em lado nenhum, que não se botava nada fora. [pausa]

INQ1 Pois.

INF1 E os cães vadios, que eram muito menos os cães vadios do que agora Porque agora zonas com cadelas com ninhadas de cães todos gordos, todos todos gordos, vadios.


Download XMLDownload textWaveform viewSentence view