MIG10

Ponta Garça, excerto 10

LocalidadePonta Garça (Vila Franca do Campo, Ponta Delgada)
AssuntoO porco e a matança
Informante(s) Amílcar Amoedo Amós

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INQ1 Agora outro assunto: o pequenino do porco, da porca quando acaba de nascer é o quê?

INF1 É um [vocalização] Como é o nome daquilo?

INF2 O bacorinho.

INF1 A gente tratam o bacorinho.

INQ1 E depois quando é maiorzinho.

INF2 Ou um leitão.

INF1 É [vocalização] um marrãozinho. Ou [vocalização]

INQ2 Desculpe , como é que o senhor disse também? Bacorinho ou então?

INF1 Ou leitão também.

INF2 Então, ou ou um leitãozinho, ou um bacorinho. À maneira que vai crescendo vai tendo outros nomes.

INF1 Mas aqui se tratavam muito era bacorinhos. Bacorinhos. "A porca teve tantos bacorinhos"!

INQ2 E quando eram um bocadinho maiores eram?

INF1 eram ele marrõezinhos.

INF3 Não era sempre bácoros? Era sempre bácoros.

INF1 Era sempre bácoros até vender. Até

INQ2 É sempre?

INF1 Bácoros. Bácoros. [pausa] Até vender! E depois eles cresciam mais: "Ah, tenho um marrãozinho"! [vocalização] a gente criavam

INF3 Até oito semanas era bácoro. E depois era marrão, depois de oito semanas.

INQ2 Portanto, primeiro era bácoro e depois era?

INF1 Era [vocalização] marrãozinho.

INQ2 Mas se fosse

INF1 Um marrão. Marrãozinho. Eu estou dizendo marrãozinho porque era mais pequenino. Um marrão é ma- mais grande.

INQ1 Mas, e se for Se fosse um macho, era um bácoro. E se fosse uma fêmea, era uma?

INF1 Era Ele era uma marroazinha.

INQ1 Uma?

INF1 Uma marroa. Ou uma bácora. Uma bácora fêmea. Ou [vocalização] uma marroa.

INQ1 E quando eram bácoros, ainda, para comerem, fazia-se uma coisa de madeira ou em, ou em cimento, baixinho, que era para eles poderem comer

INF1 É um [vocalização] gamelão. Um gamelão em madeira.

INQ1 E aquilo que se punha no focinho deles para eles não?

INF1 Um garnel [pausa] para lhe eles não foçar.

INF2 Para não foçar.

INQ1 Como é que é?

INF1 Uma ve- Um garnel.

INF2 Uma vergazinha.

INF1 Agora não se usa isso porque os currales são todos acimentados. Mas no tempo usava-se muito isso.

INQ2 Desculpa. Costumava-se chamar leitão ao que estava morto? Ao, à carne para comer?

INF1 [vocalização] Havia gente que matavam leitãos quando se [vocalização] novos. E tratavam isso era um leitão: "Vamos comer hoje um leitão".

INF3 Nunca foi hábito.

INF1 Mas mui- não era muito hábito aqui, não é?

INQ2 Ah!

INF1 Agora é que f- vão usando mais. "Ai, vou Ai, hoje vai-se matar um leitão" Se a gente É um leitão. É um marrãozito grande, novo, pois aproveitam e é que fazem o leitão, comem aquilo. Depois

INQ2 Mas é uma coisa recente, agora? É uma coisa de agora?

INF1 é muito é de agora. Isso é de agora. No tempo não não usavam isso.

INQ2 Pois.

INF3 Isso é mais Isso é mais um costume importado do Continente. Isso é: os continentais a virem para e a gostarem muito do leitão e habituaram também os açoreanos também a comer leitão.

INQ1 Sim senhor.

INQ2 Os açoreanos não comiam leitão? Não comiam bácoro?

INF2 Não comiam disso. Isso não se preparava.

INF1 Não senhora. Aqui era muito raro. Ele era muito raro.

INQ2 grande?

INF1 Era grande. [vocalização] Criavam aquilo de um ano, um ano e tal. Até havia no tempo que criavam porcos de quatro anos. Para ca- Isso é que fazia um bom porco! De quatro anos!

INF2 Não. Ele não!

INF3 Sim, sim. O porco para ser saboroso tem que ter anos como pés.

INF1 Como pés. Exactamente.

INQ2 Como é que é?

INF1 O porco para ser saboroso [vocalização] ele, a o conduto de porco, a comida dele toda ele é para ser ele deve ter anos como pés. Quatro anos! E, no tempo, havia muitas casas a nossa casa era uma delas que matava era sempre porcos de quatro anos.

INF2 Era quatro anos.

INF1 Agora não. É de ano, é de meses, [pausa] matam e comem

INQ2 Pois.

INQ1 Para, para matar, havia alguém que era especialista?

INF1 Havia, sim senhor. Isto é matador, isto é matador, isto é trabalha nos porcos que é uma maravilha! Eu não sei traba- Não sei trabalhar nada em porco. Ele até não gosto de ver matar.

INQ2 Pois.

INF1 Não, por enquanto, não gosto de ver matar.


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