LUZ18

Vale Chaim de Baixo, excerto 18

LocalidadeVale Chaim de Baixo (Odemira, Beja)
AssuntoA casa de habitação
Informante(s) Cirilo

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INQ Como é que se faz a taipa?

INF Então, a taipa. Ora, como é que se faz a taipa? A taipa faz-se com terra.

INQ Com qualquer terra?

INF Não. Isso sendo com qualquer terra, mas assim próprio, próprio propriamente não é com qualquer terra.

INQ Rhum.

INF Com aquela terra barrenta, [pausa] terra barrenta, mesmo terra barrenta, que essa é que é a terra de taipa. Como essa que está nessa terra , essa é terra de taipa.

INQ Esta, por exemplo, aqui?

INF Sim. Essa é terra de taipa. uma terra mais [vocalização] mais negra, essa não é terra de taipa.

INQ E depois como é que construíam com aquilo?

INF Como é que construíam? Então faziam: chegavam num bocado num bocado de terreno. Diziam assim: "Vamos aqui fazer umas casas"! Pois. Abriam uns caboucos na volta de [vocalização] meio metro e depois enchiam de pedra e barro. Não se Cavavam [vocalização] uns bocados de barro, um bocado de terra, ali assim num moitão, escolhiam-lhe as pedras, e depois [vocalização] faziam uma cova ali ao meio, deitavam-lhe uma gota de água ali para dentro e começavam a amassar com uma enxada. Pois, amassavam aquilo muito bem, tal e qual como quem amassa cal ou areia, pois, como quem amassa areia para o cimento. É a mesma coisa. E depois de aquilo estar amassado, carregavam então para o donde esses tinham tinham os caboucos abertos, para o do do pedreiro, pois. E tinham pedras. Carregavam pedras nas carroças, nas carretas de bois.

INQ1 Mas pedras grandes?

INF Pois, pedras grandes e metiam ali em volta, grandes e pequenas, aquilo era tudo em volta. Metiam ali tudo. E depois começavam a [vocalização] a encher os caboucos, a encher, a encher, a encher; aquilo era tudo alinhado com uns fios, com uns prumos, [pausa] aquilo era tudo alinhado. Pois. E depois até havia umas réguas também. [pausa] E depois aprumavam aquilo ali assim, que aquilo estando aprumado, aquilo quando tendo uns talvez uns cinco ou dez centímetros de fora da terra, [pausa] assim do do limite do chão,

INQ1 Sim, sim.

INF afirmavam então depois a taipa. Mas a taipa, depois a terra era cavada e passada toda [vocalização] aos [vocalização] cavaletes. Ficava toda passada aos cavaletes. E depois regavam, iam regando. [pausa] Iam regando nela com um regador, regando, regando, e depois iam passar nela outra vez com uma enxada quando a terra estivesse passada, não estivesse mole; [pausa] estivesse passada, sim, que estivesse passada.

INQ2 Rhum-rhum.

INF Depois armavam então, acareavam dois tai-, um, dois taipais. Acareavam [pausa] Cada taipal tinha uma agulha. Pois. Essas agulhas tinham uma tarraxa. [pausa] Pois.

INQ1 Uma agulha, quer dizer, um género dum parafuso, é?

INF Pois. Chamam-lhe uma uma agulha.

INQ1 Pois, pois.

INF Quer dizer, uma agulha

INQ1 Está bem, está bem.

INF Chamam-lhe uma agulha mas é um é um pau comprido.

INQ1 Ah!

INQ2 Rhum-rhum.

INF1 Pois.

INQ1 Mas de madeira então?

INF1 Era de madeira.

INQ1 Rhã-rhã.

INF Pois. Nesse tempo era de madeira. De madeira E aqui assim tinha um buraco [pausa] e aqui tinha outro. Pronto. Se a parede era com meio metro, [pausa] tinha tinha aqui um buraco e aqui tinha outro. E depois havia uma chamava-lhe a gente uma tarraxa.

INQ1 Rhum-rhum.

INF Metia ali assim e havia depois os as mestres das tarraxas [pausa] que metia aqui assim Metiam?! Armavam, punham os taipais aqui em cima.

INQ1 Rhum.

INF Pois. Dois taipais: um dum lado, outro doutro. Punham aqui um, [pausa] punham aqui outro. Armavam em cima dos caboucos. E depois de estar armado em cima dos caboucos ? , tinham aqui as agulhas, estavam aqui as agulhas, estavam assim, metiam um taipal aqui.

INQ1 Pois.

INF1 Aquilo [vocalização] era era de metro a metro, os taipais. Era de metro a metro.

INQ1 Rhum-rhum.

INQ2 Rhum-rhum.

INF1 Pois. Conforme armavam aquilo ali, [pausa] tinham umas cordas depois por cima para atar [pausa] as mestras, as o coiso, chamavam-lhe as mestras, metiam ali assim, [pausa] faziam força àquilo, apertavam aquilo e pronto! E depois tinham também um frontal [pausa] para meter dum lado. Dum lado não tinha frontal nenhum, mas doutro lado tinha um frontal, que era do lado que ficava sempre do lado de fora.

INQ1 Pois.

INF Pois. E depois [vocalização] como tinha o frontal, metiam o frontal assim daquele, de da parte de Se seguiam para o lado direito, punham o frontal do lado direito; se saíam para o lado esquerdo, punham o frontal do lado esquerdo.

INQ1 Rhum-rhum.

INF1 Pois. E depois punham ali assim e depois havia uns malhos. Uns malhos. [pausa] Uns malhos de pau, assim lajos,

INQ1 Rhum-rhum. Sim.

INF grandes. Pois. Assim um ponto, assim como este livro. [vocalização]

INQ1 Assim como este livro?

INF Pois, assim como este livro. E os malhos eram assim.

INQ1 Rhum-rhum.

INF Pois. Assim. Um bocado assim bicudinhos, assim o coiso, e , punham-se dois, dois homens dentro.

INQ1 Dentro mesmo desses taipais?

INF Dentro Dentro desses taipais. E outro a carregar terra com umas alcofa. Com uma alcofa. Um Quem diz um, diz dois, conforme. Conforme a lonjura que era: se fosse perto, um sozinho dava a conta; e se fossem se fosse mais longe, dois, carregavam dois. eram quatro: dois a bater dentro e os outros dois [vocalização] coiso. E . [pausa] Batendo ali dentro nos taipais. Era como aquela Era como essas paredes que estão ; ou é como àquela que está além.

INQ2 Pois, pois, pois.

INF Pois. Batendo além, toca de bater. ? Quando aquilo estando batido, então armavam os taipais, tiravam as agulhas Tiravam uma .


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